Ainda é estranho encarar o seu rosto na TV.
Nem mesmo agora quando suas coisas estão embaladas e encaixotadas ao lado da minha cama e que reluto contra minha vontade de desviar meus olhos daquele amontoado de palavras sem significância e descobrir q...
Eu soube que ela estava na cidade por conta de Lee hyung.
— Não deveria nem te contar isso, mas quero que saiba de uma vez e pense bem antes de fazer qualquer bobagem!
Ele disse, depois de entrar em meu estúdio no fim do expediente e passar o papel bonito por cima de minha mesa de trabalho, me fazendo prender a respiração por um segundo antes de ler as informações e descobrir que noonim estava ali, debaixo do mesmo céu.
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O panfleto da sessão de autógrafos do seu livro continuou escondido no bolso de minha calça durante toda a volta para a casa, quando me perguntei se valia a pena aparecer por lá, disfarçado, sem que ninguém soubesse de mim, somente para vê-la de longe. Eu ficaria satisfeito em somente observá-la brilhar. E fui teimoso o suficiente para seguir o meu próprio coração. Tomei a rota premeditada porque já havia decorado o endereço. Eu sabia de cor a ordem dos prédios daquela avenida. Uma sequência intercalando entre azul, amarelo, rosê e cinza, dois maiores, um menor e o outro com letreiros luminosos em vermelho que podia ser visto de qualquer lugar da cidade, que naquele momento se misturavam em cores indistinguíveis debaixo da tempestade. A rota constantemente feita passando por aquele endereço me permitia decorar pequenos detalhes que, agora, me enchiam de uma animação involuntária e esperançosa, tudo parecia estranhamente novo e inédito porque ela estava ali, estava perto. A livraria Starfield ficava a 10 minutos da empresa caso eu pegasse um atalho pela rua de trás, era uma decisão ruim. Impulsiva. Sabia que se fosse visto, arruinaria um dia especial para Noonim, colocaria em risco outras coisas sagradas demais para ela, mas queria tanto vê-la que me convenci da ideia de somente passar diante do prédio, sem nem mesmo ousar entrar, quem sabe me esgueirar contra o vidro na tentativa de vê-la de relance.
A moto deslizou pelo asfalto molhado quando me aproximei, a chuva ainda despencava forte, mas um grupo de pessoas tiravam fotos diante do banner com o seu rosto ao lado das portas frontais da livraria, na parte de dentro. Seus olhos verdes estavam desfocados por conta do excesso de água contra o vidro, mas seu rosto lindo ainda brilhava.
Caminhei até as portas e observei o espaço cheio lá dentro, sem nenhum sinal dela. Mas Watanabe-ssi estava lá, ainda reconhecia o seu cabelo colorido de azul e roxo, então sabia que ela em breve chegaria, se já não estivesse ali, em algum lugar distante demais da minha sorte.