Everybody thinks that we're dating

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Embora quisesse o anonimato anteriormente, Soobin se adaptou ao grupinho popular da escola. As cheerleaders o estimavam tal qual uma mascote, os brutamontes do futebol o cumprimentavam com soquinhos, mesmo os ricaços, cujos únicos traços de personalidade eram a abundância e a pomposidade, reconheciam sua existência medíocre na rodinha de conversa.

Quem olhasse de fora enxergaria sua ascensão com glamour, motivo de inveja, um rapaz sem nada de extraordinário além da aparência rebelde elevado ao topo da pirâmide social.

Todavia, na prática, ser o melhor amigo de Choi Yewon resumia todo o caráter de Soobin para aquela patotinha. Apesar dos sorrisos cordiais, mal lhe falavam. Aproveitavam-se de sua gentileza, mas não retribuíam. E, quando davam suas famigeradas festas ou marcavam saídas que virariam assunto na escola inteira pelas próximas semanas, poucos lembravam de chama-lo.

Sentia-se numa vida dupla, cativo num limbo entre os losers e os cool kids. Arranjo que em nada o incomodava — afinal, ele próprio era indiferente à indiferença dos colegas. Porém Yewon não compartilhava desta opinião, gostaria de vê-lo mais inserido em seu mundinho de futilidades juvenis. Talvez, por esta razão, insistisse tanto na ideia de colocá-lo no time de futebol americano.

— Falei com o Mingyu hoje — segredou ela, despejando uma cebola no prato de Soobin com discrição.

O menino prendeu um suspiro fadigado.

Kim Mingyu era o capitão, um rapaz robusto, mas camarada e, decerto, incapaz de operar milagres. Na verdade, o interesse de Soobin naquele esquema era ínfimo, tais quais as chances de recrutarem-no para o time. Ainda assim, buscando fingir expectativa em prol da amiga, levantou as sobrancelhas enquanto enchia a boca doutra garfada de carne, impedindo-se de falar algo que a decepcionaria.

— Ele explicou que só o técnico e o professor responsável pelo clube podem autorizar a entrada de alunos fora de temporada. — Sua expressão murchou. — Precisaríamos de uma carta de recomendação.

— Parece difícil.

Visivelmente desesperançada, ela acenou com a cabeça enquanto cutucava a salada no prato. Pensativa, arranhava a outra mão, afundando as unhas de acrílico na palma até irritar a pele, um péssimo hábito seu quando se agitava.

Atento, Soobin prendeu-lhe o punho, usando o polegar para acariciar o local avermelhado. Bastou para Yewon sobressaltar, desperta dos devaneios, e fita-lo mediante grandes olhos, brilhosos de timidez.

Ele sorriu, centrando toda brandura na voz para não agitá-la ainda mais ao dizer:

— Não acha melhor desistir?

Após ela recuar um pouco e sua fisionomia esmorecer, Soobin acrescentou:

— Não me entenda mal, sou muito grato por todo o seu esforço, mas não acho que mereço; não acho que eu valho a pena. — Arin tinha a negativa na ponta da língua, porém um aperto suave de Soobin fê-la calar. — Não me inscrevi no início do ano porque não quis. Infelizmente perdi a minha oportunidade. Mas, se é o que você quer, posso entrar em qualquer clube que ainda aceite membros.

Decorreu uma longa pausa.

— Qualquer clube...não serve... — ela murmurejou, quase inaudível.

Precisa ser o clube de futebol? Por que?

Yewon baixou o rosto, muito enrubescida. Abria e fechada a boca, de lábios trêmulos, sem nada falar.

Compreendendo que não haveria devolutiva, Soobin levou a mão ao seu queixo, ergueu-o delicadamente e aguardou que lhe dirigisse o olhar. O rosto do rapaz nada mostrava além de resignação e carinho.

Yewon's Brother • YeonBinOnde histórias criam vida. Descubra agora