POV'S: Demi
As coisas estavam um caos, uma bagunça enorme fora e dentro de mim. Com os meus olhos denunciando uma decepção doída que eu nunca tinha sentido antes esmagar meu coração me afastei de tudo aquilo com um nó crescendo na garganta, limpando as lágrimas das bochechas do choro que aos poucos ia aumentando. Não respondendo aos chamados e questionamentos apreensivos de voz preocupada da minha mãe que continuava na janela da sala, eu simplesmente sai perambulando pelas ruas de cabeça baixa. Eu queria sumir pra bem longe e desaparecer por alguns segundos do mundo, queria apenas fugir dessa realidade deixando tudo e todos que me magoaram pra trás. Horas mais tarde, eu não sabia se estava perto ou distante demais de casa, se havia pego o rumo certo ou errado para o apartamento dos meus amigos, Matthew e Sirah. Com toda a franqueza aquilo não me importou muito naquele momento, eu apenas segui em frente sozinha, passando a noite em claro, caminhando pela cidadezinha pacata de interior até o nascer do sol. Às vezes a gente precisa sacudir tudo, virar as coisas de cabeça para baixo para tentar arrumar os pensamentos no lugar. E, foi isso que eu fiz nos quatro dias que estive fora da casa dos meus pais, morando de favor no apê dos meus amigos da época de faculdade, me recusando temporariamente a voltar para lá após as consequências causadas pelas mentiras baratas e imprudentes contadas por meu pai, a Wilmer. Vivendo esses dias iguais de longas noites sem dormir, frustrada atrás de uma solução ou forma diferente de resolver tudo isso com Eddie e principalmente com a fazendeira, que se recusava com veemência a falar comigo e atender os meus inúmeros pedidos para gente conversar. Reprimindo a afetividade, Selena ligou o foda-se para a resolução da nossa situação, importando menos ainda com o que eu sentia e tinha para lhe dizer após o ocorrido, se negando a me receber das três últimas vezes que fui até a casa grande disposta a falar com ela para consertarmos tudo entre nós. Não facilitando as coisas, ela inventava desculpas esfarrapadas intermediadas a mim através de Letícia para não me ver. Evitando qualquer interação comigo, Gomez não retornava minhas ligações ou respondia as mensagens que eu enviava. Muitas vezes de uma maneira patética quase que implorando por uns minutos da sua atenção nos textos e áudios destinados a ela, que lotavam a caixa de entrada do seu celular. Nada do que eu fazia bastava para lhe agradar, nem mesmo me rebaixar assim foi o suficiente para fazê-la recuar no seu orgulho e teimosia. Com a tendência de ser excessivamente crítica, a morena de chapéu tinha dificuldades com intimidade e confiança, agindo portanto como se não precisasse de ninguém. Selena não queria ceder fugindo de mim e dela própria, chegando a certos instantes a me cansar com tanta indiferença que passou a me tratar nesses dias sem que eu merecesse tudo isso de graça. Seu desprezo não era o fim do mundo, mas doeu perceber que, mesmo sentindo falta dela, eu não podia cobrar da fazendeira algo que deveria ser espontâneo. Na verdade, eu estava presa entre esses dois pensamentos hoje, sem saber se eu persistia um pouco mais ou desistia por já ter feito tudo o que podia para resolver o mal-entendido causado aquela noite por outrem entre nós. Abnegando do meu amor próprio decidi que tentaria falar com a mulher pertinaz pela quarta vez quando chegasse o fim do meu expediente essa tarde, pedindo uma última chance para me explicar. Caso Selena se negue a me ouvir e persista em ser inflexível de novo, eu não ia mais insistir em ficar mendigando compreensão e nem continuaria correndo atrás da sua consideração por mim, que parecia não existir. Até porque reciprocidade não se pede, não se força, não se pode exigir de alguém a dar e receber, essa conexão não surge por vontade própria e nem acontece por obrigação e sim por sintonia entre as partes envolvidas.
-Oi, Letícia. Boa tarde, a patroa se encontra? - A mulher de avental sorriu consternada para mim ao abrir a porta, com essa minha pergunta se tornando mais repetitiva do que eu gostaria.
Como disse que faria lá estava eu na minha última tentativa, nervosa e esfregando as mãos ansiosa de pé na varanda ao ter tocado a campainha.
-Boa tarde. Lamento, mas a patroa saiu faz algum tempo e não tem horas para voltar. - Falou a mais velha me lançando um olhar pesaroso.
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A Fazendeira
FanfictionSelena Gomez, é dona de um dos maiores impérios do agronegócio do país com interesses em gado, algodão, nozes, frutas cítricas, petróleo e criação de cavalos de raça. Localizada ao norte de Dallas em Bartonville no Texas, sua magnífica propriedade p...