"Amo tudo que é selvagem. Selvagem e livre."
O telefone da cabeceira tocou. Pilar tateou no escuro e atendeu.
— Alô... — Murmurou, sonolenta.
A voz familiar de Gaspar chegou-lhe ao ouvido.
— Bom dia, Pilar! — Disse ele, alegre. — Dá pra você vir correndo para o Consulado Americano? Precisamos de você.
— Gaspar! Que horas são?
— Seis horas da manhã.. — Respondeu ele. — Vê se chega aqui às sete. Estamos lhe aguardando aqui.
— Gaspar... — Começou, mas ele desligou.
Pôs o fone no lugar, deixou-se cair sobre os travesseiros com um suspiro, imaginando o que seria. Lembrou da conversa com o pai no almoço do dia anterior e do respeito que vira nos olhos dele. Sabia que tinha tido uma grande vitória quanto ao pai: ele tivera que aceitá-la como uma mulher capaz de decidir sobre o próprio destino. Não iria interferir mais. e ainda havia prometido interceder em favor de Saria.
Mas a amarga ironia era que a vida, o destino que escolhera lhe era negado, pois o homem que amava não podia amá-la. Zayn colocara o orgulho acima do amor, e ambos iam sofrer por isso.
Jogou as cobertas de lado e foi descalça para o chuveiro, esperando que uma ducha fria acalmasse as emoções conflituosas que não a abandonavam um minuto se quer. Mas, quando passou as mãos ensaboadas pelos seios e ventre, teve impressão de sentir o calor de Zayn, suas carícias quentes e compreendeu que nunca mais poderia esquecer a profunda e devorante sensualidade que vibrara no amor deles.
Um guarda com cara de sono abriu o portão do consulado para Pilar assim que o carro oficial se aproximou.
Entrou no amplo hall assoalhado e subiu a escadaria forrada com carpete grosso.
Lá em cima, parou de respirar ao ver um perfil muito querido contra a luz de uma janela. Zayn estava com as mãos enfiadas nos bolsos das calças de tecido fino e escuro, olhando para o jardim lá embaixo. Ao ouvir os passos dela, voltou-se, sobrancelhas franzidas, gravata preta e camisa branca e Bisht com seus detalhes dourados.
Parou a alguma distância dele, erguendo a cabeça. O olhar escuro, por si só, já tinha um efeito devastador nela: sentia-se atordoada, fraca. Teve vontade de sair correndo, de fugir: ele não podia ser dela!
— O que está fazendo aqui, Zayn? — Perguntou, mantendo a voz calma com grande esforço.
Quando viu que ela não ia se aproximar mais, ele deu uns passos ao seu encontro. Os olhos escuros brilhavam quando baixou a cabeça para ela, que teve impressão de notar um ar de malícia neles.
— Estou aqui pelo mesmo motivo que você, Pilar: uma simples cerimônia de casamento.
— Casamento? — Indagou ela, confusa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Prazer Selvagem - Série Pecados Capitais - Livro III
RomanceA Série Pecados Capitais, romances... Apesar de fazer parte de uma série, sua história é individual... Instigante, misteriosos obstinados e ambiciosos, realmente são os melhores no que fazem. Prepare-se para uma história arrebatadora de amor proibid...