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Outubro.
Era um Outono chuvoso e sem cor quando meu coração sentiu novamente aquela sensação inquietante ao ouvir a voz de Jeon através do telefone, avisando-me que estava de volta.
A voz doce e num tom quase sorridente, repetindo que chegaria em um daqueles vôos da madrugada, enquanto numa oração silenciosa eu desejava que as horas corressem um pouco mais rápido para que pudesse finalmente tê-lo comigo. Aquele era o provavelmente o menor espaço de tempo entre suas visitas, pouco menos de um mês desde sua última vinda e a sensação era de que aqueles dias duraram como anos.
Akari, minha colega de trabalho, repetia que eu era uma boba apaixonada e aquele era o efeito que o amor tinha sobre mim: como se corações vermelhos pudessem sair dos meus olhos a qualquer momento sempre que eu ouvia o nome dele. Talvez essa possibilidade estivesse descartada, mas eu sabia bem que algo em mim mudava completamente quando Jeon estava de volta para os meus braços.
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O saguão frio e iluminado do aeroporto estava - praticamente - vazio, alguns encontros casuais e pessoas aparentemente cansadas cruzavam as portas de vidro, mas nenhuma delas era Jungkook. Checava a toda hora os os horários de desembarque dos voos de Seul para Tóquio, desejando que ele estivesse em algum daqueles aviões e de volta para mim, pronto para me envolver em um abraço caloroso e super protetor em algum lugar daquele espaço, fazendo aquela sensação de felicidade preencher o peito e formigar os dedos, e fiz e refiz aquela cena mentalmente tantas vezes, que quando o avistei atravessando os portões, parecia obra de minha imaginação. Mas era ele, era Jungkook ao vivo e a cores.
A súbita vontade de correr para os seus braços, de tocá-lo e certificar de que não estava sendo mais uma vez enganada pela falta que sentia dele, contudo não durou muito. As mãos bonitas dele entrelaçando as minhas, sem que nenhuma palavra fosse dita foi mais do que suficiente para dizer todas as coisas que não podiam ser vocalizadas naquele espaço, naquele momento, com tantos estranhos ao nosso redor. Para nós, as palavras vinham sempre em último caso, quando nossos olhares, toques e entendimento um do outro não eram capazes de expressar o que sentíamos.
No táxi, na volta para casa, uma música boa tocava no rádio intercalando com a previsão do tempo que indicava chuvas durante todo aquele fim de semana, era pouco mais de duas da manhã e sentia como se meu corpo estivesse sendo resistente ao cansaço até aquele momento. No escuro dos bancos de trás, Jeon dormia sob meu ombro, os braços entre as coxas e a respiração tranquila, como se estivesse confortável o bastante para cair num sono profundo, enquanto eu assistia a chuva forte escorrendo pelas janelas do carro, agradecendo por tê-lo comigo.
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Esparramado nos lençóis da cama, ainda com os cabelos úmidos e usando calças de moletom, Jungkook brincava com Berry, enquanto eu terminava de me trocar. Achava engraçado aquele tom infantil que usava sempre que segurava Berry no colo, e as conversas sem sentido que tinha com a meu respeito, e era muito sortudo de Berry gostar tanto dele quanto eu. Eu sorria, ouvindo sua voz carregada de infantilidade enquanto ele enchia Berry de afagos.
— A noona tem sido uma boa mãe, Berry-ah? O papai está de volta!
Ouço os pés de Jungkook sobre o piso de madeira, caminhando até mim, e conseguia vê-lo pelo reflexo do espelho do banheiro. As mãos cercaram minha cintura, usando aquela força inabitual e a boca veio diretamente para minha orelha: "Noona malvada". Sorri pelas cócegas que o som das palavras fizeram, e o encarava através do reflexo enquanto penteava os cabelos.
— A noona é tão linda...
Ele disse, olhando para mim através do espelho. As palavras atravessaram meu cérebro causando um frenesi de sentimentos, parecia sempre que estava o vendo, sentindo, ouvindo, pela primeira vez, como se a cada vez que ouvia sua voz, meus sentidos ficassem um pouco mais aguçados. A mão de Jungkook puxou meu cabelo delicadamente para o lado oposto, beijando meu ombro e subindo pelo pescoço e nuca, fechei os olhos para me concentrar na quentura de seus lábios em minha pele, enquanto sua mão buscava apoio em minha cintura, talvez para me manter de pé, já que estava prestes a derreter, ou simplesmente para que eu não fugisse dele, como se sair dali fosse uma opção.
Seus dentes deslizaram delicadamente pela pele fina de meu pescoço, e meus dedos instantaneamente encontraram seus cabelos macios, enquanto eu permitia que ele ficasse ali o tempo que considerasse necessário. As mãos fortes e habilidosas demais deslizaram de minha cintura para meus seios com a mesma velocidade em que finalmente me permiti encontrar seus lábios quentes. Ele parecia febril, a pele queimava e os lábios ardiam naquela necessidade que tínhamos um do outro, a pele nua de seu peito esquentava o tecido de minha camiseta, que parecia pesada e desnecessária naquele momento, e não demorou muito para que Jungkook também se livrasse dela.
Nossos pés encontraram sozinhos o caminho até a cama, assim como nossas bocas sabiam exatamente os caminhos a seguir por toda a pele. Jungkook era um céu repleto de estrelas, e eu cartografava cada uma delas, mapeava e traçava rotas pela pele, contornando as linhas e limites celestiais imaginários do seu corpo inteiro, enquanto me livrava daquele moletom desnecessário que ele ainda usava. Seus dedos contornaram cada uma de minhas curvas, dedilhando a tatuagem de flores em meu braço, beijando, lambendo, tocando e venerando cada pedaço meu, com aquela sensação que estava descobrindo-me pela primeira vez, porque a cada volta, sempre parecia eternamente novo.
Eram quase quatro da manhã quando o céu despencou lá fora, e Berry aninhou-se junto a nós dois na cama. Jungkook estava completamente nu, coberto apenas pela manta macia de nossa cama, adormecido, o rosto sereno e o sono profundo e sem preocupações me deixava aliviada, assim como tê-lo de volta naquele espaço que parecia seguro novamente porque ele estava ali. Deslizei as mãos sobre os cabelos soltos para todos os lados, e seu corpo preguiçoso puxou-me para perto, e não havia porque temer mal algum, Jungkook estava comigo.
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Hanami, 365 dias de Primavera.
Teen FictionAinda é estranho encarar o seu rosto na TV. Nem mesmo agora quando suas coisas estão embaladas e encaixotadas ao lado da minha cama e que reluto contra minha vontade de desviar meus olhos daquele amontoado de palavras sem significância e descobrir q...