Capítulo 7

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Era noite de natal, eu estava tão empolgada, feliz e apaixonada ao mesmo tempo, que me arrumei como se só existíssemos eu e Javier no planeta. 

Mas a família de Angela, como de costume, veio até nossa casa comemorar conosco, sempre foi assim, natal na minha casa e ano novo na casa deles. 

Terminei minha maquiagem e desci com o coração acelerado, todos já estavam reunidos na sala de estar, conversando e dando risadas. Javier estava encostado na parede, segurando uma taça de vinho branco, seus olhos encontraram os meus e foram calmamente me observando de cima a baixo. Dei um sorriso para ele e suspirei. 

- Meu Deus! Você está linda! -disse Paulinho enquanto me abraçava.

- Obrigada!

- Amiga! Você está um mulherão! Com certeza deixou ele de queixo caído! -exclamou Angela.

- Fala baixo sua doida! -pedi.

- Ah, é! Quase esqueci que ele é seu tio. -sussurrou.

Levei os dois para a área da piscina, longe de todos, e contei tudo o que tinha acontecido entre nós. Eles ficaram surpresos com os detalhes da história. Me aconselharam a tomar bastante cuidado com essa situação, ainda mais dentro de casa. Mas uma pessoa perdidamente apaixonada, como eu estava, não dá ouvidos a conselhos nessas horas.

 Logo após, seguimos para a ceia e a troca de presentes. Tudo muito tradicional e ás vezes entediante. 

- Vamos dançar um pouco! Liga o som! -pediu Angela.

- Ótima ideia! -concordei.

Colocamos em uma playlist aleatória, bem eclética e dançamos bastante. De repente começa uma música antiga, lenta, um pouco familiar e romântica. Meus pais começaram a dançar juntinhos, abraçados, Paulinho estava com Angela e os pais deles também. Todos tinham um par. Menos eu. Preciso agir logo! Pensei. 

Então virei para perguntar se Javier queria dançar comigo e para a minha surpresa, ele já estava bem atrás de mim:

- Parece que só restou nós dois. Quer dançar comigo? -perguntou enquanto estendia sua mão.

- Está me convidando para dançar por pena? -brinquei.

- De forma alguma. Estou te convidando porque seria uma honra dançar com a mulher mais bonita do mundo. -sussurrou no meu ouvido.

Sorri e agarrei seus ombros, suas mãos repousaram em minhas costas e nossos olhos diziam tudo o que não podíamos falar um para o outro naquele momento. Ele, de forma muito respeitosa, tomou uma certa distância, afinal, não éramos um casal comum. Mas eu estava tão plena, transbordando de felicidade, que com certeza não existia ninguém mais feliz do que eu. Foi o melhor dia da minha vida! Não fizemos sexo, não nos beijamos, mas a nossa conexão era tão forte que nos comunicávamos pelo olhar. Não sei explicar, só sentir. 

Infelizmente a música acabou depois de alguns minutos, mas para mim, aqueles poucos minutos valeram muito. Não trocaria por nada nessa vida.

A noite seguiu animada, continuamos dançando, brincando e bebendo. Já eram quase quatro da manhã quando nos despedimos dos Heyes e fomos para a cama. 

Meus pais subiram pra dormir primeiro, Javier foi logo em seguida, eu terminei de ajeitar as coisas e subi as escadas. Quando abro a porta do meu quarto, encontro ele lá dentro. Não deu nem tempo de perguntar o que ele estava fazendo ali, quando me viu, veio imediatamente ao meu encontro. Beijou-me com tanta paixão, com tanta doçura, apertando minha cintura e colando seu corpo no meu. Envolvi uma de minhas mãos em seus cabelos, enquanto a outra foi deslizando pelo seu peito, sua barriga, até chegar em seu membro que já estava ereto.

- Aqui não! Seus pais podem nos pegar! -sussurrou afastando minha mão.

- Então o que você veio fazer aqui? -perguntei.

- Vim dizer que estou louco por você e te desejar feliz natal! Boa noite minha linda! -respondeu caminhando até a porta.

- Boa noite! -sussurrei.

Mal consegui dormir, estava em êxtase! Então ele também estava sentindo algo por mim. Eu não estava sonhando. Era uma realidade. Uma situação muito complicada, mas mesmo assim, o sentimento era real. 

Ao acordar no dia seguinte, com um sorrisão estampado no rosto, desci correndo para tomar café, mas não o encontrei e seu carro também não estava estacionado lá fora. Estranho.

- Bom dia filha! 

- Bom dia pai! Dormiu bem? -perguntei.

- Sim e você?

- Muito bem! -exclamei.

Não consegui disfarçar minha felicidade e empolgação. Estava me segurando para não perguntar por Javier e deixar transparecer alguma coisa. Foi quando minha mãe disse:

- Ah, seu tio saiu cedo e disse que tem uma surpresa pra gente!

- Sério? Aonde ele foi? -não aguentei de curiosidade.

- Na rodoviária. -respondeu.

Fazer o que na rodoviária? Pensei. 

Estava ficando angustiada olhando as horas no celular e nem sinal dele. Passaram mais uns quarenta minutos, não conseguia mais controlar minha ansiedade, até que vi seu carro estacionando pela janela da cozinha. Fui imediatamente para a sala, fingir que estava vendo televisão, só para encontrá-lo. Escutei a porta abrir e virei-me com um sorriso que pouco a pouco foi se apagando. 

Ao lado dele, havia uma mulher alta, morena, sorridente e bonita. Segurando uma mala preta. 

- Você deve ser a Sara! -exclamou.

- Sim, e você? Quem é? -perguntei indo em sua direção.

- Sou a Patrícia! É um prazer conhecer você!

Fiquei sem reação enquanto ela me abraçava como se já me conhecesse há muito tempo.

- Chegou finalmente! -exclamou meu pai.

- O trânsito estava terrível! Deixa eu te apresentar, essa aqui é a Patrícia, minha namorada. -disse Javier enquanto fazia as apresentações.

Eu sinceramente não ouvi mais nada a partir daquele momento, meu mundo tinha desabado. Senti uma dor muito forte no coração, fiquei em pleno silêncio. Uma mágoa enorme crescia dentro de mim. Foi como se um carro estivesse em alta velocidade e de repente batesse com força em uma parede de concreto. 

Quer dizer que esse tempo todo ele tinha uma namorada? Estava apenas brincando comigo? 





Meu tio, minha paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora