Eu não poderia ir.
Aquilo estava mais do que claro para mim, por mais que eu amasse a minha mãe e quisesse fazer de tudo para deixa-la feliz.
Amassei o papel e o joguei em um canto qualquer da sala antes de subir para o meu quarto e me jogar na cama.
Encarei o teto por cerca de uma hora até conseguir pegar no sono - o que eu não deveria ter feito se soubesse o que aconteceria durante.
Pesadelos não eram tão constantes, por mais que minha mente fosse perturbada. Eu geralmente não sonhava com nada, exceto coisas que não faziam sentido e eu já não me lembrava mais na manhã seguinte.
Só que dessa vez foi diferente.
Eu estava em um parque que eu jamais havia visto.
Flores cresciam na grama verde e o ar parecia fresco e agradável como em uma tarde de primavera. Meus pés estavam descalços e eu usava uma blusa sem mangas. Um pavor começou a tomar conta de mim e tentei encolher meus braços junto ao corpo, enquanto tentava identificar onde eu estava.
O céu possuía um tom de azul diferente, como se tivesse sido pintado com lápis de cor.
Alguém puxou a parte de trás da minha blusa e me virei imediatamente, sentindo um choque percorrer todo o meu corpo quando eu a vi.
Ela estava usando um vestido azul e suas sapatilhas cor de rosa - exatamente como da última vez.
Lottie sorriu para mim com um olhar triste, como o olhar de reprovação que ela me dava quando eu recusava seu pedido para brincar de boneca.
- Eu estou morto? - perguntei aquilo como se eu não tivesse controle da minha própria voz.
O sorriso de Lottie logo desapareceu, mas ela segurou minha mão com força e eu podia jurar que realmente estava sentindo seu toque.
- Ele vai te ajudar. - seus olhos espertos analizaram os cortes nos meus pulsos que já não pareciam tão profundos.
- Quem? - eu perguntei, como se aquela fosse a última informação que eu receberia na vida.
- Aquele que lamentou pela minha morte.
Lottie largou a minha mão e pude sentir meu corpo clamando para ter minha irmãzinha por perto uma última vez.
Eu continuei calado sem saber o que dizer e completamente confuso com as suas palavras.
- Faça o que a mamãe pedir. - ela piscou para mim antes de virar as costas e sair correndo, desaparecendo em meio às flores.
Eu tentei segui-la mas meu corpo não se movia.
Tentei gritar mas tudo o que eu via era sua trança loira balançando enquanto ela corria, até que meu campo de visão não fosse mais capaz de enxerga-la.
Acordei com um salto, praticamente caindo pela beirada da cama. Olhei para o relógio na cabeceira que marcava 4 horas da manhã. Minha cabeça doía e minhas pernas estavam dormentes.
Decidi andar um pouco tentando fazer silêncio para não acordar ninguém.
Desci até a cozinha e tomei um copo de água, e depois de pensar em silêncio por cinco minutos resolvi ir até a sala para procurar algo que eu havia jogado horas mais cedo.
Achei o panfleto do grupo de apoio amassado ao lado do sofá e o coloquei no bolso.
Seja o que tenha acontecido nesse sonho havia sido real demais para ser apenas fruto da minha imaginação.
Eu estava prestes a voltar para o quarto quando vi uma sombra pequenina descendo as escadas com olhos amendontrados, segurando um ursinho de pelúcia nos braços. Fizzy.
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Haunted Sundays
FanficQuando uma tragédia acontece, a única maneira de conviver com a dor é buscar uma estratégia dentro de si mesmo. Para Louis era assim que acontecia: todos os domingos serviam como uma forma de punição para lembra-lo da culpa que lhe consumia. Até que...