10 - Hipocrisia.

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— Jennie!— Seulgi chamou no fim do
corredor.

Kim andou até a mesma que estava encostada no armário e de braços cruzados.

— Sim?

— Faz uns dias que você mal conversa comigo nem com o Beak... O que aconteceu?

Jennie suspirou.

— Eu estou tentando conhecer a Lalisa, sabe? Tentando começar de novo.

Seulgi balançou a cabeça e riu baixinho.

— Sabe que ela é autista, não sabe?

— Sei... Mas o que tem?

— O que tem que ela vai te machucar algum momento... Mesmo não sendo de propósito.
Ela não conhece limites, muito menos tem compaixão ou empatia por ninguém. Amizade com ela não é uma boa idéia...

Jennie bufou.

— Isso é muito preconceituoso da sua parte.

Kang riu.

— Talvez seja... Mas, admita, você concorda com o que eu digo, pelo menos um pouquinho.

Jennie ficou paralisada. Concordava?

Concordava mesmo? Não sabia o que responder.

— Eu...

— Vamos, seja mulher o suficiente e admita que a acha irritante mesmo. Que queria que ela mudasse para uma escola especial para pessoas como ela.

A mais nova abriu a boca para falar algo, mas absolutamente nada saía.

Como responderia? Queria dar uma resposta politicamente correta. Mas não sabia como falaria.

Só que também não queria mentir. Mas nem sabia se falasse "não concordo" estava mentindo ou só querendo ser legal.

— Vamos, Kim, fale alguma coisa. — Segurou o braço da coreana mais nova.

— ..... Eu... E-eu...

O sinal tocou. As pessoas passavam pelas duas e entravam em suas salas.

— Foi o que pensei... Você é a porra de uma hipócrita. — Sorriu fraco. — Não te culpo, se sente mal em confessar que uma menina é chata apenas por ela não ser normal... Quer se dar bem com todos e não gosta de confusão.
Entendo..

Seulgi soltou Kim e andou alguns passos e olhou por cima de seu ombro para a coreana
ainda paralisada.

— Ainda quero ouvir uma resposta concreta.

A mulher saiu de seu transe e seguiu a coreana para a sua sala.

Sentou em sua cadeira e olhou para a menina sentada ao seu lado.

Mordeu os lábios pensando na pergunta de Kang. Estava sendo hipócrita mesmo? Ela não sabia nada sobre Manobal. Só sabia do
"menos" importante que era o TEA. Não sabia qual era o sobrenome dela nem o nome da irmã. Nem a cor favorita da garota; a comida favorita; quantos anos tinha...

Nada, Jennie não sabia nada. E se amaldiçoava por isso. Então, estava mesmo sendo uma hipócrita?

[...]

Jennie chegou em casa e se jogou na cama. A pergunta de Kang ainda rodava em sua cabeça.

"Vamos, seja mulher o suficiente e admita que acha ela irritante mesmo. Que queria que ela mudasse para uma escola especial para pessoas como ela!"

— Eu não sei... — Gruniu.

Rolava na cama de um lado para o outro à procura de algum conforto.

Crayons | JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora