Dia dos Namorados

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Já eram seis da manhã daquela segunda-feira, quando o jato pousou em Goiânia. Elas estavam voltando de uma rotina de quatro shows seguidos e os pretendentes tinham viajado com elas.

Foram dias tensos para Maraisa que sentia-se angustiada e frustrada. Desde março, ela estava saindo com Fabrício e, no começo, até que foi bom, ela pensou que estivesse apaixonada. Ela não podia negar que ele fazia bem para ela, mas não era amor. Era mais uma necessidade de proteção.

Ela havia decidido que em 2023 arrumaria um amor e até mesmo se casaria. A primeira pessoa que viera a sua cabeça foi Fabrício. Seria tudo prático. Ele morava ali do lado da casa dela, ela não precisaria mudar sua rotina e tudo ficaria mais ou menos igual. O pedido dela foi que os dois mantivessem uma relação longe dos holofotes. Fabrício cumpriu o acordo, mas sempre dava um jeitinho de postar uma foto que indicasse para os fãs que eles estavam juntos.

No começo, tudo correu muito bem. Ela começou a se sentir segura e mais feliz. Gostava da presença dele, ele era engraçado, porém vez ou outra ele insistia para que ela o assumisse. Coisa que a irritava profundamente. Se eles dois sabiam para ela estava bom, mas para ele não.

Eles haviam tido uma discussão durante o voo na frente de todo mundo porque o Léo Dias havia postado um vídeo em que os dois subiam as escadas separados e os comentários foram implacáveis. Chamavam-o de velho, sem classe, acusavam-o de não ser cavalheiro.

Fabrício resolveu cobrar outra postura de Maraisa e resolvera fazer isso dentro do jatinho, nem esperou que eles chegassem em Goiânia. Maraisa ficou furiosa. Xingou-o de tudo quanto é nome e os dois não se falaram o resto da viagem.

Quando o avião pousou, ela desceu sem esperar por ele e já viu seu pai que esperava por elas. Não teve dúvidas: deixou Fabrício para trás e entrou no carro com a recomendação de que o pai tocasse o mais rápido possível para casa.

Sentia-se nervosa e angustiada. Queria poder chegar em seu quarto e se jogar na cama. 
Como o pai a conhecia bem, resolveu não fazer perguntas, o que para era era ótimo pois ela não tinha a mínima vontade de conversar.

Trinta minutos depois, seu pai estacionava o carro em frente a casa.
Ela deu um beijo rápido no rosto dele e entrou correndo em casa. Subiu as escadas, chegou até a porta do seu quarto e abriu-a dando um soco. Vislumbrou sua cama e jogou-se nela. Nem bem fechos os olhos e o seu celular vibrou. Ela não tinha a mínima vontade de ver o que era. Colocou-o no criado e virou-se na cama.

Quando tudo estava bem, Fabrício sempre chegava de viagem e ia para casa dela. Eles passavam parte do dia dormindo e depois ficavam vendo filmes ou conversando.

O celular vibrou mais uma vez e outra e mais outra.  A irritação dela foi aumentando. Ela tinha certeza absoluta de que era Fabrício. Pegou o celular e, realmente, havia duas mensagens do namorado e outras duas que chamaram sua atenção.

Abriu as mensagens e o que apareceu na sua tela foi a foto do seu amigo e antigo vizinho Fernando.
Passou os olhos pelas mensagens. Eram mensagens aparentemente despretensiosas. Basicamente, ele estava avisando que na próxima semana teria um compromisso em Goiânia e perguntava se ela estaria por lá porque ele queria passar para vê-la. Ela respondeu a mensagem dizendo que estaria de folga de segunda a quarta e que ficaria feliz em revê-lo.

Terminou de digitar e o celular vibrou na sua mão. Era Fabrício. Ela passou os olhos pela mensagem e só leu: dia dos namorados.
Ela tinha se esquecido completamente que era o dia dos namorados. É claro que Fabrício não iria deixar passar em branco. Com certeza, ele estava esperando por um super jantar romântico e ela nem presente havia comprado.

Visualizou a mensagem e não respondeu. Remexeu-se um pouco na cama e acabou adormecendo com o celular nas mãos.

Acordou assustada com batidas na porta e alguém chamando por seu nome. Não demorou muito a identificar que era sua irmã. Foi levantar-se para abrir a porta e acabou derrubando o celular no chão. Quando foi apanhá-lo, notou que havia milhares de ligações perdidas.

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