CAPÍTULO 09

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     — Você tem um cheiro docinho e diferente de tudo que já senti antes, Otto. — Uma voz sussurra contra o lençol, fazendo um hálito quente e mentolado infiltrar nele e me atingir em cheiro, me fazendo grunhir baixinho, sentindo meu corpo tremer em resposta. Esses dois idiotas provocam em mim coisas que nunca senti antes, e não sei como reagir a isso. Definitivamente não. O peso das suas pernas sobre mim me faz encolher um pouquinho o corpo, ficando ainda mais pressionado dentro dessa jaula de músculos, que apesar de ser um pouquinho desconcertante, também admito ser um pouco gostoso também.

    — Verdade, cara. O cheiro dele me faz querer... Esmaga-lo contra mim e ficar aspirando ele pelo resto da vida. — Outra voz rouca e grave responde, me fazendo engolir em seco, porque os dois safados estão falando desse jeito como se eu não estivesse ouvindo tudo!!

    Abro discretamente aquela fresta por onde estou respirando e dou uma espiadinha lá fora. Kai está do meu lado esquerdo. Ele abre um sorriso maroto ao perceber que estou olhando para ele, então volto a desparecer dentro do meu casulo como uma criancinha birrenta, sentindo o cheiro delicioso que emana dele. Eu percebo que quero tanto tocar naquele seu cabelo afro que minhas mãos estão formigando sem parar, assim como também quero tocar aquelas mechas longas de Tyler. E por falar em Tyler, ele está fungando contra o meu pescoço sem parar.

    — V-vocês poderiam namorar, já que estão tão próximos assim. — gaguejo, sentindo uma mão fazer cafuné na minha cabeça, e mesmo com o cobertor entre nós, os dedos longos entraram entre as frestas do lençol e alcançam minha nuca.

     — QUE?! Deus me livre ficar com esse aí!! — Kai exclamou, me apertando com tanta força que eu tive que tentar lhe dar uma joelhada para conseguir que ele me soltasse para assim voltar a respirar direito. Ele afrouxou o aperto, mas andou longe de me soltar totalmente.

    — Igualmente, cara. Só tenho olhos para esse loirinho — Tyler disse, me fazendo grunhir baixinho, morrendo de vergonha.

     — C-como vocês podem agir dessa forma? Nós nem nos conhecemos direito. N-não acham que levam a sério demais esse lance de ligação? — Pergunto, inspirando profundamente, sentindo o cheiro de ambos se misturarem.

     — Como não levar, baby? Isso significa que o universo ou... Seja lá quem cuida do destino, fez você especificamente para nós, assim como nos fez especificamente para você. Senão for isso, como poderia explicar essa ligação impossível de ser quebrada, que nenhum cientista jamais soube explicar como acontece? — Tyler diz, ronronando baixinho, como se estivesse se divertindo com toda a situação embaraçosa em que os dois me enfiaram.

    — Eu... Não sei.

     — Acha que eu também não fiquei nervoso quando senti aquela presença calma e docinha na minha cabeça? Eu estava voltando da sala de música, onde tinha deixado minha guitarra. Quase morri do coração quando a ligação se instalou com tudo, então segui minha intuição e cheguei até o banheiro masculino. Fiquei meio receoso, já que poderia ser alguém estranho, mas quando coloquei os olhos em você, Otto, soube naquele mesmo instante que o destino me uniu a você não por acaso, mas sim porque sou perfeito para você.

     — Digo o mesmo baby. Eu estava voltando para a quadra de basquete quando senti a ligação. Quando cheguei até o banheiro e vi esse mané tentando chegar até você, simplesmente não pensei em mais nada e parti pra cima. E quando você saiu daquela cabine, soube que bateria em qualquer um por você, e que aquela ligação na minha cabeça não era um engano. — Kai diz, me fazendo soltar um suspiro baixinho, sentindo o meu coração bater com tanta força que tenho quase certeza de que eles conseguem escutar. Por que esses dois manés estão fazendo isso comigo?! Me fazendo sentir essas coisas estranhas o tempo todo!!

    Os segundos de silêncio seguintes não são desconfortáveis, mas é como se eu... Precisasse falar alguma coisa. Eles acabaram de ser fofos e se declaram para mim, e embora não saiba como reagir, também acho que ignorar também não é o certo.

     — E-eu... Fiquei com um pouco de medo disso tudo, e-e ainda tô, na verdade. M-mas acho vocês muito legais. — Me embaralho com as palavras, fazendo os dois alfas enormes rirem baixinho, ronronando feito dois felinos contra meu rosto.

     — Não precisa dizer nada, baby. Podemos ser apenas amigos, lembra? Mas saiba que você tem nós dois, e sempre vai ter. — Kai diz, e eu consigo sentir sua mão acariciando o meu corpo por cima do cobertor, o que me faz grunhir, sentindo tremores por todos os lados, assim como sinto meu corpo responder de maneira involuntária à isso.

     — Por que não sai daí, Ottinho?

    — E-ei, Não me chama assim! — Tento dar uma cotovelada em Tyler, mas é inútil, pois parece que fui embalado a vácuo dentro desse cobertor.

     — Ottinho Ottinho Ottinho Ottinho Ottinho Ottinho Ottinho... — Ele começa a repetir sem parar, me fazendo soltar um rosnado furioso e começar a sair do casulo de cobertores, pronto para acabar com sua raça, mas isso definitivamente foi uma péssima ideia, porque assim que desfaço a última volta do cobertor, percebo que ainda continuo apenas de cueca, agora quase que completamente exposto, já que o edredom ainda cobre parcialmente meu corpo.
 
    Antes que meu soco consiga atingir o alfa moreno, os dois soltam um rosnado e avançam sobre mim novamente, me abraçando exatamente como antes, só que agora sem absolutamente nada entre nós. Eu fico completamente pressionado entre dois peitorais largos, duros e absurdamente cheirosos, o que me faz soltar um gritinho alto de susto, ainda mais quando seus braços musculosos me envolvem por completo. Arregalo os olhos ao perceber que as toalhas escaparam das suas cinturas, deixando-os apenas vestidos nas suas cuecas Boxers.

    Solto uma série de palavras incompreensíveis e me escondo debaixo do cobertor, sentindo minhas bochechas arderem tanto que é como se eu fosse explodir a qualquer momento. Sentir os seus corpos enormes pressionados contra mim é bom e desconcertante ao mesmo tempo.

     — Viu, baby? Nós fomos feitos especificamente uns para os outros. Viu como o encaixe é perfeito? Seu corpinho lindo e macio encaixa nos nossos peitorais de forma perfeita.

     — C-cala a boca. — Rosno, fechando os olhos e enterrando o rosto contra o peito de Tyler, sentimento Kai me abraçar por trás e encaixar seu queixo no topo da minha cabeça. Os dois alfas soltam pequenos suspiros de felicidade, mas ficam calados, como pedi. Solto um grunhido baixinho e fecho os olhos, porque apesar de não admitir isso em voz alta, o calor deles é gostoso e me faz querer dormir aqui, exatamente como estamos.

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DOIS ALFAS E EU [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora