A última prova do amor

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Domingo, 20 de outubro de 2019

Padmé Amidala acordou com os raios de sol percorrendo os lençóis da cama e com batidas apressadas em sua porta. Ela sentiu alguém se mexer do outro lado do colchão. Sorriu ao se lembrar que Anakin caira no sono ao seu lado na noite passada e que estava ali, com o braço sobre sua cintura em um abraço automaticamente desleixado. Mas as batidas, antes tão distantes em sua mente nublada pelo sono, agora pareciam mais insistentes, eram acompanhadas de murmúrios e de uma voz que vinha ficando estridente e que chamava seu nome. Ela sentiu Anakin suspirar audivelmente. E então, a consciência voltou ao seu corpo, e o sono desapareceu com um sobressalto ao que Amidala notou que se tratava de sua mãe à porta.

— Anakin — sussurrou, assustada, levantando-se com tudo e sentando-se no colchão. — Anakin, acorda! — murmurou, como uma adolescente que é pega aprontando uma besteira.

Skywalker estava sonolento ainda, nem um pouco sobressaltado, pelo contrário, relaxado até demais, a ponto de seus olhos estarem ainda baixos e um bocejo escapar de seus lábios.

— Hum? — murmurou, confuso.

— Minha mãe! — sussurrou agressivamente Padmé.

Anakin abriu os olhos dessa vez. Sua expressão ficou gradativamente preocupada e ele se levantou rapidamente, procurando suas roupas pelo quarto de Padmé.

— Padmé! — gritou a mulher do lado de fora. — Vamos, já passa das dez da manhã! — murmurou.

Ele conseguiu encontrar sua roupa íntima e sua calça a tempo de vesti-las de depressa. Mas a camisa ainda estava perdida pelo chão do quarto. Anakin olhou desesperado para a janela, mas Padmé apontou a porta do banheiro que ficava dentro da suíte. E, com um suspiro de alívio, Skywalker se trancou ali. Amidala levantou da cama e alcançou seu roupão, vestindo-o depressa e fechando-o logo após. Abriu a porta do quarto enquanto ainda prendia o cabelo.

— Bom dia, mãe... — murmurou Padmé com um sorriso amarelo.

Jobal segurava uma cesta de café da manhã nas mãos e tinha uma expressão meio contrariada, apesar do fantasma de um sorriso nos lábios.

— Bom dia, Padmé — falou, a voz calmamente desconfiada. — Feliz aniversário, filha... — disse, ainda mais baixo, oferecendo a cesta às mãos da Amidala mais nova.

Padmé se surpreendeu com a visão. Sua mãe costumava ser uma pessoa difícil de se aproximar e com poucas demonstrações de carinho e afeto ao longo da vida. Após a morte de seu pai, as coisas pareciam ainda mais entristecidas. Jobal era uma mulher forte como uma rocha, impenetrável também. Ela não lidava muito bem com a ideia da filha estar próxima de Anakin, e mesmo com a convivência com o neto que há tanto deixara nas mãos do pai. Mas Padmé sabia que, em algum lugar, ela só estava tentando lidar com tudo isso e entender seus erros, como qualquer outro ser humano no mundo. Seu pai podia ser uma pessoa ruim, em certo ponto, mas sua mãe era culpada por omissão e lidar com as consequências dos próprios erros lhe parecia mais difícil do que se livrar deles de uma vez por todas.

Padmé sorriu genuinamente, apesar da surpresa. Ela também precisava ajudar sua mãe naquele processo que, apesar de tudo, também estava enfrentando a dor da perda e uma depressão causada pelo luto. Amidala tinha sim suas próprias questões, mas estava aprendendo com Anakin que, às vezes, o perdão é necessário.

— Obrigada, mãe... — murmurou Padmé, apanhando a cesta de café e se aproximando para um abraço rápido.

Jobal se surpreendeu com o gesto. Não esperava um ato tão afetuoso assim da parte de Padmé, e nem sequer sabia lidar com aquele momento. Mas não se esquivou. Aceitou, ainda que sutilmente, o breve abraço.

OPERAÇÃO CUPIDO! - AnidalaOnde histórias criam vida. Descubra agora