São duas horas da manhã
sempre são duas horas da manhã
quando meu inconsciente
decide despertar meu corpo e
me pôr de volta a enxergar
o eco do meu quartoenquanto o feixe de luz
do letreiro
da loja medíocre
corta o vidro
me lanço à janela e
lamento a alma pequena
que eu levei
pra beira do abismo e
deixei morrer
a pobrezinha
muda
suculenta
padeceu de sedeinclino a cabeça de volta
rebatendo mais uma vez
a pilha de decepções
que deixei largada no canto
junto aos papéis
minuciosamente rasgadoseu gostaria de não pensar
sobre os espaços em branco
mas me pego alinhando
os olhos à porta
com medo
da melhor parte de mim
ter ido emborauma buzina lá fora
toca
minha consciência
me estapeia
eu perco a forma
esfrego o rosto
tomo fôlego
planto as plantas dos pés
no chão
e em suspiro admito,
há um grande eco nesse quarto.
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De Onde Vem o Silêncio
PuisiUm corpo (re)batizado Segue o rastro dos dias Que hora amanhecem Hora já passou a tarde Preso em seus questionamentos A realidade tem sido uma projeção Onde as vozes abafam sua própria voz E o isolamento é um grito de socorro