Edric e Hunter

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Quando era mais jovem, todos os dias depois da aula eu descia a rua e encontrava Ed e Em na frente da Glandus. Então, seguíamos para casa de ônibus ou a pé. Apesar de ser um trajeto de ônibus de apenas dez minutos, eu tinha que aumentar o volume do meu fone quase no máximo, mas se eu tivesse que ouvir aquelas crianças todo santo dia, acreditava que enlouqueceria.

Ainda assim, apesar do meu boicote de dois anos ao ônibus, comecei a pegá-lo de novo na quarta-feira para fazer companhia aos gêmeos, e não tem sido tão ruim até aqui. Tivemos uma boa oportunidade de falar sobre as coisas. Gosto de conversar com eles.

Bem, hoje é sexta, e Luz decidiu que vai para casa comigo. Isso é legal, para dizer a verdade.

Em e Viney estão à minha espera na frente da Glandus.

Elas vêem quando Luz e eu nos aproximamos.

— Certo. — Viney assente, com as mãos nos bolsos.

— Certo — repito.

Ela observa Luz. Me lembro que elas ainda não foram apresentadas.

— Luz Noceda. — diz minha futura cunhada em potencial.

— Você é Viney Victery.

— Sim, ouvi falar de você. Você tem má fama.

— Sim, pois é. Sou incrível.

— Radical.

Luz sorri.

— Viney Victery. Você tem um nome excelente.

Viney ri daquela maneira calorosa dela, quase como se ela e Luz fossem amigas há anos.

— Pois é. Não tenho?

Grupos de alunos da Glandus passam por nós, correndo por motivos inexplicáveis, enquanto o trânsito se mantém.

Coço a testa, agitada.

— Onde está o Edric?

Em ergue a sobrancelha e se vira na direção da escola.

— Ele esqueceu alguma coisa e voltou lá pra dentro para buscar.

— Amity!

Eu me viro. Willow está vindo na minha direção, com os cabelos esvoaçados atrás dela.

Quando chega, ela diz:

— Hunter disse que tinha que ir a Glandus para pegar algo do ano passado, um livro ou coisa assim, então vou esperar com vocês.

Emira está olhando para ela com uma expressão que não entendo.

— O que vocês estão fazendo aqui?

— Esperando o Edric. — digo.

— Ah, sim.

— Devemos entrar para encontrá-lo? — sugere Emira. — Ele está demorando muito.

Mas nenhum de nós se move.

E, como se as coisas não pudessem ficar mais esquisitas, Boscha aparece do nada.

Emira parece demorar um pouco para processar sua presença.

— Boscha! Oi. — elas trocam comprimentos.

— O que vocês estão fazendo aqui? — pergunta Boscha, fingindo não ver Luz.

— Esperando o Ed. — diz Em.

— Esperando Hunter. — replica Willow.

— Por que não vão à procura deles? Preciso entrar para pegar meu livro de artes.

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