A casa de memórias

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Sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Acordar sem Anakin Skywalker do seu lado era uma droga. Padmé havia passado boa parte da vida sem saber o que era dividir a cama com um homem, e outra parte acostumada a compartilhar o espaço com Poe Dameron. Mas, após algumas noites clandestinas com Skywalker, ficara suficientemente difícil não sentir a imediata saudade do cheiro dele no travesseiro e da presença de seu corpo forte e quente do outro lado do colchão. Principalmente quando Padmé acordava de manhã e não tinha quem abraçar. Ela gemeu de frustração naquela manhã ao perceber isso e, sobretudo, notar que Anakin era de fato uma droga: causava dependência muito facilmente. Mas tudo bem, porque em poucas horas estaria ao lado dele no carro e cessaria sua abstinência. 

Apesar da saudade, seus arredores estavam cercados de paz. Isso porque os gêmeos dormiram na casa do Skywalker, o que significava que ela podia tomar café sozinha e desfrutar do silêncio matinal. Padmé gostava desses momentos, de poder simplesmente saborear uma xícara de café com leite adoçado sem gritos pelos corredores como: 'Mãe, onde é que eu deixei meu tênis?' ou 'Mãe, posso ir ao cinema com Han Solo hoje?' ou 'Mãe, cadê meus fones?' ou 'O Victor pode vir aqui hoje à tarde?'. Apesar disso, Padmé sentia falta dos filhos quando eles não estavam. Ela havia se habituado tão facilmente aquela vida de mãe dupla, coisa que tanto tivera medo, que hoje, mesmo quando tinha paz, ainda sentia falta do caos.

O meio de outubro trazia consigo a baixa temperatura do outono. As folhas já estavam suficientemente amareladas e alaranjadas e o tempo completamente nublado. De vez em quando, um sol tímido surgia do outro lado do céu, mas era raro. Nesses dias, Padmé queria ficar embaixo das cobertas por um longo tempo. Honestamente, a rotina de ter que rodar 100km todos os dias começava a ficar exaustiva. Ela amava seu trabalho, mas estava sobrecarregada. O caminho era longo, apesar de Anakin dirigir bem e rápido, o gasto também era considerável, visto o valor da gasolina e o tanto que tinham que rodar. Contudo, era seu trabalho, não tinha como ou o porquê se demitir, não fazia sentido. Mas ao menos estava tentando colocar na cabeça dos investidores que ela podia trabalhar home office — tudo que precisava era de seu computador, não era lá grande coisa...

Padmé se arrumou rápido naquela manhã, optando por coturnos com saltos baixos e uma jaqueta de couro por cima do moletom de cor creme. Quando Anakin buzinou, ela trancou a porta de casa e saiu a passos rápidos, entrando no carro apressadamente.

— Já deixou as crianças? — indagou Padmé, notando que o banco de trás estava vazio.

Imediatamente ela também sentiu o próprio vazio no peito. Estava habituada com o caos... 

— Bom dia pra você também, meu amor! — exclamou ele ironicamente com um sorrisinho sarcástico e apaixonado. 

Padmé riu e revirou os olhos, sentindo tudo se aquecer dentro de si. 

— Bom dia, amor... — disse ela, colocando o cinto e se esgueirando para dar um selinho em Skywalker, tão casualmente como se tivesse feito isso a vida inteira. 

Era engraçado pensar que o sonho havia se tornado rotina. 

Anakin sentiu-se quase satisfeito, se não fosse a brevidade do beijo.

— Sim, já deixei eles na escola — Informou Anakin, girando as chaves do carro, dando partida e seguindo reto em direção a saída da rua de Padmé.

— Ah... — Padmé murmurou, meio decepcionada, pois tinha a esperança de vê-los antes da aula.

— O que foi? Já está com saudade das pestes? — Anakin provocou-a.

OPERAÇÃO CUPIDO! - AnidalaOnde histórias criam vida. Descubra agora