Segredos (PARK JIMIN FANFIC)

8.

Eu decidi que precisava ficar mais na casa do meu irmão até eu conseguir pensar nessa história toda sem desabar de chorar.

Minha cunhada sugeriu que eu passasse alguns dias lá, e até que eu tirasse uns dias de folga no trabalho. Eu aceitei e até disse que eu poderia ficar cuidando do meu sobrinho para eles.

Eu estava muito mal.

De repente, a ideia de estar perto de Jimin me causava angústia. Durante a madrugada cheguei a me questionar se eu era estéril e por isso nunca consegui engravidar. Fiquei pensando porque nunca tivemos um bebê. Mas ele já tinha um. Com um namoro da adolescência.

Eu sentia raiva e tristeza. Mas ao mesmo tempo não sentia tanta raiva assim. Estava mais magoada por ele nunca ter me contado nada do que por ele ter um filho com alguém que não fosse eu. Ele havia dito que o menino tinha 15 anos. Jimin tinha 15 anos quando engravidou a mãe dele, e agora o garoto estava na mesma idade.

Era tanta coisa a se pensar que eu julguei necessário ficar um tempo sozinha, apenas organizando a confusão mental que eu me encontrava.

Pedi pro meu irmão me levar de carro até o apartamento para eu buscar algumas roupas e o meu próprio carro. Quando chegamos no prédio, eu sentia uma ansiedade absurda tomar conta do meu peito. Jin me deixou lá na frente e disse que faria questão de me esperar, mas eu assegurei que estava bem e que não ia demorar, além de precisar pegar meu próprio carro.

Fiquei alguns minutos encarando a porta do elevador, sem ter certeza se deveria mesmo ir lá. Mas se eu não fosse não teria roupas, nem escova de dente e nem meus produtos pessoais. E precisava dizer a Jimin que ficaria alguns dias fora.

Eu abri a porta do apartamento e entrei. Não tinha porque tocar a campainha já que aquela casa era minha também e eu tinha a porra da chave. Caminhei até a sala, procurando Jimin, mas acabei encontrando outra pessoa sentada no sofá mexendo no celular.

Era ele, o filho que meu marido teve com uma mulher que não era eu. Assim que ele me viu, ele sorriu de leve.

_ Oi_ O menino disse, ficando de pé. Eu estava embasbacada. Ele era simplesmente a cara do Jimin. Era o meu marido, só que mais novo. Com exceção do cabelo preto, já que Jimin descoloria para loiro, o menino era a cópia exata dele. Ele tinha o cabelo bem escuro e liso, numa franjinha, usava um boné que deixava o cabelo no lugar e tinha o mesmo nariz e o mesmo sorriso.

_ Oi_ eu respondi, quase sussurrando, ainda desacreditada. Ele se curvou brevemente em uma reverência.

_ Você deve ser a esposa do meu pai, desculpa surgir de repente e invadir o espaço de vocês_ Ele disse. Jimin surgiu da cozinha no exato momento em que eu ia abrir a boca para dizer para esse menino que ele não precisava se desculpar. Que ele não tinha culpa de nada. Bom, ele realmente não tinha.

_ Sora!_ Jimin veio na minha direção. Eu desviei de seu abraço.

_ Não, Jimin_ Disse, indo em direção ao quarto. Eu ouvi ele dizer "filho, espera lá na varanda, por favor", antes de entrar no quarto atrás de mim. Eu já estava arrumando uma mala pequena com roupas.

_ Você vai me deixar?_ Ele perguntou, a voz falhando pelo choro. Eu cometi o erro de olhar para ele. Seus olhos expressavam muita dor, e as lágrimas já estavam ali.

_ Jimin, eu não consigo conversar com você agora, eu preciso sumir daqui e de tudo que envolve você_ Expliquei, também chorando.

_ Meu amor, por favor, não vai_ Ele pediu, se colocando a minha frente. Coloquei todos os meus cosméticos em uma bolsa menor.

