IV. Sonhos cruéis

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Boa leitura!

Referências do filme do trem infinito.
3808 palavras.

IV. Sonhos cruéis

O vento lá fora era semelhante a uma tormenta: Era forte, violento e quem quer que estivesse em contato com ele, seria levado

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O vento lá fora era semelhante a uma tormenta: Era forte, violento e quem quer que estivesse em contato com ele, seria levado. As árvores perdiam suas folhas para o vendaval, as fazendo voar e se separar umas das outras, assim como aconteceu com Yuki e sua família, que foram isolados inicialmente por sua obstinação, e mais tarde, pela fome do demônio. Se antes pudesse voltar e os ver novamente, agora é um caso irreal. Só os encontrará em suas próximas vidas.

Com os cotovelos apoiados na janela e o rosto apoiado na mão, seus olhos escuros visualizavam o correr do horizonte, sem dar pausa nem descanso, a velocidade do trem concedia uma turva visão do local, que estava prestes a se escurecer com a chegada da noite. Já se passaram alguns dias, ou meses, desde que saiu em viagem ou exploração. Andou por pequenos vilarejos, experimentou diferentes culinárias ao longo do caminho e conheceu pessoas bondosas e gentis, que a deram hospedagem por alguns dias em sua residência. 

Com a velocidade diminuindo aos poucos, os passageiros sabiam que estavam próximos à estação. Alguns já atingiram seu destino, saindo da locomotiva e se dirigindo à saída do local; alguns ainda precisavam seguir viagem em outro trem, que era o caso de Yuki, já que depois de visitar tantas pequenas vilas, agora queria algo mais urbano, que era desde o princípio seu objetivo. Muzan não havia falado de onde veio e onde mora, então, o encontrar é um enigma, que a Tsukumo faz de tudo para desvendar, sem saber que é impossível. Já na plataforma, ela espera o transporte dar sinais de que vai sair para entrar. Durante sua espera, escuta gritos masculinos e, pela curiosidade nata que dividia com a falecida irmã, foi descobrir o que era, vendo três garotos, cada um com uma cor diferente de cabelo, sendo que um deles continha uma cabeça de javali no lugar de uma humanoide.

– Ataque do porco! – Gritou o último citado. Todos eles tinham espadas e vestiam uma espécie de uniforme que a fez despertar um interesse vultoso, tendo que se conter para não ir até eles e fazer uma série de perguntas, o que, na presença de seu pai, seria algo totalmente atrevido e indelicado.

– Pare com isso, que vergonha! – Um loiro falou, após o javali bater com a cabeça o trem infinito, nome da locomotiva. Eles pareciam ser bem peculiares aos olhos das pessoas comuns, observando o fugir dos garotos contra a polícia. "Não há como serem samurais, afinal, eles não existem mais. Não se encontra mais deles desde a era Edo, e estamos na Taishō. Provavelmente são espadachins.". 

Interrompeu seus pensamentos com a abertura da porta, ocasionando a entrada das pessoas ao vagão, e ela logo os seguiu, se encaminhando para dentro e tentando localizar um assento para permanecer até chegar em sua nova parada, que sem demora acha, se sentando nos fundos, onde o banco da fileira do lado era ocupado por apenas um garoto pálido, de aparência enferma, tossia às vezes num lenço branco que portava. Se acomodou e se deixou fechar os olhos por um momento breve, sentindo o trem começar a se mover sobre a linha férrea, fazendo um vaivém lento no corpo que acabou por estimular a melatonina em seus vasos sanguíneos. Se entregaria ao sono, se não fossem os gritos nos assentos à frente. "Delicioso!", "Saboroso!"; algo assim era sempre vociferado assim que fechava os olhos. Todos olhavam assustados mas curiosos para o autor dessa balbúrdia. Yuki se inclinou para os olhar, fazendo seus fios caírem de lado como uma cortina, e observou o homem de cabelos com a cor das chamas, assim como os outros três garotos que havia visto antes. Eles conversavam aos berros, sempre com o tom de voz elevado, como se estivessem a se comunicar com surdos.

A mulher de cabelos rosados - Imagine Muzan KibutsujiOnde histórias criam vida. Descubra agora