"Dia do Alfred"

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Era o dia do Alfred na Mansão Wayne, ou como Jason chamava, "O Dia do Vovó".

Todo ano, no mês de dezembro, os Wayne davam uma "folga" para o mordomo. Não eram como as férias que ele tirava de quatro em quatro anos, ou as cinco verdadeiras folgas que ele tinha de ano em ano, era mais como uma mistura de aniversário com dia dos pais. O Dia do Avô. Então, como em todo ano no dia primeiro de dezembro, Alfred deve merecidas horas a mais na cama enquanto Bruce e seus filhos - tentavam - preparar o café da manhã. Não é como se aquilo fosse uma tarefa difícil, mas quando a maioria não tem costume de cozinhar e briga por qualquer coisa, ela se torna.

- Pela vigésima quinta vez, Tim, não podemos colocar café no bolo - Jason gritou, não alto o suficiente para acordar o mordomo que tinha a audição perfeitamente capaz de absorver os sons de confusão de suas crianças.

- Mas tudo melhora com café. Sem exceções!

- Com muitas exceções!

- Por favor, parem de gritar, vão acordá-lo - Dick interviu, tentando terminar de preparar o suco.

Os outros dois garotos se olharam em desafio, mas ficaram quietos, voltando a suas tarefas.

Enquanto Jason colocava a massa dos bolinhos na forma de cupcake com a ajuda de Damian e os deixava no forno, Tim mexia os ovos na frigideira e Dick terminava de espremer as laranjas para o suco natural. Bruce observa aos filhos do seu lugar - arrumando a mesa, porque essa era a única tarefa que eles confiaram a ele, por razões óbvias.

- Agora, é só esperar - o garoto de mecha branca disse, tirando Damian da bancada (onde havia o deixado para ajudá-lo a preparar a massa dos bolos).

Dick colocou a jarra dentro da geladeira depois de adoçar, e Tim desligou o fogo após terminar os ovos mexidos (com direito a tomate e queijo misturados com eles).

Dick se sentou ao lado de Jason bocejando.

- Quanto tempo demora para assar esses bolinhos mesmo?

- De 15 a 20 minutos.

- Quanto tempo mais o Alfred vai ficar dormindo?

- Normalmente ele fica dormindo 20 minutos a mais no Dia do Alfred, no máximo 23 - foi Tim quem respondeu.

Eles ficaram conversando e brincando para esperar tudo ficar pronto. Bruce quase não pegou o celular para checar algo da Wayne Enterprises, quase, no máximo ele o usou umas seis vezes.
O temporizador do forno apitou vinte minutos depois, o cheiro doce e saboroso da baunilha invadiu as narinas de todos quando Bruce abriu-o para tirar a forma de dentro. Como Jason era quem sabia o ponto certo da massa e quem mais tinha dotes culinários ali, foi ele quem observou minuciosamente os bolos e decidiu que estavam bons.

Eles tinham mais três minutos para arrumar tudo, por tudo na mesa.

Tiraram o suco da geladeira, depois pegaram os pratos no armário e serviram os ovos neles, torradas foram colocadas do lado da jarra em uma cesta pequena, os bolinhos também foram arrumados em cima da mesa.

Dois minutos depois eles ouviram passos na direção da cozinha.

- Bom dia, Alfred! - cada um deles cumprimentou.

- Bom dia mestres. Patrão.

- Venha, sente aqui.

Tim empurrou gentilmente o mordomo para se sentar. Claro, aquilo não era totalmente preciso agora, Alfred já havia se acostumado com tudo depois de tanto tempo com dias como aquele. 1° de Dezembro havia se tornado um dia para ele esquecer um pouco toda a elegância, mas nem tanto assim.

Os garotos colocaram o prato com ovos mexidos a sua frente com duas torradas e encheram um copo com o suco de laranja.

- Obrigado, garotos - ele sorriu fazendo os outros sorrirem. Era bom ver Bruce, seu filho de consideração, e os meninos, seus netos, tão bem e querendo o fazer bem.

Ele não ligaria se todas as suas folgas fossem assim, ou se nas férias eles viajassem todos juntos ao invés de o deixarem ir sozinho porque "você precisa de um tempo para si, Alfred". Sim, ele precisava, mas ele amava tanto sua família que não ligaria se não tivesse essa paz sem as brigas deles. Secretamente ele ficava com saudades de toda essa confusão que eles arrumavam.

Se tudo fosse como esse dia era, como ele foi, ele não reclamaria. Não reclamaria de experimentar os doces que Jason fazia, porque ele sabia que o garoto amava confeitaria e quase nunca tinha a oportunidade. Não ligaria de ouvir Dick repreender os irmãos, exatamente como aprendeu com Alfred, e às vezes o próprio pai. Ou como Bruce deixava tudo sobre as empresas de lado apenas para ficar com a família.

Ele adorava sair com eles para feira e, até mesmo, para o shopping. Mesmo que ele odiasse a escada rolante, vê-los correr um do outro e parecerem crianças em lojas de brinquedo enquanto procuravam algo para ele valia a pena.

Alfred negaria até a morte que realmente riu quando seu patrão começou a lamentar "Onde foi que eu errei?" quando seus garotos começaram uma guerra de batatas fritas no meio da praça de alimentação. Oh, ele se lembrava das coisas que passou com Bruce naquela idade.

Então, não, ele não liga ou reclama.

E porque? A resposta é a mais simples que pode ser: é porque ele ama seus garotos, todos eles. Sua família.







. . .

Faltam só dois capítulos para essa fic acabar 🥺

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