Capítulo 9 - Paternal

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Notas: Aqui está o capítulo de hoje, queridos(as). Eu pretendia postar o capítulo antes, mas simplesmente ESQUECI disso, então peço desculpas desde já! Espero que gostem do capítulo :)

**Os erros de digitação serão corrigidos em breve!

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Amélia abriu os olhos vagarosamente, piscou algumas vezes e notou que estava em sua cama. A jovem sentou-se com calma e olhou ao redor, sentindo seu corpo bem mais leve que antes, apesar de ainda estar com uma sensação pequena de exaustão.

- Oh, finalmente você acordou – Vincenzo saiu de dentro de seu banheiro, com um sabonete líquido em mãos e as mangas da camisa social dobradas na altura do cotovelo. A menina esfregou os olhos e respirou fundo, tentando se situar – Não se esforce muito. Você desmaiou e está fraca. Eu não queria acordá-la, mas você precisa de um banho e não queríamos fazer isso enquanto estava dormindo.

A voz de Vincenzo era educada e calma demais. Amélia demorou alguns segundos para digerir e entender o que ele estava, de fato, dizendo. Seus olhos cresceram e, sem pensar duas vezes, a jovem puxou o corpo para fora da cama, disposta a sair dali, mas sentiu a mão firme do ruivo em seu braço e ele a encarou com os olhos frios e mais sérios, com um tom paternal da qual Amélia ainda não estava acostumada.

- Senhor, eu tive apenas um mal-estar – Declarou, forçando o braço para escapar das garras de Vincenzo – Eu não preciso de ajuda com um banho. Consigo fazer isso sozinha.

- Você desmaiou, Amélia – O ruivo repetiu, dando ênfase em "desmaiou" – Sabe o que isso significa? Que seu corpo chegou no limite e tudo aconteceu porque você é teimosa. Então irá sim receber ajuda no banho, afinal não quero que corra o risco de se machucar.

Amélia se remexeu incomodada e puxou o braço com mais força, se livrando do aperto de seu patrão, mas a quem ela queria enganar? De fato, ela estava se sentindo indisposta e, apesar de querer sair dali e virar as costas para Vincenzo, nem sequer tinha forças para isso. Tudo que a jovem fez foi soltar um suspiro frustrado e cruzar os braços sob o peito, demonstrando sua insatisfação com aquilo.

- Eu estou com frio – Reclamou, se encolhendo um pouco. O ruivo a encarou durante alguns segundos, pensando em diferentes formas de ajudar a jovem, sem assustá-la ou machucá-la – Será que dá pra me trazer um cobertor?

- Primeiro o banho, sim? Se sua febre baixar, poderá usar quantos cobertores quiser – Prometeu ele, com um tom carinhoso muito raro de se ouvir vindo de Vincenzo – Pedi para que Petra lhe ajudasse. Ela é mulher e acho que irá se sentir mais à vontade com ela.

Amélia soltou o ar dos pulmões com alívio, afinal estava com receio de Vincenzo se prestar a esse papel. Nem mesmo o seu pai biológico havia lhe dado banho alguma vez, então com certeza iria se sentir mais à vontade com a ajuda da babá de Alessia. Estava feliz pelo esforço do patrão em deixa-la mais confortável. Ele era um homem muito bruto na maior parte do tempo, mas a moça tinha o privilégio de conviver com esse lado mais "sentimental" do ruivo.

- Eu estarei por perto. Ainda não confio o suficiente em Petra, então se algo acontecer, grite por meu nome – Vincenzo aproximou-se da menina e depositou um beijo carinhoso em sua testa, fazendo a mesma se surpreender com o gesto. Ela encarou o ruivo durante alguns segundos e ele sorriu por míseros dois segundos, em seguida se afastou já sério e a babá de Alessia entrou no cômodo, com toalhas e roupas limpas em mãos.

Era uma mulher já de idade. Os cabelos eram pequenos e grisalhos. Petra carregava um sorriso gentil nos lábios e um olhar experiente, que de certa forma impunha respeito a quem quer que fosse. Vincenzo fez um leve movimento com a cabeça antes de lhes dar privacidade.

Petra não disse uma palavra sequer, apenas começou a despir a jovem e Amélia permitiu, afinal não estava com forças para discutir e pedir para que fizesse, ao menos isso, sozinha. A mulher segurou sua mão com suavidade e a guiou até o banheiro e o queixo de Amélia faltou cair com o que viu. A banheira estava cheia e alguns produtos estavam dispostos numa prateleira com rodinhas, de forma organizada. Um tapete havia sido colocado no pé da banheira e o cômodo cheirava a lavanda.

- Não acredito que Vincenzo fez tudo isso... – Comentou alto demais, fazendo Petra sorrir genuinamente e a colocar dentro da banheira com facilidade – Ai! A água está gelada!

- Você está com febre, senhorita – Finalmente a mulher disse alguma coisa, com uma voz suave – A água gelada irá ajudar com isso.

- Mas é ruim, de qualquer forma – Continuou a reclamar, enquanto abraçava ao próprio corpo, tentando se esquentar a todo custo.

Petra encheu as mãos de são e começou a lhe banhar, como se ela fosse uma criança pequena. A mulher parecia ter muita experiência em dar banhos em crianças pequenas¸ afinal seus movimentos eram cuidadosos, lentos e suaves. Amélia sentiu o corpo se acostumar com a temperatura da água e relaxou aos poucos, tentando não sentir tanta vergonha. Foram raras as vezes em que seu pai ou sua mãe haviam lhe banhado. Desde os três anos, Amélia já era ensinada a tomar banho sozinha, a se virar sozinha... ela fora obrigada a crescer cedo demais.

- Eu irei pegar um hidratante corporal – Disse a mulher, levantando-se – Lave os seus países baixos enquanto isso – Sugeriu, fazendo as bochechas de Amélia corar. A jovem apenas assentiu e observou a babá sair do cômodo e retornar segundos depois com um creme e uma toalha em mãos.

Em menos de dez minutos, Amélia viu-se com um pijama quente e confortável, uma meia rosa e forrada e seu corpo estava cheirando a babosa, ou melhor, aloe vera. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Vincenzo retornou ao quarto acompanhado de Alissa, que sorriu infantilmente e correu para subir na cama.

- Tudo bem por aqui? – O ruivo perguntou, vendo Petra estender a toalha no aquecedor.

- Tudo, senhor – Amélia respondeu, vendo-o se aproximar com um pequeno termômetro na mão esquerda.

Sem dizer nada, ergueu um dos braços da jovem e colocou o aparelho debaixo dele, depois o pressionou para baixo. Dois minutos depois, ouviu-se um pequeno apito e Vincenzo pegou o aparelho e verificou o resultado.

- Sua febre baixou. Isso é um bom sinal – Disse, suspirando de alívio. Estava temendo ter que mandar a menina para o médico – Deite-se. Irei preparar uma sopa e...

- O senhor vai preparar uma sopa? – A jovem lhe interrompeu com surpresa e ele a encarou com seriedade. Não gostava de ser interrompido e Amélia sabia muito bem disso – Desculpa...

- Como eu estava dizendo, irei preparar uma sopa e você irá toma-la, sem objeções – Avisou prontamente. Sopas para doentes não eram deliciosas e nenhum doente gostava. Mas eram necessárias.

- Sim senhor – Amélia respondeu, deitando-se na cama e puxando um dos cobertores para o corpo. Alessia se aconchegou ao seu lado, colocando o dedo na boca e fechando os olhos. A jovem trabalhadora sorriu e abraçou a pequena com um dos braços.

Vincenzo observou a cena em silêncio e esboçou um pequeno sorriso, carregado de sinceridade. Seus devaneios o levaram à sua infância, quando seu pai costumava observar ele e os irmãos brincando ou trocando qualquer tipo de carinho. O velho Ricci amava observar os filhos... o ruivo balançou a cabeça, voltando à realidade e afastando qualquer pensamento paternal demais. Amélia não era sua filha, apesar dele a considerar uma e Alessia apenas tinha o seu sobrenome. Aquela não era sua família e não seria... não enquanto o feitiço estivesse ativo.

O homem apagou a luz do quarto e encostou a porta, saindo dali juntamente a Petra.

- Suas filhas são uma graça, senhor – Elogiou a mulher e Vincenzo riu.

- Elas não são minhas filhas, Petra – Afirmou, descendo as escadas.

- Oh, não? – A mulher parecia surpresa agora – Por que Alessia se referiu ao senhor com pai", então?

A garota em minha portaOnde histórias criam vida. Descubra agora