_ Eu só quero ficar uns dias na casa do meu irmão_ Expliquei. Jimin mordia o lábio para não chorar._ Se a gente for conversar agora eu tenho medo de precisar tomar uns 10 calmantes para conseguir te ouvir sem surtar.

_ Você não pode ir embora_ Ele disse._ Meu amor, me desculpa.

_ Não vamos conversar agora_ Reforcei, um pouco irritada. Eu também estava triste e sabia que precisávamos conversar. Mas fugir era a melhor reação que eu podia ter agora._ Eu preciso ficar sozinha.

_ Não posso deixar você ir sem mais nem menos, eu te amo, caralho, não vou aguentar ver você sair por aquela porta sabendo que pode acabar não voltando_ Jimin disse. Eu sequei as lágrimas que estavam quase saindo.

_ Park_ Eu comecei. Ele odiava ser chamado só pelo sobrenome. Eu podia sentir o medo dele, transparecia no ar a sua tensão._ Em todos esses anos de casamento eu nunca engravidei. Uma noite de descuido 15 anos atrás e você tem um filho com uma mulher que criou ele sozinho, sem ajuda, e que agora infelizmente morreu, fazendo essa criança necessitar do pai depois de 15 anos sem saber quem ele era.

Jimin não segurava mais o próprio choro.

_ Esse menino é a sua cara. Ele é mesmo seu filho_ Eu comentei, já com as bolsas prontas._ E não é meu. É só seu.

Eu passei pela porta do quarto e fui até a saída. Jimin me acompanhou devagar, observando cada passo que eu dava para longe dali.

_ Desculpa Jimin, mas eu vou acabar explodindo se eu continuar aqui._ Disse por último, saindo pela porta._ Não força a barra, por favor, não vem atrás de mim até eu estar pronta para conversar sobre isso.

Ele assentiu, olhando para o chão.

Depois de colocar minhas coisas no meu carro, eu suspirei pesadamente. Precisava ir embora dali logo antes que eu começasse a chorar e não conseguisse mais manter boas condições para dirigir.

_ Senhorita Sora, espera_ O menino veio atrás de mim no estacionamento do prédio.

_ O que foi?_ Perguntei, levemente irritada. Ele era fofo, mas eu precisava ficar sozinha, talvez até longe da Mia e do Jungkook, só com o meu irmão.

_ Sei que está difícil e que tudo é muito novo_ Ele começou._ Mas eu queria que soubesse que eu não quero atrapalhar em nada e que você não precisa se preocupar comigo. Eu não vou invadir a vida de vocês.

_ Você não precisa dizer isso. Eu e o seu pai vamos resolver essas coisas de adulto depois, você não tem culpa de nada e eu vou ficar bem, tá? Eu só preciso organizar minha cabeça e depois nós três podemos conversar_ Eu respondi. Ele sorriu e de repente me abraçou.

_ Me desculpa ser o motivo de você estar triste_ Ele disse.

_ Já falei que não precisa se desculpar de nada_ Comentei. Ele assentiu e voltou pela escada do prédio.

Eu dirigi pela cidade com toda a cautela possível. Meu coração doía e uma voz no fundo da minha mente ressoava "ele tem um filho com outra", "ele tem um filho com outra", "ele tem um filho com outra". Bom, pelo menos ele não tinha me traído... Se é para enxergar o lado bom da vida...

Minha cunhada me ajudou a organizar minhas coisas e eu sugeri que ela e o Jin fossem jantar fora para ficarem sozinhos e eu cuidava do bebê, e eu mesma fiz questão de escolher o restaurante e pagar uma mesa especial para eles, como forma de agradecer por me acolherem e me deixarem ficar na casa deles.

Ficar com o meu sobrinho no colo não era nenhum gatilho, mesmo com tudo acontecendo. Eu tentei focar minha mente em não deixar ele morrer nem cair do meu colo, por isso acabei adormecendo no quarto dele, no chão, ao lado do berço.