Amigos

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POV'S Demi

Eu estava sentindo uma felicidade que não cabia em mim, exibindo um sorriso bobo que brilhava no meu rosto por culpa da mulher abraçada a mim de pé no quarto. Selena havia acabado de nos dar uma oportunidade de futuramente sermos um casal, começando ali um novo recomeço nada fácil para ela. Porém, era hora de seguir em frente e dar uma nova chance para a vida. Você não apaga o que viveu, mas é necessário buscar a superação, superar não é esquecer, é lembrar sem se machucar. Entrar em uma relação sem as cicatrizes de um passado é algo impossível, todas as memórias que a fazendeira guardava de sua falecida esposa tornava Francia uma parte dela que jamais seria esquecida. O amor não foi feito para doer, foi feito para curar. E eu a ajudaria nisso para que daqui para frente, Gomez pudesse ser mais gentil com ela própria. Essa dor de anos passaria, mas Selena tinha que ser a primeira a acreditar nisso para que possa se libertar e deixar todo o sofrimento finalmente ir. Olhando para ela meu desejo nesse instante era de que o meu coração também danificado por eu ter quebrado a cara em um relacionamento ilusório e duradouro possa tocar o coração dela sem suas muralhas. Mesmo que não pareça, no fundo eu ainda acredito que exista aquela bobagem de contos de fadas, apesar de tudo não deixei de sonhar com o amor verdadeiro e de um dia encontrar alguém que vá gostar até dos meus inúmeros defeitos. Decorando suas feições delicadas de meio sorriso e aspecto contente parei todos os meus pensamentos por alguns segundos para olhá-la melhor, seus olhos avelãs pareciam me ver com uma certa importância a mais agora, que fazia meu coração transbordar de emoção. Acho que estou me apaixonando pela fazendeira, constatar isso a mim mesma pela primeira vez e tão de repente assim fez com que um medo inevitável tomasse conta de mim. Engolindo em seco respirei fundo me sentindo nauseada, com a sensação que evaporou minha confiança em segundos parecendo que ia me fazer explodir de dentro para fora.

-O que foi, sunshine? Você está pálida. - Selena logo percebeu que eu não estava muito bem segurando a minha mão preocupada.

-Não foi nada, eu só estou me sentindo um pouco enjoada. - Falei fazendo careta pelo aumento do mal-estar no estômago que era bastante desconfortável.

-Deve ser porque você ainda não se alimentou. Vamos tomar café, eu estou mesmo ficando com fome. - Selena beijou com carinho os dedos da mão direita que ela segurava, me levando para perto da bandeja cheia.

-Você não comeu, amor? - Perguntei enquanto me sentava em uma ponta do recamier e ela na outra ponta do móvel deixando a refeição matinal no meio de nós.

-Não, linda. Eu estava te esperando acordar para me acompanhar no café da manhã. - Gomez respondeu, sorrindo largo ao me ouvir novamente chamá-la de "amor."

-Tem muitas coisas aqui! Alimento demais para duas pessoas, não acha? - Indaguei em divertimento, com a fazendeira esboçando um sorrisinho contido.

-Eu não sei bem o que você gosta de comer, então pedi para Letícia colocar tudo que pudesse ser do seu agrado na bandeja. - A olhei surpresa, sorrindo para ela soprei um beijo em sua direção.

Selena era tão gentil, amorosa e atenciosa comigo que, às vezes me deixava sem jeito. Desfrutando da refeição matinal em uma agradável conversa com ela peguei apenas um biscoito e uma porção de frutas para comer, bebendo um pouco de suco de manga. A fazendeira por sua vez se serviu de uma xícara de café fumegante, saboreando duas fatias generosas de bolo e algumas torradas cobertas por uma geleia feita de morangos frescos, que estava com uma aparência deliciosa. Não adiantou minha cautela na escolha dos alimentos mais leves que decidi comer durante o desjejum, meu estômago sensível com as náuseas persistentes essa manhã acabou colocando tudo do quase nada que comi para fora quinze minutos após terminarmos a refeição. Preocupada e muito prestativa, Selena me amparou afagando minhas costas, segurando meus cabelos curtos para trás, enquanto eu passava mal no seu banheiro, com tontura e vomitando no vaso sanitário. Zelosa a fazendeira me ajudou a chegar com cuidado até a cama para que eu pudesse me deitar novamente, se mantendo o tempo todo ao meu lado ela ficou comigo no quarto de mãos dadas, acariciando de leve meus dedos entrelaçados nos seus por entre os lençóis brancos até que eu estivesse consideravelmente melhor do mal-estar.

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