As borboletas sempre me fascinaram, desde que vi que meu pai se dedicava dia após dia na garagem de nossa casa. Ele me contou que a borboleta tinha 4 fases e que só as 3 primeiras duravam cerca de 120 dias. Desde ovo, larva, casulo e por fim uma borboleta, ele sempre comparou nossa existência, nossos ciclos e fases com as dela, era sua grande paixão e se tornou a minha com o tempo.
Sinto falta dele. Todos os dias da minha vida. A todo momento. Ed Forbes me protegia de uma forma que só ele era capaz, ele me motivava, cuidava de mim, tentou tanto que eu não sentisse o desprezo de Amy, esse que encaro nesse momento a mesa de café, e ele a amava. Era um homem apaixonado por borboletas, pelas filhas, pela esposa, pela vida. Um infarto fulminante o levou e deixou saudades e lembranças. Muitas lembranças.
Me perguntava o que ele diria da minha situação atual. Desempregada, sem rumo ou destino, tentando inútilmente ir embora, com receio do homem que até semana passada trepava comigo.
– O dinheiro das suas férias eu vou precisar. – Amy sequer me deu bom dia.
– Bom dia. – Fiz questão de falar. – Para o quê?
– Isso não interessa, Lili.
– Claro que não. Mas, se você acha que pode pegar meu dinheiro e viajar sempre que te dá na cabeça, está enganada. – Comecei a me servir sem encará-la. Sabia que a humilhação que sairia de seus lábios a seguir me abalaria.
– Você é uma filha de merda.
– Que bom, você também é uma mãe de merda, estamos quites. – Dei de ombros bebericando meu café ao mesmo tempo que ela batia com força na mesa.
– Quem você acha que é, coisinha mesquinha e nojenta? – Ela quase sussurrou o apelido.
– A porra da dona do meu dinheiro. – Respondi firme. – Precisa de dinheiro? Trabalhe. Papai deixou uma herança que não vai durar para sempre.
Coloquei a xícara de café na mesa e a encarei arqueando uma sobrancelha. Seus lábios eram desenhados e as maçãs de sua bochecha, proeminentes, seus cabelos escuros como a noite, assim como seus olhos. Uma maquiagem cobria sua pele a essa hora da manhã, sem qualquer surpresa.
– Saia. – Ordenou impaciente. Quando criança ela fazia o mesmo, me obrigava a sair da mesa sem ter me alimentado direito apenas por sequer conseguir suportar minha presença, claro que perto do meu pai ela jamais fazia isso, tinha um esforço sobre humano de sua parte de parecer algo que ela nunca foi, pra ele.
– Até quando, Amy? – Me levantei firme. – Até quando você precisa fingir que gosta da sua filha? – Não espero que o veneno escorra por seus lábios, me viro saindo da cozinha e batendo no ombro de Tess que se aproximava.
– Bom dia meu amor. – Amy a saúda e uma parte de mim quebra.
Seja forte!
– Bom dia mamãe. Bom dia Lil. – Ela sorri e se senta onde eu estava momentos antes.
Sempre foi assim, o desprezo é nítido, é dolorido. Sempre houve uma guerra de quem magoava mais, eu sequer tive chances. Foi assim que me tornei desinteressada, indiferente, não quero ver, não quero sentir.
Estou sozinha.
Acho que meu corpo gosta de se torturar porque embora eu esteja indo em direção a saída decido virar e ver, ver em Tess o amor que Amy jamais me deu por motivos que nunca vou entender. E alí está, o rosto brilhando de felicidade, de amor puro e genuíno, e o de Tess, radiante, posso imaginar o quão feliz está e uma pontinha de inveja me atinge.
Algum dia serei amada nessa intensidade? Algum dia algo bom vai acontecer para mim?
Por hora decido ir a Two Coffee me resolver com Áron. É certo que o que aconteceu ontem foi ruim mas, isso não precisa prejudicar minha convivência com eles, tudo pode acabar amigavelmente para nós. Pelo menos eu queria que fosse assim.
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ઇઉ𝗜𝗻𝗱𝗼𝗺𝗮𝗱𝗮ઇઉ
Fiksi PenggemarIniciada: 07/09/2021 Finalizada:? ઇઉ Empresária. Bem sucedida. Linda. Características que descreveriam facilmente Lili Pauline Reinhart, como um anjo. Mas um pouco a fundo todos conhecem seu temperamento impulsivo, sua língua afiada e seu orgulho in...