Normal.
Lalisa sempre quis saber o significado dessa palavra. Não se sentia normal. Isso a deixava tão magoada.
Desde pequena sabia que era completamente diferente das outras crianças de sua idade.
Não gostava de correr nem brincar na rua, preferia mil vezes ficar em sua casa assistindo algum desenho ou simplesmente ficar quietinha no seu canto. Odiava aquelas músicas infantis que, quando as ouvia, sua cabeça começava girar e seus ouvidos a zumbir.Tudo piorou no dia 07/09/2009, o dia que veio o diagnóstico. Sua mãe começou a trata-lá de forma diferente de como tratava a irmã ou seus primos menores. Isso era perceptível para ela. Tinha a completa consciência de que a própria mãe, por mais que ela falasse o contrário, não à achava normal.
— Acorda, Lalisa. — Minnie chamou.
Lisa virou-se na cama e cobriu sua cabeça com o cobertor começando a contar mentalmente. Nicha suspirou e puxou devagar o lençol que a cobria. Lalisa cobriu-se novamente
— Deixa de manha — Sorriu, puxou o cobertor de volta. — Vem, levanta logo.
Lisa iria se cobrir novamente, mas Minnie segurou sua mão.
— Lali, levanta, você vai. — Foi interrompida por uma mordida forte em seu pulso.
Soltou um gritinho e apertou o local da mordida. O pulso da garota agora estava roxo e com as marcas dos dentes da irmã.
— Lali... — Passou a mão pelo local dolorido. — O que-
— Cala a boca! — Gritou.
Nicha arregalou os olhos depois franziu o cenho. Nunca tinha ouvido a irmã gritar daquela forma. Gritar com tanta raiva.
— O que aconteceu pra você ficar assim, Lalisa? Olha, sei que acordou de mal humor. Mas você tem que levantar e ir pra escola.
Viu a caçula cobrir os ouvidos e se encolher na cama. Suspirou e fez um carinho nos cabelos bagunçados da irmã.
— Tá tudo bem, beb-
— Cala a boca, Nicha!
— Tá bom. — Levantou da cama e andou até a porta — Mas daqui a pouco eu volto.
Kim bufou. Odiava aquilo. Queria ser tratada como alguém normal. Ou pelo menos como uma adolecente de quinze anos, e não uma criança de cinco.
Queria tanto nascer de novo. Mas dessa vez normal, com uma cabeça normal para não surtar toda vez que a mãe ligasse o liquidificador.
Tentava, tentava muito, muito mesmo. Mas não podia evitar balançar seu corpo, ou cobrir seus ouvidos, bater nas pessoas e nem gritar quando algo à incomodava.
Naquele dia, só queria ficar deitada o dia todo. Não estava a fim de sair da cama e ir para o Colégio depois de ouvir Jennie dizer que não tinha interesse em sexo nem em namoro com ela. Aquilo à magoou. E por que? Porque Lalisa tinha interesse em sexo com ela.
Pensava que a Jennie não queria fazer sexo consigo porque era autista.Se, de acordo com os pais dela, Jennie fazia sexo com uma garota atrás da outra várias vezes por mês, qual é o motivo de Lalisa ser diferente?
Mas também ela pode ter dito aquilo apenas por estar na frente de seus pais. Mas isso nem passava na cabeça de Lisa.
Ela nunca tinha se importado com nada disso. Mas agora tudo mudou. Isso é o que as outras pessoas sentem? Se sentem assim quando não são correspondidas? Uma imensa angústia e um ardência - que não é boa desta vez - no peito que machuca o coração?Isso também era novo. Mas ela gostaria muito não ter conhecido essa sensação nova. Podia morrer tranquilamente sem conhecer aquilo.
— Lalisa? — Ouviu sua mãe chamar. — Minnie me contou que você acordou de mal humor. — Sentou ao lado da menor. — Mas... Tá tudo bem, ok? Não precisa ir para a escola hoje se não quiser. Faltar uma só vez não faz mal.
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Crayons | Jenlisa
FanfictionAos cinco anos de idade, Lalisa é diagnosticada com autismo severo. Nunca teve nenhum amigo e nunca tentou ter. Vivia em seu mundo particular a maior parte do tempo, mas uma novata mudará isso. ⚠️ Esta história é apenas uma mera adaptação, todos os...