Pequena Gomez

111 16 15
                                    

POV'S: Demi

Minha cabeça doía, meu estômago dava voltas enquanto pensamentos confusos passavam por meu subconsciente sonolento. Uma claridade incomoda atingiu meus olhos me fazendo apertá-los com mais força que o normal pelo desconforto que a luz vinda da janela de cortinas abertas me causou, eu havia exagerado na bebida no final de semana e como era de se esperar o resultado indesejado da intoxicação pelo excesso de álcool em meu organismo apareceram pela manhã. Com os olhos fechados, e o rosto afundado no travesseiro grande e macio, eu tentava me recordar da noite passada buscando na memória lembranças do que possa ter acontecido para que eu acordasse em um quarto que não era o meu, mas que ao mesmo tempo me pareceu tão familiar após minha ida até uma balada em um sábado para me divertir e distrair um pouco a mente na companhia dos meus amigos e minha irmã mais velha. Quando se leva um fora o melhor que se tem a fazer é beber, encher cara é uma ótima maneira de esquecer as frustrações e idiotices que cometemos na vida. Não era do meu feitio sair para a noitada e me embriagar em festas, no entanto, as coisas não iam bem dentro de mim nesses últimos dias. Minha conduta foi inaceitável, eu me sentia culpada e tola por aquele quase beijo renegado de forma hostil pela fazendeira, afinal o que ela poderia ver em uma mulher insípida como eu? Nunca dariamos certo desta maneira, somos diferentes feito água e óleo. Cheia de pessimismo por ser desprezada eu somente rezava para que meu emprego na fazenda fosse mantido, Selena não falou nada com meu pai nesses dois dias que passaram a respeito da minha suposta "audácia" com ela o que eu considerava como sendo algo razoávelmente bom para mim dentre as circunstâncias que eu me encontrava. Como Eddie era responsável pela contratação e dispensa dos funcionários a mando da nossa patroa, eu acreditava que caso a fazendeira estivesse cogitando mesmo me mandar embora meu pai seria quem me daria a terrível notícia. Gemendo em desgosto novamente abri os olhos fazendo um esforço fora do comum para manter minhas pálpebras pesadas levantadas, apreensiva para descobrir meu paradeiro explorei o cômodo de paredes de cores frias com o olhar assustado, sentando no colchão nervosa por estar nua embaixo de lençóis sedosos e cheirosos com uma fragrância cítrica que foi facilmente conhecida por mim. De primeiro momento não consegui reconhecer o lugar que eu estava e nem enxergar direito o ambiente quando despertei desorientada, de ressaca e sem roupa. Em um estalo minha mente deixou de ser um borrão branco, meu cérebro começou a receber informações destorcidas da noite anterior que chegavam na minha cabeça como um tsunami dificultando minha capacidade de absorção sobre todo o ocorrido na madrugada. O aroma leve e bem refrescante como o cheiro do mar ficou inconfundível no segundo seguinte que invadiu continuamente o meu olfato, o perfume masculino bastante peculiar, impregnado em minha pele e por toda a cama era o cheiro dele, do homem que meses atrás quebrou meu coração em infinitos pedaços.

-Porra, Demetria! Que estupidez você fez desta vez? - Com a mínima capacidade de consciência dos fatos murmurei angustiada levando ambas as mãos ao rosto perturbada.

Ali naquele instante eu soube as ações dos meus atos esquecidos por conta da bebida, flashes de um corpo musculoso, despido, suado e grande por cima do meu vieram na minha memória me matando por dentro de arrependimento e vergonha.

-Bom dia, bela adormecida! - Puxei rapidamente o tecido fino do lençol amarrotado o enrolando mais ao meu corpo, escondendo minha nudez quando ouvi a voz rouca do meu ex-noivo canalha.

Wilmer adrentrou o quarto do apartamento moderno que ele morava sozinho usando unicamente uma cueca boxer preta sem costura, exibindo seu corpo malhado de músculos definidos onde era possível notar os contornos na pele bronzeada.

-Eu trouxe um remédio para você, como sempre beber demais nuca te faz bem, nẽna. - Ele abriu um sorriso grande, me oferecendo um comprimido e um copo de vidro com água.

A nomeação carinhosa no final da sua frase me causou um aperto no peito, fazia meses que eu não o ouvia me chamar assim e isso me abalou.

-Não, não me chama assim! - Adverti o moreno decepcionada por ele usar de uma intimidade que não tínhamos mais.

A Fazendeira Onde histórias criam vida. Descubra agora