The Crown (Lumity)

Acho que estou ganhando

Quase me xinguei mentalmente quando senti Eda me arremessar ao chão. Por que eu achava que seria uma boa ideia treinar com ela para aprimorar minhas habilidades físicas e mágicas, mesmo com todos os avisos da princesa sobre a rigidez de suas aulas?

Já havia se passado um dia desde a visita da princesa, e hoje fui despertada por Eda antes mesmo do sol nascer. O cansaço da noite mal dormida e dos golpes implacáveis da mulher já se faziam presentes em meu corpo.

Eu teria gostado de descansar mais alguns dias, mas ela insistiu que eu não poderia me dar ao luxo e ficar despreparada no próximo duelo por não saber nada, e que minha vitória contra aquele anão, sem menosprezá-lo, tinha sido pura sorte dele ser ruim. Segundo Eda, se eu tivesse enfrentado outro adversário, certamente teria sido derrotada.

— Defesa errada — apontou ela para o meu rosto com o pedaço de madeira que começamos a usar nos treinamentos como seu cajado subistituto — Você tem muitos músculos e força, mas não usa nada disso a seu favor.

— Você usou um golpe baixo! — reclamei, sentindo a dor pulsante do baque em minhas costas.

— Em um duelo, todas as armas são válidas, desde que não sejam golpes fatais ou trapaças descaradas, claro — ela falou observando o céu antes de guardar o objeto sob o braço — Já deve ser meio-dia, é hora sairmos.

— Sair? — me coloquei de pé enquanto Stringbean voltava a sua forma original e se acomodava em meu ombro.

— É um dos meus diversos trabalhos, criança. Missões aqui, bicos ali, também faço viagens — explicou caminhando em direção à cabana enquanto eu massageava a minha lombar também dolorida. Ao entrarmos, Eda jogou o pedaço de madeira em um canto qualquer  — Vamos comprar roupas novas para você hoje.

— Não será um gasto excessivo? — calçei minhas botas que estavam estendidas na janela. Eu iria com a mesma roupa emprestada por Eda, apenas pegando meu colete original.

— A princesa cobrirá todas as suas despesas até você ter renda suficiente para se sustentar. Lembre-se de agradecer depois — falando na princesa, ela mencionou que viria me visitar hoje. Essa última parte me deixou um tanto desconcertada, mas a assertividade dela era uma característica marcante que eu tinha que aprender a lidar.

Eda e eu preparamos uma pequena bolsa com suprimentos, odres com água e alguns lanches simples, como pão e maçãs. King pulava animado o tempo todo ao nosso redor, o que me deixava confusa, já que ele não parecia gostar de mim e sempre me evitava. Apesar de ele ter me acordado nos dois dias em que estive ali, aquela era a única interação que tínhamos. Stringbean também não parecia se dar bem com ele, mas acredito que isso se deva por culpa mais da minha parte.

Parecia que Eda não era a favor do uso de cavalos, já que não possuía nenhum. Voar com nossos palismãs também não era uma opção, pois ela não possuía um. Estranhei a situação, mas Eda mudou rapidamente de assunto quando mencionei isso, então decidi não insistir.

Caminhamos pela trilha em um silêncio agradável. Durante o dia, a floresta tinha uma atmosfera mais acolhedora. Era possível ouvir os pássaros cantando nas árvores e os raios de sol iluminavam a vegetação, tornando tudo ainda mais belo. Vi King correndo à frente, perseguindo um inseto que não consegui identificar, e escutei um riso suave vindo de Eda ao presenciar a cena.