08 | Capítulo

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O nervosismo ainda tomava conta do seu corpo, ainda mais depois que recebeu a  notícia.

--- A mulher do Senhor Laruso, síndico do seu prédio, esteve na delegacia hoje de manhã, o velho tomou chá de sumiço. --- gracejou um dos peritos.

--- Isso não interessa para nós, não somos da polícia. --- disse Peter.

--- Mas você é. --- respondeu um deles. --- Trabalha diretamente com eles agora, esqueceu?

--- Provavelmente você será chamado para depor em breve, o velho morava no mesmo prédio que você. --- disse outro.

Peter deu de ombros, fingindo não se importar, mas a sua consciência lhe acusava mais do que tudo.

--- Ah, e a polícia abriu o caso da Alice Meira novamente. --- declarou Oliver, o perito chefe.

Callin arregalou os olhos. Desde o começo, sentia que tinha algo errado com esse caso, sentia que tinha muito mais daquilo que estava em seus olhos.

--- Por que fizeram isso? Acharam algum indício estranho no local? Nós não mexemos mais no corpo. --- perguntou ele.

--- Uma vizinha foi na polícia ontem à noite, ela diz ter ouvido uns gritos altos vindos da casa, disse que a garota discutiu com a mãe durante um longo tempo. --- começou o chefe. --- O pai da garota apareceu, ele não sabia sobre isso, e ao depor para a polícia, disse que sua filha sofria alguns ataques de pânico e ansiedade, e que por esse motivo não se dava bem com a mãe.

--- Então eles estão considerando...

--- Sim. Talvez não tenha sido um suicídio.
--- declarou Oliver.

--- O cenário feito por eles já foi montado, primeiro...

--- Primeiro a discussão começou por algum motivo que a polícia ainda não sabe. Alice queria se livrar daquela gritaria, não queria mais discutir, então foi andando até o terraço da casa para esfriar a cabeça e se manter longe da mãe, mas a mulher foi atrás. --- começou Peter. --- Elas continuaram discutindo do terraço, até chegar num nível absurdo a ponto de haver uma agressão maior.

--- Ela empurrou a filha. --- afirmou um dos homens.

--- Exato. --- respondeu ele.

--- A gente não encontrou nenhuma digital no corpo da garota, só marcas de um objeto não identificado. --- continuou. --- Supostamente o objeto que a mãe usou para agredir a filha. De acordo com o relatório que recebemos da polícia, o local da queda era plano e liso, não havia nada que a machucasse na hora da queda.

--- A polícia ia chama-la para depor novamente, mas eles preferem ir até a casa. --- disse outro perito.

--- Até eles terem certeza da real causa da queda, pediram para não mexermos no corpo. --- ordenou Oliver. Todos assentiram.

Só com esses últimos relatos, Peter já sentia sua nuca queimar. Ele queria ter certeza do que realmente aconteceu, queria confirmar logo suas suspeitas. Como dizia seus colegas de equipe, ele era o melhor perito, ex policial, e agora especialista em analisar corpos.

Continua...

O cadáver do síndicoOnde histórias criam vida. Descubra agora