Ah coração, descompassado coração

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LUNA

        Uau.

        Aquele homem realmente estava pedindo desculpas.

        O homem sombrio, que apesar de lindo eu achava ser incapaz de demonstrar emoções, estava na minha frente pedindo desculpas.

        Além disso Matteo minutos antes tinha sorrido. Não... não foi apenas um sorriso foi uma puta de uma risada, e caramba, que som gostoso de ouvir. Ele deveria rir mais vezes.

        Demorei alguns segundos para reagir, mas quando olhei para ele novamente sem ser com minha cara de idiota embasbacada, o mesmo ainda aguardava uma resposta.

        — Tudo bem... todo mundo tem dias ruins, acontece.

        Matteo balançou a cabeça concordando, seus lábios se apertando em uma linha fina enquanto seus olhos se estreitavam em minha direção parecendo pensar em algo.

        De repente ele esticou a mão em minha direção, me deixando confusa com o gesto.

        — Matteo Balsano. 32 anos, capitão do corpo de bombeiros, nasci na Itália, mas fui criado em Boston. Minha mãe era estaduniense e meu pai é italiano.

        Demorei alguns segundos para compreender. Ele estava se apresentando, começando de novo e apagando a forma horrorosa como nos conhecemos, apagando os mal entendidos e más impressões.

        Joguei a lanterna para a mão esquerda e ergui a direita retribuindo o cumprimento ao apertar sua mão. Mão essa que era enorme e quase engolia a minha.

        — Luna Valente. 28 anos e professora. Minha mamá era Mexicana e meu pai era de Houston. Eu nasci aqui em Austin, mas fui criada na Cidade do México. Quando eu tinha 14 anos voltamos para cá. Por isso o sotaque.

        Matteo assentiu, mas alguns segundos depois me olhou com estranheza e voltou a perguntar.

        — Seu sobrenome não era outro?

        Então me dei conta que pela primeira vez desde que Simón se foi, eu utilizei meu nome de solteira.

        — Aah... é, sim... Eu te falei Alvaréz antes, era o sobrenome do pai do Théo, mas ele...

        — Entendi — Me interrompeu antes que eu pudesse concluir e o agradeci mentalmente — Devo utilizar o Valente então? — Balancei a cabeça confirmando — É um belo sobrenome.

        — Obrigada.

        Sorri em agradecimento e meu olhar se prendeu ao seu. Os olhos extremamente escuros mesmo quando vistos em alta luminosidade me encaravam profundamente. Era como se de alguma forma Matteo conseguisse enxergar através dos meus, como se pudesse ver minha alma.

        Não sei se durou segundos, minutos ou uma eternidade, mas em algum momento nos demos conta e voltamos a piscar constrangidos. Foquei em nossas mãos ainda conectadas e por algum motivo eu não quis solta-las. Mas o fiz, afinal seria estranho ficar de mãos dadas com meu vizinho, não seria?

        Matteo tossiu limpando a garganta e se virou novamente para as portas do elevador. Voltei a mirar a luz da lanterna para ajuda-lo mas não sei se a visão me ajudou.

        Os músculos dos bíceps se apertavam contra a camiseta do uniforme azul marinho. Suas costas largas também não deixava de ser uma tentação. A calça apesar de não ser tão justa, se prendia o suficiente ao seu corpo para me fazer gostar do que estava vendo.

        — Luna, a lanterna...

        Matteo chamou minha atenção e só então me dei conta que havia descido o objeto para examinar melhor o bombeiro.

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