Onde você estiver

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O dia havia sido cansativo para Helena, precisou correr para resolver as pendências que se criaram quando decidiu partir rumo a São Paulo com sua namorada.
Precisava contatar o síndico do condomínio e seus alunos, avisando que ficaria uma temporada fora e não poderia dar suas aulas  como de costume.

A busca por um outro personal para entrar em seu lugar temporariamente não havia sido algo difícil de se conseguir, já que contava com um de seus amigos para a cobrir caso algumas eventualidades surgissem. Então se prontificou em correr com todas essas questões para deixá-las resolvidas um quanto antes.

Após sua conversa com seu Montenegro, que além de síndico, também era um amigo e fora um de seus alunos, a mulher finalmente tirou o peso de suas costas e resolveu seguir seu caminho de volta para o apartamento que dividia com Clara e Rafael.

Estava cansada, sentia seu corpo pesado e tudo o que mais queria  naquele momento era tomar um banho e relaxar ao lado da namorada.
Pegou suas chaves na bolsa e abriu a porta, encontrando Clara sentada, absorta em seus pensamentos. Encarando a tela do computador a sua frente mas possivelmente sem enxergar absolutamente nada do que continha nele.

– Boa noite, meu amor – Helena desejou, colocando sua bolsa em cima do outro sofá, que era composto apenas por algumas almofadas ajeitadas de maneira estratégica e bem distribuída.

Clara estava perdida, sequer notou o momento em que as chaves balançaram e fizeram barulho, assim como não percebeu a porta se abrir e fechar.

– Oi, Helena. Chegou faz muito tempo? – desviou a atenção para a mulher que se aproximava, recebendo um beijo em sua cabeça assim que o contato fora selado.

– Eu acabei de chegar. O que você tava fazendo aí?

– Tava procurando algum apartamento pra gente ficar, mas tô indecisa. Nem sei por onde começar – soltou um muxoxo, largando o computador de lado e recostando sua cabeça nas costas do sofá de olhos fechados.

Helena viu a forma na qual a mulher estava aflita, não pela falta de sorte em achar um apartamento que a agradasse, mas sabia que alguma outra coisa martelava sua cabeça e a incomodava incessantemente.

– Eu posso te ajudar se você quiser, tudo bem?

– Só você mesmo pra me salvar sempre. Obrigada, tá? – segurou as mãos que a acalentava, beijando-as ternamente. Uma de cada vez.

– Bom, eu vou pegar uma taça de vinho pra gente. Acho que nós duas estamos precisando relaxar um pouco.

Weinberg então se retirou do lugar, caminhando em direção à adega que se encontrava na cozinha, escolhendo uma garrafa e pegando as duas taças.
As apoiou na bancada do cômodo, abrindo a bebida sem a menor dificuldade por conta do saca-rolhas moderno que a modelo adquiriu, e por fim, serviu-as.

Vinho era a bebida favorita de ambas. Sempre que tinham um tempo, gostavam de abrir uma garrafa e deixar a noite se desenrolar conforme sentiam seus corpos se tornarem mais desinibidos e calmos em decorrência da ingestão do mesmo.

— Aqui, amor – a personal estendeu sua mão entregando a taça para a namorada e se sentando ao seu lado do sofá.

— Hmmm, saúde – Clara então brindou os vidros, fazendo que o som se reverberasse no local.

— Saúde — respondeu levando a taça à boca e umedecendo os lábios com o líquido roxo.

A modelo estava tensa com a mudança temporária para São Paulo, era notável o quão ela queria ir, mas também o quanto seus medos em relação ao seu filho a faziam cogitar ficar.

Rafael era adulto, ela tinha plena ciência, mas por conta dos problemas do rapaz, sentia que se estivesse longe, não teria como controlar suas crises ou ao menos ajudar. Ela se preocupava até mais que o necessário.

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