Ciúmes

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Brazil, I'm devastated.
Mas gostaria de dar um adendo aqui, que quando eu li o que rolaria nessa cena no resumo, pareceu que seria algo raso, então eu resolvi escrever de uma forma mais profunda. Mas foi até que bem feito, teve mais de 1 minuto de cena. Posso ver a chuva caindo já
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O jantar com as amigas de Helena havia sido um fiasco total.
Eu sabia que alguma coisa ruim sairia de lá, e sabia ainda mais que, muito provavelmente, eu causaria isso. Meu nervosismo não foi em vão. Nunca é.

Passei a noite em claro revivendo a cena, sempre que fechava os olhos para me entregar ao sono que me consumia, minha mente viajava novamente de volta para a gafe que eu cometi.

Certo que eu não me considerava lésbica, mas pensando bem, eu não deveria ter falado daquela forma insensível. Eu com certeza não deveria ter dito que eu gostava de homens e que Helena era uma exceção. Foi um ato de desespero e eu vi nos olhos de todas - principalmente nos de Helena - o quão desconfortável foi aquilo. Me senti um peixe fora d'água, deslocada e desconfortável.

Talvez por ser um ambiente novo, pessoas novas em uma situação que eu não estou acostumada.

Eu me mexia na cama, para lá e para cá, incansavelmente. Queria a acordar para pedir desculpas, já que mal nos falamos quando chegamos em casa. Ela estava chateada comigo e não queria falar sobre o que aconteceu no momento, e pensando melhor, com razão. Mas não o fiz, incomodá-la era a última coisa a se fazer, então resolvi me levantar e ir para a varanda.

Me sentei lá fora com uma xícara de um chá que preparei rapidamente, a brisa do amanhecer batia contra meus cabelos bagunçados, arrepiando meus braços e pernas pela temperatura gélida.

Eu adoro observar o dia chegar, Helena e eu temos o costume de ficar sentadas aqui durante os fins de semana, com uma coberta nos aquecendo nos dias mais frios. Às vezes ela lê poemas para mim, coisas que gosta de escrever ou coisas que a fazem se lembrar de mim.

O sol se fazia presente, um pouco mais tarde que o normal por conta do inverno. Devia ser por volta de 06h20, o que significava que há poucos minutos, Helena acordaria para ir dar suas aulas como de costume.

Não queria que ela me visse aqui sozinha, não queria tornar as coisas mais estranhas do que elas já estavam, então assim que notei o céu clarear para um tom cinza, voltei para o quarto e me deitei ao seu lado, fitando seu rosto sereno que ainda descansava, na baixa luz do ambiente. Passei minha mão na pele macia de sua bochecha antes de fechar meus olhos e adormecer.

...

Quando abri os olhos e levei minha mão ao lado oposto da cama, senti o lençol vazio e frio. Ela já havia saído e provavelmente fazia algum tempo.

Estava mais claro lá fora, pude notar pelas persianas abertas, mas o céu ainda se encontrava acinzentado e sem graça.

Me senti perdida por um momento, o relógio que fica ao lado da cabeceira, em uma mesinha, estava sem pilhas. Parou às 03h02.

Meu celular por sua vez, desligado e sem bateria. Me xinguei em voz alta pelo esquecimento, me levantando apressada e caminhando até a cozinha para ver a hora no microondas.

Eram 08h04. Bom. Eu tinha tempo o suficiente para me arrumar e descer atrás de Helena para pedir desculpas, aquilo já estava me atormentando e eu não conseguia mais continuar guardando para mim.

O que eu vi no espelho não me agradou. Eu estava com olheiras visíveis demais em decorrência da noite mal dormida. Notavelmente abatida e exausta.

Não tenho o costume de usar maquiagem pela manhã, mas eu precisava, pelo menos um pouco para ficar mais apresentável e com uma aparência menos derrotada.

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