CAPÍTULO 5 - COLE SPROUSE

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Meu próprio pai me prendeu durante 1 ano em uma prisão. Não foi o suficiente ser torturado, ser obrigado a torturar, a matar, assistir enquanto ele assassinava minha mãe em minha frente, me enviar para aquele inferno fazia parte da iniciação.

E é quase inacreditável que eu tenha sobrevivido.

Quando se conhece apenas a dor, seu corpo, sua mente, sua alma, eles ficam entorpecidos, eles sabem que se operarem comumente eles vão quebrar. Eu sabia que se tomasse conhecimento das coisas sujas e nojentas que faziam nas celas ao redor, não haveria saída para mim. Cada um dos miseráveis dias que vivi lá, apanhando, passando fome, sede, fui reduzido a um prisioneiro qualquer, não para o que eu verdadeiramente era, o futuro Boss, o Capo.

Internamente meu coração sangrava, minha alma se partia, jamais diria em voz alta o quanto era perturbador ouvir os gritos de socorro. Jamais demonstraria o quanto tudo doía sequer lembrar, porque meu pai ficaria feliz e satisfeito em saber que me arruinou. E aí ele venceria. E em memória da alma que ele quebrou, despedaçou e transformou em cinzas, em memória a Anna Valenttina, enquanto eu viver, nunca vou dar a ele o gostinho da vitória, nunca vou perdoá-lo, nunca vou deixar que o legado que minha mãe deixou se apagar, nunca pela violência, nunca por esse submundo que eu aprendi a sobreviver.

Para sobreviver, aprendi a gostar.

E eu gostava de imaginar meu próprio pai na pele daqueles que eu torturava.

Por isso eu ainda continuava procurando por ela... O prazer que eu daria tudo para sentir assim que ele percebesse que eu a tinha. Que eu ganhei o jogo doentio que ele mesmo começou.

Mas eu não a tinha.

Sequer sabia se ela verdadeiramente existia. Assim que saí do poço ainda ponderei alguns meses se valia realmente ir atrás de uma mulher que vi em meus sonhos. Depois que percebi que Thony mesmo aposentado mantinha certa influência sobre minhas decisões eu sequer hesitei. Sufocado, precisava de liberdade, precisava feri-lo, precisava me rebelar ao homem que eu tinha nojo de chamar de pai.

Talvez o destino soubesse que isso tudo era um erro e bem por isso não a colocou em meu caminho. Carregava tantas culpas, tantas mortes, e se ela fosse só mais uma?

A frustração era algo que eu sempre soube lidar, Thony fez questão de me ensinar mas, mesmo assim, sentia vontade de destruir tudo em minha frente, porque embora eu fosse o homem mais influente do Estado, mais perigoso, uma legião de soldados sob meus comandos, eu tinha tudo, absolutamente tudo, mas não tinha ela. Sequer a conhecia. E eu odiava não estar sob esse controle.

Suspirei encarando os olhos verdes tão indomáveis que refletiam tantas coisas silenciosas e tomei uma decisão.

Porque era inútil continuar tentando, mobilizar o país atrás de um rosto, era no mínimo doentio. E eu nunca seria como meu pai. Morreria antes de me tornar remotamente parecido com aquele homem.

Esfreguei meu rosto ansioso, meu coração disparado no peito, a raiva e a decepção oscilavam, eu precisava deixá-la ir. Precisava desistir e seguir em frente. Precisava, mas não queria.

– Devon. – Chamei meu chefe de segurança que ficava disposto na porta do escritório. Ele entrou ainda segurando a maçaneta.

– Sim, senhor.

– Entrou em contato com as equipes de buscas hoje?

– 5 das 15 que o senhor contratou me responderam hoje, nenhuma pista até agora.

– Certo. – As palavras queimaram em minha boca. – Assim que as 10 últimas equipes entrarem em contato pode cancelar tudo, pare as buscas. Todas.

– S-senhor, tem certeza?

ઇઉ𝗜𝗻𝗱𝗼𝗺𝗮𝗱𝗮ઇઉOnde histórias criam vida. Descubra agora