Quando a vida resolve te mandar sinais, siga-os. Tente perceber as coisas ao seu redor mudar, tente enxergar nas entrelinhas, só é pego de surpresa quem não presta atenção nos sinais que a vida dá. E ela me deu todos os necessários, e eu ignorei.
Nunca fui uma mulher de muitos amigos, sempre contei-os a dedo e mal enchiam uma única mão, mesmo assim essa seletividade não me poupou da traição de Meredith bem no sofá da minha casa. Fazer amigos nunca foi meu ponto forte, por isso não consigo assimilar direito minha amizade com Jaymee, gêmeo de Àron, os donos do Coffee Snickers que eu frequentava religiosamente todos os dias.
Vai ver era por isso que Jaymee me convidava para encontros duplos (que eu sempre recusei), ou pelo fato do pau de Àron estar metido todo em minha boceta nesse momento enquanto me pressionava na parede fria do banheiro. Com Jaymee as coisas surgiram bem devagar, um café expresso todos os dias, em um ele me deu de brinde pela fidelidade, no outro me convidou para uma cerveja depois do trabalho, quando menos percebi, Jaymee me confidenciava o tamanho dos paus em que ele pegava, esse era nosso nível de intimidade.
Com Àron as coisas foram mais abruptas, tudo que eu sabia dele no início foi Jaymee quem contou, a namorada dele morreu em algum evento traumático e desde então ele nunca mais se envolveu com ninguém, até um dia estarmos nós dois á sós na cafeteria após o expediente dele e acabar rolando alí mesmo, em cima do balcão que outrora eu bebia café. Não foi premeditado, eu esperava Jaymee para uma noite em uma das boates gays que ele queria ir, mas não havia companhia. Era meu segredinho sujo com Àron, apesar de não transbordar de prazer e ocasionalmente hoje ele precisar cuspir na mão para umedecer o pau antes de metê-lo em minhas dobras quase secas demais para o ato, tudo que nós fazíamos tinha alguns breves segundos de alívio. Como um escape, enquanto ele se movimentava em mim, mesmo que eu não transbordasse de prazer, conseguia esvaziar minha mente e me concentrar apenas na dor que aquele atrito sem a lubrificação adequada resultava. Para Àron eu acreditava que fosse assim, ele saia fora do ar enquanto gozava, talvez na tentativa de esquecer que um dia teve uma namorada que faleceu em um acidente de carro que ele era o motorista.
– Tudo bem? – Perguntou assim que saiu de dentro de mim e eu arfei ainda recuperando o fôlego.
– Sim. – Essa era nossa interação, sem sentimentos, sem cobranças, era só sexo, uma forma de escapar das nossas próprias dores momentaneas.
Ele se virou se vestindo e eu fiz o mesmo, em silêncio.
– Àron. – Chamei assim que terminei, ele já havia saído do banheiro.
– Oi, aqui. – Chamou da cozinha e eu segui o som da sua voz até o cômodo. – Estou fazendo panquecas pra gente, você fica para comermos? – Aquilo era novo, não fazíamos nada juntos além de foder, sequer conversavamos além do mínimo.
Hesitei. Ele andava de um lado a outro da cozinha remexendo nos materiais, não corríamos risco de sermos pegos porque ele se certificou que a cafeteria estivesse fechada naquele horário, embora já devesse estar aberto.
– Acho melhor não. – Suspirei.
– Por que? Sem apetite?
– Porque eu não quero mesmo. – Fui direta esperando chegar onde eu queria naquele momento.
Embora o sexo com ele fosse bom, aquele caso já havia ido longe demais. Todas as vezes que passava por uma situação estressante, era no sexo de Àron que eu pensava, porque doía, dificilmente era prazeroso, dificilmente eu gozava e eu procurava aquilo como uma punição para meu corpo, uma forma de me odiar um pouquinho mais. Eu precisava ser forte e corajosa e enfrentar as coisas de agora em diante sem precisar do sexo para suportar, sem usá-lo como escape. Ele não sabia, mas aquela era nossa despedida.

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ઇઉ𝗜𝗻𝗱𝗼𝗺𝗮𝗱𝗮ઇઉ
FanfictionIniciada: 07/09/2021 Finalizada:? ઇઉ Empresária. Bem sucedida. Linda. Características que descreveriam facilmente Lili Pauline Reinhart, como um anjo. Mas um pouco a fundo todos conhecem seu temperamento impulsivo, sua língua afiada e seu orgulho in...