Trigger Pink

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O mundo acabou há mais de dez anos. Caminhando pelas ruas da cidade, Kimiko não encontraria nenhuma pessoa. Mesmo as chamas causadas pelos bombardeios contra as Invocações já tinham se extinguido há muito tempo. Naquela cidade, que um dia já foi chamada de Los Angeles, não havia mais nada.

"Nenhum sinal da caçada", pensou Kimiko, procurando dentro de um carro abandonado. Kimiko era uma garota de dezenove anos, asiática e com cabelo curto preto. Sendo uma sobrevivente qualquer, vestia apenas roupas de moletom velhas, de cor cinza com listras rosa. Desde que lhe foi dada a missão de vencer a Corrida das Cartas, quando ganhou a pulseira que lhe guiaria e a arma que lhe permitiria derrotar as criaturas, ela saiu de casa em busca dos seus alvos.

Prédios caídos, ruas destruídas, carros carbonizados. A coloração morta e sem saturação era tudo que preenchia a visão de Kimiko. Isso não podia mais ser chamado de Los Angeles. Desde que as Invocações passaram por lá, essa cidade ficou conhecida como uma Cidade Fantasma, uma concha vazia do que já foi um dia.

Mesmo sendo uma nômade, Kimiko não carregava muita coisa. Tudo que tinha consigo era seu rifle de assalto FAL que mantinha preso em suas costas, e sua mochila da sorte que guardava seus mantimentos.

A noite estava chegando. Ela já devia estar muito atrasada em comparação aos outros Triggers, então precisava achar os monstros logo.

A Corrida das Cartas era uma batalha simples. Treze guerreiros, apelidados de "Trigger", caçam monstros espalhados pelas cidades destruídas da Segunda Pangeia. O vencedor seria aquele que capturasse mais monstros, e o prêmio seria um Artefato poderoso. Diversas famílias e comunidades espalhadas pelo continente enviaram representantes para lutar, como Kimiko. Ela vinha de uma comunidade pequena, sobreviventes da antiga Ásia que não conseguiram abrigo em Aarkin. Ela era uma das poucas jovens de lá, então seria a escolha lógica para participar de uma corrida contra o tempo.

A noite caiu. Tudo que a garota enxergava era o pouco que a lua iluminava das ruas. Impaciente, ela ligou sua lanterna e invadiu algumas das construções que não pareciam tão destruídas, em busca do seu alvo.

Julgando pelas prateleiras vazias espalhadas pela sala, Kimiko deduziu que estava em um supermercado. Era um local enorme, com certeza muito movimentado na época que funcionava. Iluminando as paredes e pontos mais escuros do estabelecimento, a pulseira em seu braço começou a apitar.

A garota rapidamente sacou seu rifle e acoplou a lanterna ao cano da arma com os encaixes do equipamento. Se a pulseira estava apitando, seu inimigo estava próximo. Era questão de tempo até se encontrarem.

Um barulho alto assustou Kimiko. Uma das prateleiras foi derrubada, próxima da entrada de onde tinha vindo. Seu inimigo estava ali.

Ela apontou sua arma na direção da prateleira, tentando iluminar seu alvo. Nenhum sinal.

Extremamente cautelosa, ela voltou a procurar pelo seu inimigo, empunhando seu rifle. Em poucos minutos, ela entendeu seu erro. Ela estava procurando pelo monstro que deveria estar no chão, escondido entre as prateleiras ou atrás do balcão do caixa. O monstro, porém, não estava no chão, como acreditava. Apontando o cano da arma com a lanterna para cima, Kimiko iluminou uma enorme aranha, peluda e com os olhos brilhantes em vermelho. Era de um tamanho surreal, quase do tamanho de um cavalo, com mais de cinco metros de largura, de uma pata à outra.

— Merda! — gritou Kimiko, correndo para fora do supermercado. A aranha a seguiu, sem sair da escuridão. A garota esperava que o monstro fosse atrás dela, mas se quisesse enfrentar a aranha, seria no ambiente hostil e escuro que deveria ser o lar daquela coisa.

A garota puxou o gatilho três vezes, mirando na parede próxima ao teto, na tentativa de acertar algum disparo contra a aranha através do concreto, mas não sabia se tinha conseguido. Sem opções, ela tirou sua mochila das costas e a largou no chão.

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