O cadáver do síndico

10 | Capítulo

Callin não estava bem. Sua cabeça martelava sem parar, a tontura se fazia mais forte à cada passo. Não era cansaço físico. Ele estava perturbado. Tinha um cadáver em sua casa, e não se sabia por quanto tempo teria que viver debaixo do mesmo teto que aquele corpo.

Ele evitava ir até o cômodo, não queria ter que encarar aquele freezer, se recusava a acreditar que teve essa coragem.

Seus pensamentos conturbados foram interrompidos por uma batida na porta. Já passava das 21 horas.
Por um momento, ele pensou que fosse o síndico, mas se lembrou que o homem estava morto.

--- Joyce? --- ele não esperava por essa visita.

A mulher loira estava ali, bem diante de seus olhos.

--- Peter... --- disse ela, deixando o nome dele morrer no ar, como se tivesse o recitando.

Ambos ficaram ali, parados, um de frente para o outro, se encarando como se não houvesse amanhã.

Os pingos de chuva começaram a cair lentos do lado de fora, molhando de maneira suave os fios loiros da mulher.

--- Por favor, entre. --- disse ele ao perceber que a chuva já caia.

Joyce limpou suas botas no tapete de boas vindas e adentrou o cômodo.

Seus olhos azuis fitaram cada canto do cômodo, depois de finalmente pousarem  no rosto curioso do homem. Ele também a encarava, queria saber o motivo daquela visita inesperada.

--- Eu sai da minha unidade no Texas, fui enviada para cá de uma hora para outra. Uma loucura. --- disse ela. --- Não tive tempo de procurar casas de aluguel e nem reservar hotel. 

--- Como conseguiu meu endereço? Não quero parecer grosso, só estou surpreso.
--- perguntou ele.

--- O chefe da sua unidade entrou em contato comigo e sugeriu que eu ficasse na sua casa por enquanto, ele me passou seu endereço. Tem algum problema?

--- Não, de maneira alguma. Fique à vontade.

Ele sabia que poderia ser um risco, afinal, não era o único a morar na casa, mas não podia negar estadia para Joyce, sua velha amiga, ou melhor, sua ex namorada.

Continua...