COLE MITCHELL SPROUSE
Havia a de porra uma coroa em minha cabeça. Não no sentido literal, mas na forma como todos pareciam ter medo de mim. Como os homens queriam minha amizade e lealdade, como as mulheres ansiavam por esquentar minha cama, até a forma como minhas ordens dadas eram sempre cumpridas sem contestações. O Boss era como um rei, eu era como um rei.
Por muito tempo eu soube que um dia teria esse poder, fui treinado dolorosamente bem, torturado, torturei, matei. Me tornei o caçador de almas que a máfia precisava e, embora eu não precise me sujar diretamente, ainda tinha uma lista quilométrica de mortes que encomendei. Sem arrependimentos, de um jeito doente, nasci pra isso. Não é como se eu pudesse escolher não nascer para a máfia, foi imposto para mim desde novo, filho único do antigo capo, pelo menos legítimo. Ele foi o monstro que me moldou, que me bateu, que me obrigou a matar com 11 anos, que matou minha mãe em minha frente, Thony queria um monstro e agora eu não conseguia ser algo diferente disso.
Um ódio silencioso eu cultivei em meu coração contra ele, queria machucá-lo, fazer ele sofrer, fazer as pessoas que ele ama sangrar. Queria que chegasse o momento de revidar.
Às vezes aceitava que isso jamais aconteceria, como Capo aposentado ele tinha contatos, amigos, o círculo dos Underbosses era mais dele que meu, como atual Capo. Tentava todos os dias impor respeito, ordens mas, a cada segundo eu cansava mais de fazer o que ele queria e almejava o que eu queria. Não nasci para ser dominado, nasci para dominar.
Triplicar a produção da cocaína, treinar e iniciar novos soldados, extinguir o tráfico humano.
Eram todas impossíveis se todos os 13 Underbosses não me apoiassem, claro, eu podia matar os que fossem contra minha vontade, mas iniciar novos Underbosses daria um trabalho três vezes maior que só seguir em silêncio.
E eu seguia, porque a máfia era tudo que eu conhecia, dinheiro, drogas, prazer, desejo, negócios. A máfia era tudo.
Até ela invadir meus sonhos e se tornar minha nova obsessão.
Acho que em meu íntimo eu pressenti que ela aconteceria em minha vida, que seria um completo caos e que acabaríamos destruídos, magoados. Com o peso da liderança sob meus ombros, mais de 10 mil soldados sob meu comando e um gerenciamento de tudo que é mais ilegal e imoral, ela me viu, mesmo no caos que eu me perdi depois da morte da minha mãe. Ela me viu, segurou minha mão e me amou.
E nós acontecemos. E nós acabamos.
Um grito vazio ecoou dos meus lábios naquela madrugada. Me sentei ainda coberto pelo lençol, suado como se tivesse corrido uma maratona, ofegante, atento, sempre atento. Encarei o quarto escuro do meu apartamento, estava sozinho, eu sempre estava, alguns poucos seguranças faziam minha guarda naquela noite e podia saber que todos estavam em total alerta para o menor sinal de invasão, pessoas dispostas a morrer por mim, pelo que era, pelo que eu significava, pela coroa invisível em minha cabeça.
Naquela noite ela não veio em meus sonhos como acalento para o pesadelo que revivia sempre que dormia, depois de longos 11 meses sonhando com seu rosto, seus traços, a forma até angelical com a qual me guardava, meu corpo começou a deixá-la ir, mas eu não. Fazia meses que eu procurava por ela, por qualquer paradeiro, em todos os cantos do mundo, qualquer sinal, qualquer pista, eu só precisava encontrá-la.
Levantei da cama às pressas, o abdômen suado, exposto ao ar condicionado, o moletom se agarrava às minhas pernas e depressa, saí do quarto indo até o escritório que ela estava cuidadosamente guardada. Assim que adentrei a sala e acendi as poucas luzes do ambiente encarei-a.
Não seu rosto real e quente mas, uma pintura muito bem feita que retratava a imensidão dos seus olhos verdes, dos seus cabelos loiros, sua pele incrivelmente branca, seus olhos tão indomáveis e misteriosos. Era ela na sua maior glória, era para seus olhos bem desenhados que eu olhava sempre que ordenava a morte de alguém, almejando encontrá-la, antes que fosse tarde para me reencontrar, antes que estivesse tão destruído a ponto de não sentir nada.

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ઇઉ𝗜𝗻𝗱𝗼𝗺𝗮𝗱𝗮ઇઉ
Fiksi PenggemarIniciada: 07/09/2021 Finalizada:? ઇઉ Empresária. Bem sucedida. Linda. Características que descreveriam facilmente Lili Pauline Reinhart, como um anjo. Mas um pouco a fundo todos conhecem seu temperamento impulsivo, sua língua afiada e seu orgulho in...