N/A: Olá, amores! Gostaria de agradecer mais uma vez por todos os votos e comentários. Vocês são maravilhosos! Sugiro que vocês leiam esse capítulo ouvindo a música ''Not About Angels'' da Birdy. Vou deixar anexado nas mídias. Amo vocês e boa leitura!! <3
Harry's POV
Eu o observo dormindo.
Estar ali parado olhando para ele daquele jeito pela segunda vez faz com que cada parte de mim desmorone uma, duas, três milhões de vezes.
Seu rosto calmo e sua expressão serena encobre toda a dor que está sentindo. Isso não é justo. Ele não merece tanta dor. E quem merece, afinal? Somos todos marionetes nesse mundo caótico, apenas torcendo para que nenhuma tragédia aconteça em nossas vidas. Mas nem todos temos a mesma sorte.
Eu podia observa-lo dormindo assim por dias, mas eu sabia que uma hora ele acordaria e sua paz se transformaria em sofrimento. Bastava ele abrir os olhos para seu mundo ganhar foco. E infelizmente no mundo onde nós vivemos não vale a pena ficar acordado o tempo inteiro.
Tentei segura-lo quando percebi seu corpo ficando cada vez mais fraco na minha frente. Por sorte impedi que sua cabeça batesse no chão. Doutor Dan chamou algumas enfermeiras que se encarregaram de leva-lo para uma sala no primeiro andar, onde aplicaram alguns remédios e fizeram alguns exames nele. Louis se apagou completamente com a quantidade de medicamentos, mas segundo o médico que estava de plantão ele poderia acordar a qualquer momento nas próximas horas.
Sua mãe já estava a caminho, embora tivessem dito que ele não estava aqui sozinho. Se referiram a mim como um amigo. Amigo. Não sei exatamente o que somos ainda, mas certamente somos muito mais do que isso.
Me aproximo de sua cama e seguro sua mão. Ele parece frio. Me abaixo com cuidado e dou um beijo em sua testa. Quando me afasto posso jurar que o vi sorrir, mas talvez seja coisa da minha cabeça.
Minhas mãos estão tremulas e em minha mente tudo o que vejo é escuridão. Mas, quando penso nele, é como se uma luz tentasse me guiar para longe dali. Mas eu não consigo. Por mais que eu tente, não consigo me livrar das sombras.
Sento ao lado de sua cama, pensando no que direi quando ele acordar. Sei que ele ficará confuso. Não sei exatamente o que ele ouviu do outro lado da porta, pois nem eu mesmo me lembro o que eu disse. Mas de fato foi algo muito forte para te-lo feito desmaiar.
Começo a me perguntar se ele ficará bravo comigo, ou se terá medo de olhar para mim. Tento tirar esses pensamentos ruins da minha cabeça, mas há sempre outro pensamento ruim para ocupar seu lugar.
Me levanto e começo a andar em círculos. O que eu direi a ele? Sinto que ainda não estou pronto. Penso na mensagem que Gemma deixou para mim, e sei que não conseguirei fazer isso sem a ajuda dele. Mas eu não posso arrasta-lo para o local dos seus pesadelos. Não antes de arrumar uma maneira de faze-lo superar. Mas como conseguirei fazer isso, quando passo a maior parte do tempo me punindo por toda a dor que eu senti?
Olho para seu rosto mais uma vez e me pergunto com o que ele estaria sonhando. Talvez com nada, pois esses remédios costumam deixar nossa mente nebulosa. Já passei por isso muitas e muitas vezes. Mas parte de mim deseja que ele esteja sonhando comigo. Não sei ao certo o por que, mas quando olho para ele sinto como se ainda houvesse uma chance de ser feliz.
Louis é como um raio de sol. Pode te cegar se olhar diretamente para ele, mas ao mesmo tempo é capaz de iluminar tudo a sua volta. Te fazendo enxergar as coisas além do que elas realmente são, e quando estou ao seu lado sinto que não estou perdido.
De repente, sei exatamente o que devo fazer.
Pego um papel e uma caneta na mesinha ao lado da porta, me sento de volta na cadeira ao seu lado e faço aquilo que Gemma jamais faria. Mas eu não sou a minha irmã. Eu ainda estou aqui, e ainda tenho algo importante para fazer.
Querido Louis,
Finalmente estou escrevendo minha primeira carta para você.
Não sei como te dizer isso, e para ser sincero ainda não estou preparado para lhe contar tudo. Quero que saiba que nada disso é sua culpa. Entenda que sou uma pessoa completamente infeliz, e arrumei uma maneira incomum para lidar com o meu próprio sofrimento. Sei que você é a única pessoa capaz de me compreender.
Antes de tudo, saiba que sua irmãzinha salvou a minha vida. Eu planejava cometer suicídio naquele dia. Passei naquele parque sem saber ao certo o por que, e quando a vi naquele balanço senti algo crescer dentro de mim. Algo parecido como a vontade de continuar vivendo. Talvez fossem seus grandes olhos azuis e toda a inocência que eles transmitiam. Ela me encarou por um tempo, tempo suficiente para que algo dentro de mim dissesse que aquela decisão não era a saída para o meu labirinto de sofrimento. E foi pouco depois que eu me afastei dali, depois que eu sorri para ela e ela sorriu de volta para mim. Foi quando ouvi os gritos, e logo voltei correndo diretamente para onde ela estava. Sei que você sabe o resto dessa história. Sei que você deve revive-la dia após dia, noite após noite. Toda vez que olha para algum porta-retrato ou quando olha para o rosto de suas irmãs mais novas. Toda vez que algum familiar vai visita-lo ou no olhar de algum conhecido na rua. Sei que você revive a morte dela a cada instante. Pois ao contrário do que muitos pensam, as pessoas que amamos não morrem apenas uma vez. Elas continuam morrendo a cada dia. Elas continuam desaparecendo por mais que tentamos procura-las. Elas vão embora, mas ao mesmo tempo continuam ali. Sei o quanto isso pode ser perturbador. Todos os dias eu ainda espero que a minha irmã vá entrar pela porta da frente e dizer que só havia tirado umas férias nesses últimos oito anos. E eu iria perdoa-la por isso. Eu iria perdoa-la porque a amo. Eu iria perdoa-la porque faria de tudo para te-la de volta, mesmo depois de tudo.
Na realidade eu já a perdoei há muito tempo, mas não posso dizer o mesmo sobre ela. Não tenho como perguntar.
Louis, eu posso sentir o medo que você carrega. Posso sentir toda a dor por trás do seu sorriso. Eu posso ouvir o choro por trás da sua risada, e ver todas as lágrimas que já escorreram pelo seu belo rosto. Eu posso imaginar seus pesadelos e a sua luta para conviver com a dor que não vai embora.
Mas, Louis, também posso ver a sua coragem. Ela transborda de seu corpo toda vez que eu lhe toco. Posso senti-la toda vez que você suspira. Posso senti-la quando nos beijamos. E, por Deus, eu faria de tudo para ser corajoso como você. Mas você deve entender que eu não sou, Louis. Eu sou apenas o que restou do sofrimento, e tudo o que eu mais quero é que você não se torne igual a mim. Eu quero que você pegue essa coragem e leve-a para cada centímetro de seu coração. Convide-a para um passeio e conte a ela o quanto você necessita que ela permaneça ao seu lado. Diga o quanto você precisa dela para que seu coração continue batendo. Só me prometa que nunca deixará que ela vá embora.
Não sei como lhe explicar isso, mas quando você entrelaça sua mão na minha é como se todos os fios que haviam se quebrado dentro de mim voltassem a ser inteiros. Você é o meu raio de sol. Quando olho diretamente para você eu fico cego, pois você leva toda a dor para longe. E é da dor que venho me alimentando durante todos esses anos. Quando estou ao seu lado enxergo as coisas de uma maneira diferente, pois só você consegue afastar toda a escuridão que me cerca. E quando olho para você tudo o que posso ver é um céu azul. Posso até sentir a brisa de uma tarde de verão encostando na minha pele. Ao seu lado eu me sinto vivo. E tudo o que eu queria era poder fazer o mesmo por você. Mas sei que você não precisa de mim para lhe dar forças, e sim para lembra-lo de que você já as possuí.
Mas eu preciso de você, Louis. Eu preciso de você como uma âncora precisa de sua corda, como um barco depende de sua bússola. Sei que já cometi mil erros na minha vida, mas não posso deixar que você vá embora. Esse seria o maior deles. Eu vou lutar por você, Louis. Só por favor, prometa que não me deixará sozinho.
H.
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Haunted Sundays
FanfictionQuando uma tragédia acontece, a única maneira de conviver com a dor é buscar uma estratégia dentro de si mesmo. Para Louis era assim que acontecia: todos os domingos serviam como uma forma de punição para lembra-lo da culpa que lhe consumia. Até que...