RAFAELA MORAES "Você fala isso, mas é louca pra marcar presença de novo lá na minha casa, mais especificamente na minha cama."
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A música da Taylor Swift começou a tocar no meu fone de ouvido e eu me segurei para não começar a cantar que nem uma maluca aqui no meio de todos. Afinal, eu ainda estava no meu ambiente de trabalho.
O time do Flamengo iria jogar com o time do bragantino nesse meio de semana, e como o jogo não seria no Maracanã. Teríamos que viajar para São Paulo. E eu iria junto, pois faria as fotos do jogo e da preparação para todo ele.
Tinha me sentado em um dos lugares do banco não fazia nem cinco minutos depois de fotografar os jogadores entrando nele para compartilhar nas redes sociais do clube, mostrando que nossa viagem já aconteceria.
Pelo que eu tinha visto as fotos tinham ficado boas.
Batuquei meus dedos em minha perna no ritmo da música, agradecendo mentalmente por ninguém ter sentado no banco ao meu lado. Só conseguia observar Léo Pereira e Filipe Luis que estavam do meu outro lado, e pareciam estar no maior papo nem percebendo a minha presença ali.
Fechei meus olhos já que os meus planos era tirar um pelo menos um cochilo até chegar no aeroporto.
Só que fui interrompida quando o cheiro de um perfume exalou, e parecia vir de muito perto de mim. O cheiro era bom, mas poderia ser só alguém que tinha se sentado ao meu lado.
E como não estava no clima de muita conversa apenas ignorei totalmente esse fato.
Na verdade, tentei ignorar.
— sério mesmo que você vai fingir que tá dormindo só pra não falar comigo? — escutei uma voz conhecida perguntar.
Abri os olhos no susto vendo Gerson sentado no banco ao meu lado com um sorrisinho debochado no rosto.
— não sabia que era você. E também não tô no clima para conversas. — dei de ombros.
Eu realmente não queria ser obrigada a tirar meus queridos fones de ouvido e perder a melhor parte da minha música favorita que tinha acabado de começar. Então, fechei meus olhos novamente.
— hum. — murmurou.
Instantes depois não ouvi mas a sua voz, mas sentia que alguém estava me observando.
Fui obrigada a abri-los novamente.
— você vai ficar me olhando mesmo? — perguntei para ele, respirando fundo.
— já que você não quer conversar comigo isso foi tudo que me restou fazer. — explicou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Me ajeitei e fiz o que eu literalmente não queria. Tirei meus fones de ouvido.
— tudo bem então. Sobre o que quer falar? — indaguei pousando as mãos na minha perna.
O jogador pareceu pensar e eu não acreditava que ele me fez perder o tempo que teria de tirar um cochilo para conversar.
Mas ele nem sabia sobre o que queria conversar.
— sei lá, assunto não tem que ser puxado assim. Tem que ser natural. — gesticulou e eu soltei uma risada sarcástica.
— sabe o que vem de forma natural também? — perguntei e ele negou com cabeça. — meu sono.
Ele fez uma careta.
— credo, você já foi mais legal Rafa. — resmungou.
— oh, desculpa. Magoei o bebê. — falei levando a mão ao peito fingindo estar arrependia.
— vai se foder garota. — xingou e eu lhe mostrei o dedo do meio. — tava só querendo conversar e você veio com quatro pedras na mão.
— só que é... — fiz uma pausa respirando fundo pela décima vez em menos de 10 minutos. — impressionante como você gosta de marcar presença em tudo né.
Ele riu. Mas não foi uma risada qualquer.
Foi como se eu tivesse me vestido de palhaça e tivesse feito a piada mais boba que um ser humano já fez.
— você fala isso, mas é louca para marcar presença de novo lá na minha casa, mais especificamente na minha cama. — soltou aquelas palavras em um alto e bom som.
Imagina só se alguém escuta que eu já tinha transado com ele? Eu não gostava nem de imaginar o que seria do meu trabalho caso isso acontecesse.
Por isso desferi um tapa em seu ombro e ele resmungou por conta da dor. Porém, eu nem liguei.
— se for pra falar essas besteiras, pelo menos fala baixo. Já pensou se alguém escuta. — repreendi o mesmo.
— relaxa, não é como se todo mundo prestasse atenção na gente, e no que estamos falando. — falou calmo, ignorando a minha irritação. — tá se achando demais hein, morena.
Cruzei meus braços.
— eu me achando? Acho que quem é assim é você. — rebati apontando para ele com o dedo indicador.
— mas no meu caso é diferente. — explicou e eu o olhei curiosa.
— porque seria diferente? — perguntei.
— vai me dizer que você não presta atenção em mim. Tá na sua cara que sim. — respondeu.
— porque eu prestaria tanta atenção assim em você? — fiz outra pergunta.
— porque eu também presto atenção em você. — respondeu simples.
Ah, Gerson você poderia até estar certo. Mas nunca conseguiria imaginar metade das coisas que imagino quando te vejo passar por mim no corredor.