Prólogo

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Tudo começou quando eu tinha cinco anos... minha avó morreu instantaneamente e meu pai se foi na mesa de cirurgia após o táxi em que estavam ter colidido com um caminhão.
   
Eu estava com uma babá quando ela me trouxe ao hospital. A expressão da médica responsável pela cirurgia era aterrorizante. Ela tinha tentado o melhor. Ela não quis dar a notícia para mim, ficando responsável para uma psicóloga que estava lá me contar o que tinha acontecido.
   
Fui enviado ao orfanato da minha pequena cidade natal alguns dias depois. Um prédio escuro e um muro alto me receberam de braços abertos, junto com o sorriso de Madre Carmen.

O contraste da melancolia aparente daquele lugar com o brilho das ondas da praia local pareciam muito aconchegantes. Minhas primeiras semanas foram um pouco difíceis. Tinha problemas para dormir e demorei para me acostumar com o ambiente.
   
Comecei na escola cedo, sendo ótimo em todos os quesitos. Leitura, escrita, coordenação motora, mas nunca conseguindo reconhecer cores. Eu não sabia entender o conceito delas.
   
O orfanato e a igreja juntaram dinheiro o suficiente para agendar uma consulta em uma clínica oftalmológica. Eu tive um certo trauma de médicos após o acidente que tirou a vida das pessoas que eu mais amava. Acreditava realmente que médicos não eram pessoas legais.
 
- Greg, iremos no médico de tarde. Você faltará na escola hoje - Madre Carmen disse enquanto fazia cafuné em minha cabeça - Você deve estar contente por não precisar ir à escola, eu acho.

- Eu gosto da escola! Não quero ir! - Resmunguei enquanto corria para o quintal.
   
- Gregory, volte aqui!
   
O portão principal do orfanato estava aberto. Um entregador estava fazendo a entrega de doações de alimentos. Enquanto ele pegava mais caixas, eu sai em disparada.
   
Olhei para os lados e pensei: "Para onde eu vou?". Olhei para frente e tive certeza de um destino: a praia. Apenas descendo o morro, pude desfrutar da água gelada em meus pés.

A brisa gélida e a areia quente criavam o clima perfeito para um refúgio na praia.

O vestido de Madre Carmen balançava no sentido do vento e sua expressão jovem e delicada estava ali para encantar qualquer um.

- Pequeno Greg, eu sei que você não tem boas lembranças de médicos, mas você tem que entender que eles querem seu bem, você não pode fugir de seus deveres.

- Eu não quero ir. Não gosto de médicos.

- Gregory, ninguém quer seu mal. Venha comigo. Alguma vez já quis algo que iria ferir você ou outra das crianças? - sempre que Carmen usava meu nome todo, eu sabia que ela não estava tão calma e que talvez, eu deveria escutar ela.

- Tá bom! Mas só se você me prometer que ele não irá me machucar!

- Oh, meu Deus! Eu prometo, Greg...

- De dedinho?

- De dedinho, - nossos mindinhos se cumprimentaram - agora vamos, se não iremos perder o ônibus!

- Certo!

De mãos dadas, subimos em marcha rápida o morro que levava à uma rua de pedra, onde seguindo mais um pouco, iríamos chegar ao ponto de ônibus. Ele estava parado quando chegamos, como se nos esperasse.

- Madre, posso ir na janela?

- Com certeza.

- Madre, o que o médico irá fazer comigo?

- Alguns exames para testar sua visão e algumas perguntas também.

- Mas minha visão é boa! Estamos indo ao médico por qual razão se vejo bem?

- Você não reclama que seus olhos ardem e que você não consegue ver quando é exposto à luz? Fotofobia normalmente é um sintoma de alguma doença, como astigmatismo.

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