Decepção

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16 de abril de 1824.

Colin

O baile das Featherington havia sido um sucesso! Com toda certeza Lady Whistledown iria publicar em sua coluna alguma fofoca calorosa sobre o evento. Estava tudo dando certo para as Featherington: Portia havia conseguido garantir o sustento de suas filhas, Phillipa estava prestes a se casar, e Prudence com certeza iria conseguir um marido na próxima temporada, agora que seu dote estava garantido.

Mas então por que eu não conseguia mais ver Penélope no baile?

Estava à procura de Pen para me despedir. Amanhã vou viajar novamente. Mamãe não consegue mais evitar o assunto de casamento comigo. Estou me sentindo péssimo com toda essa história, e depois de tudo o que aconteceu com Marina... Pensar em ter meu coração partido de novo me assusta.

Não estou pronto para arranjar uma esposa apenas para me casar. Quero me casar por amor, como meus pais. Só que agora não estou pronto para amar, não mais. As únicas mulheres possíveis na minha vida agora são minha mãe, minhas irmãs e... bom, Penélope.

Já estava quase dando minha hora quando avistei os serviçais de Penélope. Quase todos os convidados já tinham ido, e queria me despedir de Pen com mais calma. Não havia avisado a ela que iria viajar, e queria contar pessoalmente.

Pedi a um dos empregados para chamá-la. Alguns minutos depois o homem aparece e diz que Penélope já havia se recolhido. Fiquei decepcionado, pois queria dar um abraço de despedida em minha amiga, mas não tem problema. Agradeci e fui para Aubrey Hall

Penélope

Enquanto Colin a procurava, Pénelope chorava e chorava em seu quarto. Sabia que não era a mulher mais esbelta do mundo, mas não esperava ouvir de Colin tais palavras.

"Jamais me cortejaria?", pensei. Sempre soube que meu amor por Colin nunca seria correspondido, mas aquilo doeu tanto. Acho que uma parte de mim, bem no fundo, tinha esperanças. Mas agora, me sinto completamente...

O quê? Não há nada dentro de mim agora. Sinto como se tivesse levado um soco no peito e não tivesse restado nada lá.

Chorando assim, com meus pensamentos e cansada demais para escrever, adormeci.


17 de abril de 1824.

Penélope

Eram apenas 6:05 da manhã quando o sol entrou pelas janelas do meu quarto, batendo no meu rosto de forma suave. Senti seu calor em minhas pálpebras e a leve brisa em meu rosto. Era uma linda manhã. Levantei-me da cama para admirar o campo afora, e por um instante, me esqueci de tudo o que havia passado.

Foi um momento delicioso onde pude sentir todo o meu corpo, cada pulsação do meu coração. Respirei fundo e simplesmente permaneci ali. Acho que eu estava precisando mesmo daquele momento, pois meus olhos projetaram pequenas e pesadas lágrimas. Mas eu estava bem. Surpreendentemente bem. Só precisava desabafar um pouco.

Pensei em Eloise. E como se nossos cérebros estivessem conectados, alguns instantes depois, o Sr. Alec anunciou minha amiga na sala de espera. Sr. Alec trabalha para minha família há alguns anos, um senhor de não mais de 60 anos. Não gosto de chamá-lo de empregado ou criado, como mamãe e minhas irmãs fazem.

Agradeci ao Sr. Alec e pedi para que dissesse a Eloise que em alguns instantes eu desceria.

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Quando desci, esperava encontrar somente Eloise, mas Colin também estava presente. Eu não fazia ideia do porquê ele viria à minha casa depois de dizer aquilo. Será que viu que eu escutei?

Colin

Estava ansioso para contar da minha viagem para Penélope. Ia viajar para Chipre, a cidade que sempre quis conhecer e que tantas vezes sonhei com minha melhor amiga. Quando éramos pequenos, prometi a ela que a levaria comigo se um dia chegasse a conhecer. Gostaria muito de ter Pen comigo...

Na viagem, eu digo. Claro. Me perdi nos meus devaneios.

Quando percebi, acabei rindo e Eloise me olhou sem entender. Adoro minha irmãzinha. Ela e Pen são muito amigas. Éramos nós 3 quando crianças. Penélope, Eloise e eu. Mamãe nos chamava carinhosamente de "Os 3 mosqueteiros".

Fui tirado de minhas lembranças pelo Sr. Alec, que pediu que esperássemos por Penélope.

- Pen! – disse Eloise feliz em ver a amiga. Porém, no instante em que foi a abraçar, parou. Ficou de frente para a amiga e levantou seu rosto com os dedos no queixo. Seu rosto estava inchado do choro da noite anterior.

- O que houve, Pen? – perguntou a amiga. – Andou chorando?

A pergunta de Eloise parece ter despertado a atenção de Colin, que assim que assimilou, voou para Penélope e a segurou pelo rosto:

- Pen? O que aconteceu? – perguntou Colin preocupado com a amiga.

- Nada, está tudo bem. – disse Penélope num sorriso torto e tirando delicadamente as mãos de Colin do seu rosto. Por mais que quisesse deixá-las lá, o toque dele só pioraria as coisas.

- Tem certeza, Pen? – Perguntou Colin.

Eloise me olhou desconfiada. Ela sempre sabe quando algo me acontece. Depois retomo o assunto com ela. Mesmo assim, respondendo à pergunta de Colin com um aceno positivo, se falasse iria chorar novamente. Para mudar de assunto, perguntei no que eu poderia ajudar os dois. Eloise disse que gostaria de passar a tarde comigo, o que fazemos quase todos os dias. Já Colin disse que gostaria de um momento a sós comigo. Comigo? O que ele quer conversar comigo que Eloise não pode saber?

Ele pediu, e Eloise nos deixou a contragosto, sabia que não faríamos nada, é claro, mas era muito ciumenta comigo. Soltei um sorriso percebendo isso.

E em um instante, estávamos lá. Apenas Colin e eu.

Fome de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora