CAPÍTULO 8 - LILI REINHART

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Sou metade da mulher que sempre sonhei em ser. A frieza ainda está aqui, assim como a impetuosidade mas, dessa vez eu tento não me afetar pelo desprezo que recebo de Amy, mesmo dando o mesmo para todos ao meu redor, me tornei facilmente abalável, vulnerável.

E eu odeio não ser a mulher que todos acreditam que eu seja.

O vento frio ricocheteia em meu rosto, meus cabelos longos e loiros bagunçam ao meu redor, certamente mais tarde terei problemas em domá-lo. O frio de Agosto começa a dar as caras na cidade, encaro-a daqui do alto, longe o suficiente para ninguém me encontrar, perto o suficiente para ver as luzes se acenderem ao entardecer. Distante de tudo o suficiente para me permitir sentir, para deixar a dor e a angústia me inundar.

Nesse momento, enquanto o sol encontra a linha do horizonte, fecho meus olhos e ergo meu rosto, um misto de sentimentos me deixa confusa, internamente sinto que algo vai acontecer, bom ou ruim, como um prenúncio. Como se toda essa merda estivesse prestes a mudar.

Como se eu fosse chegar em casa e minha mãe fosse me dar boa noite.

É tão patético pensar isso, que receber qualquer tipo de afeto da minha genitora pudesse significar alguma mudança em minha vida. Não vai mudar. O que quer que ela tenha bagunçado em minha cabeça, é irreversível. Serei pra sempre uma mulher quase completa. Quase tive a infância perfeita, quase tive a adolescência perfeita, quase me tornei a mulher que sonhei em ser quando era pequena. Minha vida sempre foi um quase.

Amy jamais vai mudar e eu sou incapaz de perdoá-la, de me perdoar por desejar tão intrinsecamente seu amor.

Abaixo minha cabeça, a respiração descompensada, o bolo em minha garganta é o sinal que preciso parar de me martirizar, parar de sentir porque é inútil tentar.

"Por favor... não aguento mais... Me envie alguma coisa... Qualquer coisa... quero ser feliz."

As palavras de Noah ecoam em minha cabeça, certeiras, como se fossem para mim. Em Envenenados, Noah se encontra tão perdido e sozinho e, quando ele pede...

É pensando nisso que decido ir embora. Comprar uma passagem sem ida e partir sem destino, sem despedidas, apenas ir. Porque se eu não partir eu vou me estilhaçar, de uma forma que nem mesmo eu saberei consertar.

Então eu me viro e entro em meu carro. Algo mudou em meu peito.

Quando ligo o carro e parto dalí, não sinto mais tantas emoções confusas, na verdade nem penso nisso.

Minha cabeça está na nova vida que eu almejo tanto, em um novo lugar. Longe o suficiente de todos que amo e de todos que me machucam.

***

Meus lábios estão pintados de um vermelho tão límpido quanto o sangue que corre em minha veia. Um vestido de corino está apertando minhas curvas deixando-as proeminentes, os seios saltam por cima do decote cavado, meus braços estão escondidos pelas mangas mas dos joelhos para baixo não tiveram a mesma sorte, serão severamente castigo com o frio, pelo menos do caminhos daqui até a festa de despedida de Vay. Minhas madeixas loiras escorrem lisos por minhas costas e maquiagem pesada me entrega uma imagem sensual, imponente, intocável, longe do alcance de qualquer um.

Assim que termino de passar o perfume e hidratantes nas partes de peles expostas respiro fundo vestindo a máscara de indiferença, pronta para olhar todos de cima de um pedestal que acabei de me colocar.

Aceitei ir a essa festa porque é despedida de Vayola, ela finalmente contou para o círculo íntimo de amigos seus planos e decidiu de última hora preparar uma "saída triunfal" segundo ela. Não disse a ela e nem a ninguém o que decidi mais cedo quando subi a serra e encarei Chicago de lá, por isso, faço dessa despedida a minha também, sabendo que em breve partirei sem deixar qualquer vestígio além do necessário para que saibam que estou bem.

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⏰ Última atualização: Nov 23, 2023 ⏰

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