1.04- Contrabandistas

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Meu dia tinha um grande potencial para ser o melhor do verão. Mas como sempre, um simples emoji de alerta esmagou minhas expectativas da mesma forma que o Abraham de The Walking Dead acabava com o cérebro de um zumbi no punho.

Eu gostava tanto daquele ruivo.

— A gente estava do lado de fora, assim.— abro os olhos novamente para ver JJ encostado na traseira da lareira da varanda — E de repente a gente ouviu um BAM! BAM! BAM!— Cometa late — Arrancando a tinta da parede por fora! Sacou? Eu fiquei olhando para ele tipo... Mas primeiro, olhem pra isso.

O idiota se abaixa e começa a mexer no cabelo, fazendo um monte de coisinhas brancas caírem.

— Isso é caspa.— diz Kie.

— Que nojo.— balanço a cabeça em negação.

— Olha tudo isso, tá!— aponta para o chão — É tinta. Naquela hora, eu achei... Eu achei que eu ia morrer.

— Ata, então você viu os caras que atiraram na gente, né?— começa Pope.

— Vi.

— Então consegue descrever os caras? Como eles eram...

— É, qualquer coisa.— Kie complementa.

— Qualquer coisa que possa colocar no boletim de ocorrência, sei lá?— Pope continua.

JJ ficou em silêncio e sorrio, me sentando no sofá onde eu estava deitada. Ou ele vai falar uma coisa muito sábia, que vai nos ajudar no BO ou...

— Fortes.

Ou uma coisa que não vai nos ajudar em nada.

— Fortes?

— Tipo bodybuilder?— pergunto.

— Isso não ajuda.— diz Kiara.

— Eram tipo os caras da oficina do meu pai. Vocês sabem que ele fazia parte de uns esconderijos de carga para contrabandistas.

— É, a gente sabe...

— Então eu posso dizer com toda certeza, gente, esses caras, os assassinos, — deu um trago — são contrabandistas.

— São contrabandistas, tipo de drogas mesmo? Tipo da raça do Pablo Escobar?

— É, isso.

— Gente, a vida não é um filme de ação.

— Discordo.— encaro Kiara — Muitas loucuras acontecem na vida real que só poderiam acontecer em filmes.

— Ah é? Tipo...?— arqueia uma sobrancelha.

— 11 de setembro? No início serem contra Martin Luther King? Assassinato de JFK? Literalmente a escravidão? Coisas horríveis sempre acontecem, nos filmes eles apenas pintam com tinta colorida.

— Touché.— Kie balança a cabeça, concordando.

—... E como é a cara desse contrabandista especificamente?— olhamos para Pops.

— Olha, você não estava lá!

— ... Porque, aparentemente, você não está conseguindo se lembrar de nada!

— Mano, eu não tirei fotos mentais dos caras! Era muita pressão, tá?! Mas dá pra dizer que pelo jeito que a dona Lana estava gritando, que esses caras, eles são homens muito, muitos sérios.— respira fundo — O clima está pesado agora, tá? Eu não tô curtindo essa vibe.

— E por que eles querem a bússola?— Kie perguntou.

— Aquilo é uma merda. Não dava pra penhorar por cinco pratas.— Pope encara John — Sem ofensa, sei que era herança da sua família.

Saturn | Outer BanksOnde histórias criam vida. Descubra agora