06 - Recomeçando.

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Jennie estava parada em frente do portão da escola. Estava decidida em tentar ser legal com Lalisa daqui para frente.

Foi direto para a sala, sem falar com ninguém.

Quando chegou, Lisa estava exatamente como imaginou: sentada em sua carteita com seus olhos fechados e batendo seu dedo repetidamente na mesa.

Andou lentamente para o lado da garota.
Sentou em sua cadeira e olhou para a tailandesa.

— Oi, Lisa! — Sorriu. — Posso te chamar de Lisa?

Chamar de Lisa.

Jennie riu baixinho.

— Legal. Hmm, desculpe por ontem, ok? Eu não sabia que você não gostava que...

Lalisa murmurou alguma coisa.

— Uh? O que disse? — Perguntou animada. —Eu acho você uma fofa, sabia?

Lalisa parou de bater o dedo na mesa. O que não passou despercebido por Jennie. A coreana então, sorriu de orelha a orelha.

— Pois é, você é muito fofinha!

O sinal tocou, logo a sala estava cheia de pessoas.

Jennie estava sendo o mais compreensiva que podia em relação a Lalisa imitando falas dos professores ou fazendo barulhos.

No intervalo, Jennie queria ficar na sala e tentar conversar com Lisa. Mas Seulgi insistiu para que fosse com ela.

— Tudo que eu queria era um pouco de silêncio na sala.

— Com a Lalisa lá, sabe que não é possível. — Os amigos comentaram.

Jennie bufou.

— Pelo amor de Deus, pessoal. Ela é autista!

— E você só descobriu agora? — Beakhvun
ironizou.

— Não... Fiquei sabendo ontem quando eu encostei nela e ela surtou! —Suspirou. — A irmã dela apareceu e disse pra mim.

Saulgi balançou a cabeça.

— A irmã dela exagera em cuidar dela. —Começou. — Aposto que a Manobal nem precisa de tanta atenção assim.

— Concordo, Lalisa é apenas irritante e estranha.

— Isso está sendo preconceituoso da parte de vocês!

Jennie levantou-se em um pulo.

— A onde você vai?

— Para a sala. — A Kim respondeu ríspida.

Andou apressada até conseguir ver Lalisa sentada em sua cadeira com um semblante tranquilo.

— Oi, Lisa! — Disse gentilmente.

— Oi, Lisa.

Jennie se sentou.

— Você sempre, fica aqui, certo? Não acha um pouco chato ficar sozinha?

Lalisa começou a bater o dedo no ritimo de uma música que adorava.

— Ei... Eu conheço esse toque — Sorriu. — E dance of the swans, certo?

Lalisa abriu os olhos e olhou para Jennie do canto de seus olhos.

— Gosta de Tchaikovsky?

Por um momento, parecia que todos os sons do mundo pararam. Lalisa suspirou fundo antes de deixar a boca entreaberta.

— Aham.

Kim arregalou os olhos. Aquilo a surpreendeu.

— Você me respondeu mesmo! Nossa... Eu não esperava que fosse me responder. Na verdade eu nem esperava que você estivesse prestando atenção no que falava - falou animada —Você tem alguma música favorita? A minha é dance of the sugar plum fairy.

Jennie continuou a falar com a garota, prestando atenção em cada sorrisinho da mesma. Mas em nenhum momento a coreana abriu os olhos ou respondeu Kim novamente.

— Qual é sua comida favorita? Eu amo risoto de frango.

Risoto de frango.

A coreana ficou extremamente feliz por saber que agora tinha recomeçado e se dado bem com Lalisa desta vez.

Mas não entendia o por que de querer tanto fazer amizade com aquela garota. Sabia que talvez elas nunca seriam amigas ou nunca trocariam palavras carinhosas. Mas mesmo sabendo de tudo isso, não parava de pensar em Lisa.

Lalisatambém não estava tão diferente.

Mesmo não sabendo o que sentia, queria ficar mais tempo com a coreana, mesmo não respondendo-a, queria ouvir sua voz. A voz de Jennie trazia uma sensação de relaxamento para Manobal.

Lisa finalmente abriu os olhos e deu uma olhada rápida em Jennie o que a fez rir.

Jennie não achava Lisa irritante e nem inconveniente como todos ( pelo menos não mais) achava a garota super fofa e divertida.

Kim passou o resto das aulas falando com a menina ao seu lado. As vezes os professores a repreendia pela conversa.

No final da aula. Estava sentada no banco junto de Lisa. Tudo estava bem, a tailandesa estava tranquila na presença de Jennie.

Mas nem tudo é perfeito.

Uma ambulância passou em frente do colégio.
Isso Lalisa não pode ignorar. A sirene junto com as luzes à fizeram perder a calma.

— Lisa, tá tudo bem. — Passou a mão pelas costas da garota.

A voz de Jennie saía calma independente de seu nervosismo. Não sabia o que fazer no momento, mas como saberia? Para falar a verdade, tudo que sabia sobre TEA eram coisas superficiais.

— Você de novo?

Era Nicha que, ao ver a irmã daquela maneira outra vez, entendeu tudo errado.

— Por que não deixa minha irmã em paz?—Esbravejou.

— Você entendeu tudo errado... Eu não fi-

— Fez nada — Interrompeu. — Sei, sei... —Colocou a garota de pé. — Está tudo bem, Lali. Já podemos ir embora agora! —Começou a andar ao lado da irmã mais nova mas parou e olhou para trás. — Não quero ver seu rosto perto da Lalisa, entendeu?

Crayons | JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora