Romance Improvável

Lágrimas

Cimu

Acordo meio desorientado, mas logo percebo onde estou e me deparo com Xiang me olhando e sorrindo, eu gosto desse sorrisinho.

- Por que você tá rindo?

- Osh, sua mãe não pode rir mais não?

- Minha mãe? Como assim?

- Cimu, acorda! - ele da uma pausa e então continua com uma tentativa de me imitar - Não, mãe. Sai daqui.

- Até que você se parecesse com ela, o branco do olho é igualzinho.

Xiang ri com aquela risada gostosa de ouvir.

Me levantei, coloquei o paletó e o sapato. Como já estava quase na hora de ir embora já fui saindo do quarto de Xiang e descendo as escadas enquanto conversávamos. Paramos no pé da escada e ficamos sentados nos degraus conversando.

- Pera, então você está me dizendo que fugiu de casa antes mesmo de saber se seus pais iam ou não aceitar sua sexualidade?

- Sim, eu sei, é idiota.

- Um pouco. Quando você falou que já tinha fugido de casa alguma vez, pensei que fosse num época de rebeldia e não isso. Eu estou profundamente decepcionado, eu pensei que você ainda tinha salvação dessa pose de bonzinho -diz ele fazendo uma cara de falso decepcionado.

- Vai se lascar, moleque. Eu era bem rebelde.

- Tãaaaao rebelde - debocha ele.

- Você me paga - digo e já começo a fazer cosquinha nele.

Estavamos assim, parecendo dois doidos quando os pais de Xiang entraram na casa. Paramos imediatamente, eles nos olharam mas pareceram nem nos notar, pois continuaram indo em direção a cozinha conversando sobre o mercado de ações.

- Sempre ocupados.

- Sinto muito.

- Relaxa, eu já nem ligo mais - ele faz uma pausa olha para o chão e depois para mim - Obrigada por estar aqui.

Eu gosto de estar com ele, eu provavelmente sou uma das poucas pessoas que pode dizer que se diverte no trabalho.

- Não precisa me agradecer, porque se for assim, eu também preciso agradecer, porque você torna meu trabalho divertido, pirralho.

Ele olha pra mim sorri e depois me xinga, nada de novo.

Saí da casa de Xiang e em 20 minutinhos já estava em casa, tomo um banho e deito, mas o sono não vem já que já tinha dormido na casa de Xiang. Tento ler, mas não estava me concentrando, então descido perturbar meu perturbador.

- Alô?

- Não consigo dormir, Shaofeng.

- E eu com isso?

- Para de ser babaca, vamos conversar.

- Ok, vamos conversar.

Conversamos por uns 30 minutos sobre a vida, o trabalho e o novo gatinho de Shaofeng, até que chegamos no assunto de Li Luo.

- Mano, quando você vai se confessar?

- Quando eu achar um padre.

- Vai se foder!

Uma das coisas que eu mais amo nesse mundo é irritar Shaofeng, qual seria a graça da vida sem esse perturbado.

- Relaxa futriqueiro, desde que começamos a fazer aqueles picnics acho que nos aproximamos mais, então eu a convidei para jantar amanhã. Pode falar. Eu sei que você está orgulhoso de mim.