''Sociedade, tudo está em ordem
As orgias choram
sobre antigos perfumes
Os antigos bordéis
Nas muralhas em chamas
Os gases em agonia
Ardem sinistramente
Para seu livido céu
Ó mundo trágico
Repleto de tolices
Acordai, acordai e entrai na vida
Acordai...''
(Vultos DF- Enquanto Houver Cigarros Nos Bolsos Do Casaco)
♤♤♤
Meu celular, ou melhor, o que restara dele, reproduzia incansavelmente o irritante barulho de seu alerta de ligações sobre a cômoda próxima a minha cama. Sem muito pensar, cobri minha face agressivamente com um travesseiro, em uma falha e estúpida tentativa de ignorá-lo.
Dessa forma, iniciava-se outra segunda-feira. Ensolarada, sem a possibilidade de interação com qualquer outro ser vivo, evitando, assim, a perda de meu réu-primário. Mas, sejamos francos, este "súbito" desejo não se aplica a mim, um proletário.
Duas semanas passaram-se após um dos episódios mais graves de minha vida e eu ainda podia sentir os efeitos deste em minha pele. Não haviam grandes ferimentos em meu físico, com exceção de minha perna, onde um grande hematoma se alojava e, pior, tornava o meu caminhar um evento tenebrosamente caótico.
Apesar disso, meu âmago sangrava impiedosamente sobre as acusações caídas sobre mim horas depois de abrir os olhos a vida outra vez. Todos pensavam que eu havia tentado contra minha vida, o que, francamente, é tão absurdo quanto a existência da Terra plana.
Ergui meu braço, alcançando o maldito aparelho. Nove horas e quarenta e cinco minutos. Número desconhecido. Muito provavelmente um representante do Programa de Apoio Psicológico do hospital em que enfiaram-me no fatídico dia, pronto para checar se eu havia vestido o paletó de madeira, afinal, encontrava-me com pouco mais de uma hora e quinze minutos de atraso para a consulta do dia.
Levantei-me rapidamente, usando o móvel próximo a mim como apoio. Espreguicei-me, resmungando e então observando que Mitch, meu gato, encarava-me, aparentando tão mal humorado quanto seu próprio dono. Acariciei a cabeça do animalzinho, sentindo-me um pouco menos rabugento ao fazê-lo e então apressei em me vestir decentemente.
Camiseta social branca, calça bem alinhada e sapatos brilhosos. Ainda restava vaidade em mim, apesar de minhas evidentes olheiras e expressão cansada. Escovei meus dentes e penteei os cabelos, ajeitando-os em um topete. Corri para a sala, onde deixara minha inseparável mochila, tomando-a, juntamente as minhas chaves, e então, finalmente, deixei meu apartamento.
A manhã estava realmente bonita. Haviam pássaros cantando por todos os lados, pessoas indo e vindo, além de crianças, brincando alegremente. Respirei fundo, observando-as enquanto caminhava. Aquele ar, aquela graça. A inocência.
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Drugstore Perfume (Frerard Livro 2)
Fanfiction(Continuação de Hig School For Bad Good Guys) Gerard nunca foi uma pessoa religiosa, assim como a maioria das pessoas que passaram por uma infância e adolescência como a sua, porém, um emprego medíocre, a faculdade de seus sonhos e um apartamento pe...