CAPÍTULO 12

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     Ainda não consigo acreditar que realmente beijei dois garotos em um intervalo de segundos, ou melhor: ELES ME BEIJARAM!! E mesmo que já tenha passado algumas horas, é como se ainda conseguisse sentir a maciez e o calor dos seus lábios contra os meus. Meu coração está bastante afoito desde aquele momento, o que me deixa mais embaralhado ainda. Como uma coisa daquelas poderia ser tão boa?! Quer dizer, duas pessoas grudando suas bocas não deveria ser nada de mais, não é?! Então porquê estou me sentindo como... Como se estivesse nas nuvens?!

     Eu meio que passei o rosto do dia sem conseguir parar de pensar nisso, com meu corpo inteiro meio febril e sensível, repassando na minha cabeça várias e várias vezes tudo que aconteceu desde que os dois manés chegarem até aqui, lembrando das sensações e soltando longos suspiros. Gostaria de dizer que não fiquei nem um pouco abalado, mas dormir com uma conchinha dupla e ser beijado daquele jeito foi muito bom. Tão bom que ainda não consigo acreditar.

    Acho que só levantei do sofá pra comer e tomar banho, mal percebendo as horas se passarem, mas depois de acordar de um rápido cochilo, me dou conta de que já anoiteceu. Eu pulo do sofá e caminho até o meu quarto, pretendendo tomar um banho rápido e trocar de roupas. Passo uns 15 minutos apenas lavando o meu cabelo e ensaboando cada centímetro do meu corpo várias vezes, mas quando enfim saio do banheiro, é como até minha alma estivesse sido lavada.

   Eu visto uma calça confortável e um suéter grosso e macio, além de um par de meias grandes para manter os meus pés quentinhos. Estou quase me lançando na cama para ficar jogando algum joguinho aleatório no meu celular quando ouço umas batidinhas na janela, me fazendo lembrar subitamente de que os dois safados iriam aparecer aqui. Como pude esquecer disso?!

     Caminho para fora do quarto olho para a janela da sala, encontrando os dois abaixados lado a lado do outro lado do vidro, encarando o interior do meu apartamento como um bando de loucos. Eu reviro os olhos e caminho até lá, fazendo uma nota mental de colocar cortinas nessa janela outra hora. Abro a janela e abaixo-me para encara-los, recebendo dois beijos na bochecha automaticamente.

     — Já está pronto, Ottinho? O meu carro está estacionado lá na rua. — Tyler diz, me fazendo engolir em seco. Eu poderia simplesmente dizer que não vou? Sim, mas a verdade é que eu meio que quero ir. Ficar perto deles é bom, e acho que estou pagando com a minha língua por tê-los afastado no começo.

     — Vou pegar meus sapatos. — Digo, antes de voltar para o quarto e procurar meu velho par de all stars, encontrando-os debaixo da minha cama. Eu calço os sapatos apressadamente e volto para a sala, já sentindo uma onda de excitação cruzar o meu corpo devido à proximidade, também sentindo ondas de euforia através da ligação. Os dois se afastam da janela para que eu consiga passar por ela, subindo no batente e caindo de forma desajeitada na varanda da do outro lado.

     — Você nunca usa a porta da frente, baby? — Kai pergunta, dando-me um abraço apertado por trás. Tyler me abraça também, espremendo meu corpo entre os seus dois peitorais. Kai está vestindo uma calça de moletom e uma camisa branca, enquanto Tyler está com mais uma das suas habituais combinações meio góticas. Ele também está com uma calça de moletom (preta, obviamente) e uma camisa vermelho escuro repleta de pequenas caveirinhas. Os dois estão absurdamente cheirosos e quentes, me fazendo soltar um suspiro baixinho.

     — S-só uso quando estou carregando alguma coisa que não passe pela janela. — Explico, fazendo-os rirem e me abraçarem com ainda mais força, antes de começarem a me puxar até a escada da saída de incêndio.

     — Vamos lá, Ottinho? — Tyler diz, abrindo um sorriso largo e radiante, mostrando suas pressas pontiagudas. Seu cabelo está solto, fazendo as mechas pretas e meio onduladas caírem ao redor do seu rosto como uma cascata.

    — Vamos. — Digo, então nós começamos a descer a escada espiralada. Tyler vai me frente, eu vou no meio e Kai vai atrás de mim, segurando a minha cintura com as duas mãos como se estivesse com medo de eu escorregar. Já fiz esse trajeto centenas de vezes com os olhos fechados, mas deixo suas mãos grandes alí, porque a sensação é bem gostosa.

    Quando chegamos até o beco entre os dois prédios, eles me conduzem até a rua, onde há um carro preto esportivo estacionado. Tyler abre a porta para que a gente entre, abrindo um pequeno sorriso convencido, como se estivesse satisfeito em me levar até o seu apartamento, exatamente como uma raposa conduzindo um coelhinho para dentro da sua toca.

    Kai e eu entramos no carro, então o alfa safado me puxa automaticamente para o seu colo, me fazendo soltar um gritinho, sentindo seus braços me envolverem e o seu peitoral ser pressionado contra as minhas costas. Ele é quente e tão cheiroso que me faz suspirar.

     Tyler nos encara pelo retrovisor e revira os olhos, como se estivesse com ciúmes por apenas ficar vendo.

    — Relaxa cara. Cê sabe que ele é de nós dois. — Kai diz, esfregando o nariz na minha nuca e inspirando profundamente. Minhas bochechas ardem tanto que tenho certeza de que estou parecendo um tomate. Eu desvio o olhar e aproveito para observar o interior do carro, que é chique e tem o mesmo cheiro bom que Tyler, que parece ter se impregnado em cada centímetro do carro.

     — O-onde vocês moram? — Pergunto, dando uma cotovelada em Kai quando ele tenta morrer a minha orelha. O alfa solta uma risadinha e desiste de tentar me morder.

     — Do outro lado da cidade. Sabe o que é surpreendente? — Tyler continua nos lançando rápidos olhares pelo retrovisor enquanto dirige pelas ruas. Ele está com um pequeno sorriso no rosto, além de que suas pupilas estão um pouco dilatadas.

     — O que?

     — Kaic e eu descobrimos que moramos no mesmo prédio a vida toda, com não mais do que umas cinco portas de distância. — Ele explica, me fazendo arregalar levemente os olhos. Qual era a probabilidade disso acontecer?! Os dois dão de ombros inocentemente, mas pela onda de safadeza que estou sentindo através do nosso laço, "inocência" não é bem a palavra mais certa para descreve-los.

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DOIS ALFAS E EU [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora