Sozinha

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NALY 

Sai da mesa dizendo ao Marcos que ia ao banheiro, ele concordou e mais nada.

Quando saí da sala de jantar subi as escadas que dava para os quartos e fui para meu antigo quarto. Lá tinha uma um cantinho onde eu costumava me esconder quando queria chorar sem que ninguém me achasse.

Entrei no quarto e tirei os saltos que usava deixando eles ao lado da cama, fui até o meu closet onde ficavam meus vestidos, ali tinha uma portinha secreta que era onde eu costumava me esconder.

Eu abri a portinha e entrei ali, fiquei um pouco surpresa por ainda caber ali dentro. Fechei a porta e chorei feito criança.

Pode parecer besta eu tá chorando por não ter atenção dos meus pais. Mas na situação que eu me encontro um pouco de atenção vale muito, atenção sincera, não uma atenção forçada... 

Eu só tinha vindo para esse jantar porque o Marcos insistiu para eu vir e o seu Antônio disse que meus pais queriam me ver. Mas eu não deveria estar ali, eles nem ligaram para mim. Mal falaram comigo. 

A pior coisa que um ser humano pode sentir nessa vida é a solidão, é se sentir sozinho, sem ninguém. Você sente que não tem ninguém para te ouvir, ninguém para estar ao seu lado... ninguém com quem você possa contar quando estiver passando por um momento ruim.

Eu estava assim... me sentindo sozinha sem ninguém para me ajudar a sair do fundo do posso que me jogaram. Meu casamento é uma farsa, minha vida é um lixo e sou rejeitada por quem devia me amar.

Foi nesse momento que a portinha se abriu e Vitor apareceu me olhando.

— Vem cá. — ele estendeu a mão para mim mas eu a rejeitei saindo e indo abraçar ele. Ele me abraçou forte e continuei chorando... Era o que precisava e eu não rejeitaria isso agora. — Vai ficar tudo bem. Eu to aqui para o que você precisar. — ele beijou minha cabeça e ficou ali comigo até que eu conseguisse falar sem soluçar.

.....

Quando eu estava mais calma ele me levou até o banheiro para lavar o rosto e depois pediu para que eu sentasse na cama, por que ele ia colocar o meu salto que eu tinha deixado do lado da cama. Ele estava cuidando de mim da mesma forma que cuidava quando eu era criança.

— Tá mais calma agora? — fiz sim com a cabeça. — Tá bom. Agora me fala por que você estava chorando? 

Respirei fundo.

-— Eles não me queriam aqui, deixaram bem claro isso. 

— Eu vi isso. — ele estava ajoelhado colocando o salto no pé esquerdo. — Eles não te ligaram para falar do jantar, não foi? Depois que eu falei com você?

— Não. Nada. Se eles quisessem mesmo me ver aqui teriam ligado para mim ou achado alguma maneira de falar comigo.

— Papai disse que o Antônio ficou de avisar você. — ele falou sentando num banquinho felpudo.

— Antônio, não falo nada de jantar para mim. Quem falou foi você e o Marcos. Antônio é meu sogro, mas quem tem que falar as coisas é ele não o Antônio. — estava com raiva dos meus pais, não queria ficar mais ali as lembranças iam e vinham.

— Isso eu também concordo com você. Ele marcou o jantar e nem te fala nada. Eu perguntei para mamãe por que ele não te falou pessoalmente e ela falou que ele estava ocupado com trabalho e o novo desenvolvimento da empresa.

De novo. 

— Trabalho em primeiro lugar. Devia ter suspeitado disso... — ele nunca se importou comigo, nunca. — Cansei de ficar nessa casa. — falei me levantando e indo até a porta.

— Naly? Onde você vai? — Vitor estava em pé me olhando.

— Não vou ficar num lugar onde não sou bem vinda. — abri a porta e sai.

— Naly espera... — Vitor veio correndo e parou na minha frente. — Você vai pra casa? E o que você vai falar para eles?

— Fala que tô satisfeita e que quero ir pra casa. Eles não tão nem aí pra mim mesmo. — passei pelo Vitor e desci as escadas.

— Posso te levar pra casa?

— Não precisa. Eu vou com... com o Marcos. — por mais que eu quisesse ficar sozinha, não podia ir embora sozinha. Marcos andava muito estranho nesses últimos dois dias.

Voltei para sala de jantar e fui até o Marcos, quando ele me viu se levantou.

— Aonde você estava? Eu estava preocupado. — acho que minha cara não estava muito boa por que ele chegou perto de mim, e agora ele parecia preocupado. — Aconteceu alguma coisa? 

— Quero ir pra casa. — falei na hora.

— Mas... a gente nem terminou de jantar. — ele olhou para mesa e todos estavam olhando para a gente. — Tem certeza que já quer ir?

— Tenho. Tô satisfeita.

— Mas filha... — minha mãe olhou para o meu prato. — Você nem terminou de comer. 

— Tô satisfeita, mãe, agora... Eu quero ir pra casa. — olhei para o Marcos. — Podemos ir? — ele olhou para os meus pais e para os pais dele, nesse momento Vitor entrou na sala de jantar.

Marcos olhou para o Vitor e sua expressão mudo, ele olhou pra mim e parecia nervoso. 

— Claro. — ele pegou minha mão e saímos.

— Marcos, quer que eu leve vocês? — Antônio se levantou.

— Não, seu Antônio não precisa. Ligamos para o motorista vir buscar a gente. Aproveitem o jantar. - passei pelo Vitor e falei que ligava para ele para falar sobre o tema da festa.

Saímos da casa e ficamos do lado de fora, Marcos ligou para o motorista vir buscar a gente e falou que não era para demorar. Fiquei ali pensando em como eu era sortuda por ter pais que amavam os filhos. 

Quando o carro chegou ele abriu a porta pra mim entrar e depois entrou no carro e fomos para casa. Marcos não falou nada desde que saímos da casa dos meus pais, estava bom assim.

Chegando em casa quando entramos eu estava subindo as escada mas Marcos me fez para com seu toque no meu braço. Olhei para ele na hora.

— Naly tá tudo bem? Por que você quis vir pra casa?

— Eu falei que não queria ir e você me fez sair de casa. Você nunca me escuta. 

— Mas... são seus pais? 

— Eu vou pro quarto. Faça o que bem entende, se quiser voltar, volta não me importo. — falei subindo a escada e indo para o quarto.

Ele estava estranho desde o dia que me deixou no shopping para comprar roupa e foi trabalhar. Não sei o que tanto o incomodava para deixar ele inquieto, ficava o tempo todo de olho em mim ou no meu celular. 

Eu só queria paz e ficar ao lado dele ia me deixar mais nervosa. Eu to suspeitando que ele tá me traindo com outra pessoa, não quero pensar nisso mas... acho que sim. 

A três noites eu fui falar com ele de madrugada mas ele não estava no quarto ou no escritório, que é onde ele costuma ficar quando trabalha até tarde. Como ele não estava lá resolvi voltar para o quarto mas... antes de sair do corredor eu vi ele entrar em casa durante a noite, ele estava suado e suspirando. Isso sem contar que ele ainda atendeu uma ligação e disse, para pessoa que "gosto muito da noite mas que era arriscado".

Não queria pensar que ele estava me traindo, mas tudo me fazia pensar nisso.

.....

Dois capítulos em um dia pra vocês aproveitarem😁.

Não vai ser sempre que vou conseguir postar dois capítulos por dia, mas... vou tentar postar todo dia.

😊😊

Bjs💋

Como Me Apaixonei Por Você. [Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora