12 | the suicide.

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O capítulo ficou enorme e nem coube tudo que eu queria colocar, peço perdão por isso :)

















Natália Venera.

Eu observo a água sangrenta escorrer pelo ralo da pia enquanto esfrego meu rosto ensaguentado. A cor vermelha mancha o banheiro, as toalhas brancas macias, minhas mãos e meu coração.

Sangue sempre teve um cheiro bom para mim. Agora, ele me dá nojo.

Christopher sempre me avisou. Humanos eram cruéis, a pior raça que poderia existir. Humanos buscam pela perfeição inexistente, e é isso que os faz serem tão tenebrosos.

Eles buscam por algo que não existe.

Alguns desejam ser perfeitos, outros querem ser imperfeitos.

Eu só quero ser... Feliz. Nenhuma dessas coisas parecem ser possíveis hoje em dia. Essa sensação está cada vez mais distante de se tornar realidade.

Eu sempre apreciei a felicidade, sempre gostei de a assistir. No fundo, era porque eu sabia que a felicidade era algo distante para mim.

- Você está bem? - Eu ouço a voz profunda de Christopher.

Minha cabeça se move para o lugar onde seu corpo está parado, encostado na porta do banheiro. Suas jujubas azuis ficam mantidas na minha direção, e eu consigo sentir as vibrações de preocupação apenas com seu olhar.

- Sim, por quê? - Eu pergunto. Eu não consigo parar de esfregar minhas mãos embaixo da cascata de água gelada.

- Apenas checando. - Ele dá de ombros, casual.

- Certo... E você? Está bem? - Dessa vez, eu faço a pergunta. Eu senti falta dele nesses meses.

Ele foi minha âncora para os momentos difíceis. Eu sempre tive dúvida em relação a ele, sempre me questionei no silêncio da jaula se ele iria me buscar, me resgatar. E no fim, ele não fez isso.

Eu não sei se estou bem com isso. Se fosse ele no meu lugar... Eu não dormiria até achar ele. Eu o entendo, em partes. Sei que deve ter sido difícil ir atrás de mim, mas queria que tivesse ter sido fácil não ter me perdido.

Ele sempre disse que eu estaria segura com ele, e no fim, eu não estava. Fui levada embora enquanto ele bebia na sala ao lado, poucos metros de mim.

Seus ombros se erguem por poucos segundos quando seu olhar fica perdido.

- Eu espero que eu esteja. - Sua resposta é honesta até demais.

Nesses meses que eu fui mantida em cativeiro eu percebi que não importa o que aconteça, ele continuaria sendo alguém para mim. Eu sempre soube que ele era uma parte importante minha, mas nunca cheguei a pensar nele como alguém essencial para minha existência.

Acontece que ele é isso. Ele é essencial. Ele se tornou uma metade minha que eu nunca pensei em ter.

- Não tem certeza se está bem? - Eu pergunto, sorrindo.

- Para ser honesto? Não, não tenho.

Eu desligo a torneira e busco pela toalha onde seco meu rosto e minhas mãos molhadas vermelhas de tanto esfregar. Faz uma hora que eu matei Jennie, e eu não poderia me sentir pior.

Eu não sei o que está acontecendo comigo.

Eu fui tão machucada nesses últimos meses que só de pensar que eu acabei de machucar outra pessoa, me faz sentir pior. No calor do momento, eu me senti tão bem fazendo isso. Agora, sabendo que tudo que ela sofreu, eu também sofri, faz eu refletir o que diabos eu fiz.

IRON HEART | 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora