Sneaking out through the window of her house

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O palpite de Soobin se comprovou na manhã seguinte: Yeonjun estava chateado com ele. À princípio cogitou ser o horário e o método usado por Yewon para acordá-lo, visto que, ao contrário dela, o gêmeo não era uma pessoa com hábitos especialmente matutinos.

Junto de YooA, entrou no quarto aos berros, e ambas pularam sobre o irmão dorminhoco. Todos riam enquanto ele grunhia, unindo-se ao coro feliz logo depois. Não se mostrou muito disposto com relação a Soobin, porém, mal o cumprimentando ou lhe dirigindo a palavra durante o café da manhã.

As meninas nada notaram de estranho, mas Yeonjun o ignorava sempre que tentava lhe chamar a atenção mediante gestos discretos. A hipótese de tê-lo desagradado nauseava o estômago de Soobin, e seu peito doía ao supor que os acontecimentos da noite precedente resultaram em catástrofe.

Já se perguntava onde errou e se haveria modo de reparar o estrago. Hesitara precisamente por receio de frustrar as expectativas do parceiro, fosse machucando-o, ofendendo-o ou desempenhando uma performance medíocre. Apesar das declarações de Yeonjun, será que ultrapassara os limites? Talvez, ao contrário, controlara-se demais?

É difícil traçar o limite quando as intenções da relação são desconhecidas.

O assunto monopolizava seu raciocínio desde o momento em que identificou aquela frialdade anormal no comportamento de Yeonjun. Precisava esclarecer a situação, todavia, gostaria de fazê-lo no privado, e estavam continuamente acompanhados de Yewon, YooA ou ambas.

Ocorreu-lhe a única oportunidade ao fim da tarde. No instante da despedida, Soobin fingiu esquecer um pertence no quarto zoneado. Negou o pronto auxílio da amiga, afinal, Yeonjun possuía a manha de se encontrar na própria bagunça. Subiram. E logo que fechou a porta, questionou:

— O que eu fiz de errado? — Planejou mostrar-se tranquilo, contudo, já suava em abundancia. — Me desculpa. Quero te compensar, a gente não precisa fazer mais nada. É só me falar que dou um jeito nisso tudo. A gente volta a ser amigo e finge que nada aconteceu.

Yeonjun empalideceu de imediato, no fundo das íris azeviche, geralmente cintilantes, reluziram culpa, constrangimento e inquietação.

— Não! — Tragou um bolo à altura da garganta. — Quero dizer, você não fez nada de errado, Soobin.

Bem como na noite anterior, chamou-o pelo nome de batismo; um conjunto de letras que não representava Soobin enquanto amigo dos gêmeos. Eles treinaram seus ouvidos, cada qual usando um apelido distinto, e suas vozes entoando qualquer outro chamativo equivalia à mãe trovejando seu nome todo quando prestes a dar-lhe um sermão.

— Então qual é o problema?

Relutante em falar-lhe e fita-lo nos olhos, Yeonjun aparentava encolher à sua frente.

— Não quero que me ache grudento. — Decorreu uma pausa tímida, na qual Soobin o encorajou a prosseguir. — Me deixa grilado a gente precisar de tanta cautela. Ontem, por exemplo, não dormimos juntos por causa da minha irmã. Sei que em alguns casos não tem remédio, mas raramente ficamos sozinhos, principalmente aqui em casa, e, quando ficamos, a gente precisa segurar a onda por causa dos outros. No fim, parece que eu sempre tenho que te dividir com alguém e que nunca passamos tempo de qualidade juntos.

Embora fosse uma queixa, a comichão que se instalou no peitoral de Soobin difundia uma eletricidade calorosa para o resto do corpo a cada palavra. Moveu as pontas dos dedos, antes rígidas, e tentou, com o mínimo de esforço, impedir de florescer um sorriso tolo, quase infantil, do tipo que despontava suas covinhas, exibia seus dentes avantajados e transformava seus olhos em duas meias-luas.

— Me desculpa — repetiu. O pedido menos grave, expresso num timbre risonho. Estava claro que não lamentava instigar em Yeonjun carência e ganância por ele.

Yewon's Brother • YeonBinOnde histórias criam vida. Descubra agora