CAPÍTULO 3 - LILI REINHART

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LILI PAULINE REIHART 

Acredito que os maiores aprendizados que tive em minha vida, foi perdendo. Perdendo momentos, perdendo oportunidades, perdendo pessoas. Foi por pensar demais nos outros que eu me perdi. Após perder meu pai que eu aprendi de onde viria todo o amor que minha mãe sempre se negou a me dar: de mim.

Então aquele era mais um 29 de maio sem Ed Forbes para me abraçar.

Abrir os olhos nessa data doía tanto, de uma forma inexplicável, como se ele tivesse morrido ontem, não há 3 anos. A saudade era tanta que em minhas memórias ele aparecia de uma forma tão vivida, sempre estava tão feliz, e almejava desesperadamente abraçá-lo.

Por isso naquela manhã antes de sequer pisar os pés no chão eu me sentei em silêncio ouvindo os pássaros, apurando sons, deixando minha mente retornar a realidade e entender que papai não voltaria naquele dia, nem nunca. Que um infarto fulminante o tirou de nós, que seu corpo agora estava guardado a 7 palmos do chão, que suas coisas continuam entulhadas e intocadas na garagem de casa, nenhuma de nós nunca pisou lá, porque doía muito saber que ele não iria voltar.

Doía como naquele dia, em que completava 3 anos desde o seu último suspiro.

Meu pai e eu tínhamos uma ligação inexplicável, seja porque ele sempre tentou me dar amor em dobro pela ausência constante de Amy, seja porque eu era fascinada por sua maior paixão: borboletas. Ele me dava as asas que minha mãe fazia questão de podar, me dava energia, incentivo, Ed era uma pessoa extraordinária. Sempre foi.

Normalmente o luto ou aproxima as famílias ou as dissolve, e na minha, cada uma de nós escolheu viver o seu em seu próprio mundo. Tess sumia todo 29 de maio, sempre ficava com Vayola nessa data e não pisava os pés em casa, a caçula era a mais emotiva de nós três e por isso todo ano ela se ausentava do lugar que crescemos e carregava fortes lembranças do nosso pai.

Amy Reinhart por outro lado viajava nesta data, todos os anos, sem nunca nos contar o destino, nem mesmo se despedir. Recentemente enquanto mexia no seu notebook descobri sem querer que ela ia ao Texas todo 29 de maio, sequer imagino o motivo já que não tem família nem amigos por lá. De qualquer forma, tudo que sei atualmente sobre ela é Tess quem me conta porque não mantemos um diálogo básico,apenas convivemos sem invadir a vida uma da outra. E isso nunca, nem de longe ilustrava a relação de uma mãe de verdade com uma filha.

Nessa data, eu por outro lado visitava o túmulo dele, dirigia pela cidade, lia um livro, evitava permanecer em mim conscientemente da ideia que ele se foi, que não vai mais voltar, fica menos doloroso não pensar sobre.

Depois de finalmente me levantar, vesti um vestido solto que descia até os joelhos e coloquei um sobretudo que descia até seu cumprimento, não me dei ao trabalho de fazer uma produção no rosto naquele dia. Enquanto descia as escadas naquele dia, escutei vozes vindo da cozinha.

Curiosa e espantada me aproximei do cômodo encontrando Vayola, Tess, Meredith e um homem que não soube precisar quem era naquele momento. Eles conversavam animados e o que me intrigou foi ver que Tess estava alí, no dia 29 de maio daquele ano.

– Er, bom dia? – Falei um pouco confusa fazendo todos os olhos daquela cozinha se voltarem para mim.

– Bom dia – Tess se levantou animada e me deu um beijo na bochecha ao mesmo tempo que me puxava para sentar ao seu lado. – Esse é o Matt, que faz medicina, lembra que comentei? – Ela apontou pra ele.

– Uau, já enlaçando o novinho, Lili não perde tempo. – O comentário ácido de Meredith não passou despercebido.

– Que eu saiba não tem ninguém enlaçando ninguém e eu não sou tão novo assim. – Ele estendeu a mão por cima da mesa e sorriu. – Prazer, Lili.

ઇઉ𝗜𝗻𝗱𝗼𝗺𝗮𝗱𝗮ઇઉOnde histórias criam vida. Descubra agora