RAFAELA MORAES "sabia que tinha caroço nesse angu"
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O dia hoje estava diferente dos outros que estava acostumada tendo nascido, e sido criada no Rio de Janeiro. O calor só qual eu estava acostumada tinha resolvido nao aparecer, e eu conseguia ver algumas gotinhas de chuva na janela pela chuva que insistia em ficar lá fora.
Hoje eu estava de folga, e agradecia aos céus por ter esse momento de descanso, que eu tinha tirado para fazer literalmente nada. Ou como eu gostava de chamar de o dia da preguiça.
Agradecia ainda mais porque eram poucas as vezes que tinha essa folga, já que Sampaoli costumava cobrar bastante dos jogadores tanto da parte técnica, quanto da parte física. Assim, dificultando saber em quais dias que daria folga para o elenco.
Que também significava a minha folga.
Só que dessa vez esse dia eu não estaria sozinha, e Bruna tinha me mandado mensagem um pouco mais cedo perguntando se eu estava livre hoje. Foi coisa de 15 minutos para ela chegar em minha casa para curtimos juntas.
Resultado, nós tínhamos acabado de terminar um filme e de romance que nos fez chorar que nem dois bebês que tinham sido retirados dos braços da mãe. E agora aproveitavamos para colocar a fofoca em dia.
Não que tínhamos ficado tanto tempo assim sem nos vermos, mas mesmo assim sempre teríamos assunto para colocar em dia.
— sabe aquele cara que vivia dando em cima de você no ensino médio? — me perguntou, e eu levei a colher com brigadeiro até a boca.
Como que um doce poderia ser tão bom, e combinar tanto com esse clima e essa ocasião. Realmente não entendia.
— o Gustavo? — perguntei tentando entender de quem ela falava.
Era sempre assim, ela surgia com fofocas de gente que fazia séculos que nem víamos. E eu sempre tinha que dar um jeitinho de descobrir de quem mesmo ela estava falando.
Isso quando ela soltava algumas de pessoas que eu nem conhecia.
— esse mesmo. Lembro até hoje que ele ficou contando pra Deus e o mundo que tinha ficado com você. — lembrou daquele momento icônico de minha adolescência.
Era cada coisa que acontecia com a gente quando éramos mais novas.
— e olha que ele parecia um liquidificador beijando. — completei e demos risada.
— então, parece que ele colocou chifre na mulher dele e ela fez escândalo na rua que morávamos e na Internet. Sério, um escândalo mesmo. — me contou.
— e como você ficou sabendo disso? — perguntei.
— tenho minhas fontes e eu também stalkei ela no Instagram. — deu de ombros.
— ainda bem que não dei certo com ele, imagina, era pra eu ser a chifruda agora. — agradeci. — e o meu gosto para homem melhorou muito de lá pra cá.
— melhorou mesmo, virou até Maria chuteira. — brincou, e eu fingi ter ficado brava com ela.
Pra falar a verdade não tinha contado nada sobre Gerson para ela. Mas sabia que as desculpas que dava pra me esquivar do assunto não eram uma das melhores.
Certeza de que ela não acreditava em nenhuma.
— você pode enganar o papa, você mesma. Mas a mim você não me enganar não, minha querida. — disse e eu fingi nem estar prestando atenção na conversa.
Continuei lá, comendo o meu brigadeiro e me fingindo de sonsa. Isso eu sabia fazer muito bem.
— se você já sabe, oq mais eu teria pra contar? — perguntei e na mesma hora a expressão de Bruna foi de surpresa e ela quase deu um pulo do sofá.
A mesma abandonou a panela de brigadeiro em cima do sofá, e eu peguei a mesma colocando em meu colo.
— sabia que tinha caroço nesse angu. — falou de uma forma divertida e eu não consegui conter uma risada.
Em matéria de ser exagerada ela tirava dez todas as vezes.
— eu quero saber de todos os detalhes agora. Desembucha. — mandou, e eu continuei sem pressa nenhuma de contar tudo.
— não tem muito o que falar. Entre eu e ele é apenas sexo. — expliquei levando novamente a colher até a boca.
— minha filha, você tá perdendo a chance de ter aquele homão todo só pra você. Rafaela, você é muito burra na moral. — reclamou passando a mão por seu rosto.
— eu acho que nós dois funcionamos melhor assim. — esclareci, e ela revirou os olhos. — mas esses dias eu acabei conhecendo a filha dele.
Pronto, bastou apenas isso para novamente sua expressão mudar e parecer que eu tinha acabado de falar que ele tinha me pedido em casamento.
— e você ainda vem me dizer que é só sexo? — indagou incrédula.
— eu ter conhecido a filha dele não mudou em nada o jeito que a gente leva as coisas. — contestei dando um sorriso de lado.
— mas você acha que ela gostou de você? — quis saber e aproveitou para se ajeitando no sofá.
— acho que sim, porque ela até me mostrou o quarto dela, e disse que deixaria eu namorar o pai dela. — respondi.
— viu, até a criança sabe mais do que você. — insistiu naquela mesma ideia maluca.
— tira essa ideia maluca da sua cabeça. Porque eu e ele não vamos ter nada. — afirmei com toda certeza do mundo.
— do jeito que eu te conheço e sei do seu jeito emocionada não dou um mês para estar gostando dele. — alegou e dessa vez foi eu quem revirei os olhos.
Era o que iríamos ver Bruna.
NOTAS
Será que a Rafa vai mesmo pagar com a língua?
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