Capítulo 23 - Prazer Selvagem

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"Amo tudo que é selvagem

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"Amo tudo que é selvagem. Selvagem e livre."

A fachada de mármore branco do Palácio Dolmabahçe estendia-se em duas vastas alas, à beira do canal de Bósforo. Quando escorregou na calçada gelada, Pilar arrependeu-se de não ter ficado em seu quarto no hotel. Mas sentira-se deprimida, presa lá.

Ela e Gaspar tinham almoçado no hotel, ambos aborrecidos com a queda daquela manhã. Havia suspeita de deslocamento do tornozelo de Pilar, no entanto Gaspar parecera mais preocupado com Saria. Vira os dois conversando animadamente antes de um dos saltos. Saria encontrara mais um amigo em Gaspar Cortez e isso alegrara muito Pilar.

Saíra depois do almoço e pegara um ônibus para Dolmabahçe por puro impulso. Lembrava que Zayn dissera que seus avô e bisavô tinham sido conselheiros no império otomano e talvez quisesse sentir mais deles, assim como de Zayn, para tentar ver por trás da máscara fria.

O palácio, de linha européia, com vastos salões interligados, era diferente das construções com pátios internos e jardins de Topkapi. Cansou-se logo dos quilômetros de pinturas a óleo das paredes, das peças delicadas de Sèvres sobre lareiras, de riquíssimos candelabros de cristal e resolveu passear pelos arredores do palácio.

Evitou cuidadosamente a rua onde ficava o apartamento de Zayn e desceu por uma rua larga, onde havia uma escola. Na esquina havia um bar com ar simpático. Entrou, sentou-se a uma mesinha perto da vidraça. Pediu um café e um dos doces da vitrina.

Estava terminando o café quando grupos de meninas uniformizadas começaram a passar, fazendo barulho. A aula terminara. Não notou que uma moça a observava do lado de fora. Teve um sobressalto ao ver Latifa a seu lado, sorridente.

— Posso sentar aqui, miss França? — Perguntou.

— Claro que pode. — Respondeu, sem esconder a surpresa.

Latifa explicou-se com certa timidez em sua voz.

— Ensino inglês e francês e estava indo para casa quando vi você aqui.

Meu marido e eu moramos aqui perto.

— Zayn não disse que você era casada... — Murmurou Pilar, sem saber o que dizer à mulher que sabia não gostar dela.

— Não? Meu marido é da equipe de restauração do Dolmabahçe.

Ficaram em silêncio, observando-se.

— Posso oferecer-lhe um café? — Indagou PIlar, incerta do que a etiqueta turca ordena em situações como aquela.

— Eu não vim aqui para tomar café, miss França. — Replicou Latifa, os olhos negros muito abertos fixos em Pilar.

— Então, o que veio fazer?

Latifa endireitou as costas e afastou o garçom com um gesto.

— Não gosto de rodeios, miss França. Trate de ficar longe do meu irmão.

Prazer Selvagem - Série Pecados Capitais - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora