Louis' POV
A sala era branca com cortinas azuis.
O lugar tinha um cheiro de canela tão forte que fazia meu nariz coçar. Sentei no pequeno sofá desconfortável, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
Por que eu estava chorando? Aquilo não deveria estar acontecendo. Eu nunca chorava nos dias felizes.
A cena toda com Harry lá fora havia acontecido há 5 minutos, mas meu cérebro ainda não era capaz de processar tudo aquilo. Fiquei sentado, imóvel, ouvindo enquanto o Doutor Dan fazia perguntas que eu jamais chegaria a responder.
Mamãe olhava para mim com uma expressão preocupada, pois ela sabia que Harry era meu amigo. Bom, pelo menos foi isso que ele disse quando tocou a campainha da minha casa.
Os minutos se passaram como se fossem horas, e continuei encarando as mangas do meu casaco. Eu já não tinha mais controle das lágrimas que escorriam pelo meu rosto aquela altura, e minha única vontade era sair logo dali e usar meu telefone.
Eu precisava ligar para ele.
Mamãe passou todos as minhas fichas antigas e prescrições de medicamentos, enquanto eu continuava encarando meus sapatos.
As primeiras consultas eram todas iguais: toda a minha ficha hospitalar passando para as mãos de mais um otário que tentaria achar a cura para mim.
É isso o que as pessoas esperam quando procuram um psicólogo. Elas esperam achar a raiz do problema, aquilo que as levará a ter uma vida completa e normal novamente. Mesmo que seja a base de remédios ou terapias idiotas toda a semana.
As pessoas se enganam ao ponto de considerar isso como vida. Mas, para mim, não havia nada nessa sala que pudesse trazer de volta aquilo que um dia eu já tive.
Nenhum medicamento poderia ser capaz de me curar.
Dan parecia diferente dos outros psicólogos. Ele não tinha um olhar frio e calculado, tentando averiguar toda a minha vida. Ele nem sequer parecia direcionar o olhar para mim, como se estivesse esperando que eu tomasse uma atitude de dizer alguma coisa. Mas isso nunca acontecia.
Mamãe conversou amigavelmente com ele e depois de um tempo ele passou uma lista de exames. Eu queria perguntar para ele o que havia acontecido, o motivo que havia feito Harry gritar daquela maneira e ser retirado da sala.
Meu peito doía enquanto todo o tipo de pensamento se passava pela minha cabeça.
Harry não parecia ser o tipo de garoto que frequenta consultas com psicólogos. Harry não se parecia com o garoto que havia sido carregado para fora dessa sala.
Antes que alguém pudesse me impedir eu levantei e saí correndo.
Para onde exatamente eu não sabia, mas minha mente dizia que eu precisava encontrá-lo.
Me senti como um idiota por ter perdido 15 minutos tentando decidir o que fazer. Eu deveria te-lo seguido imediatamente.
Corri na direção do corredor onde as enfermeiras haviam o levado, e acabei dando de cara com duas portas. Meu coração estava praticamente saindo pela minha boca, mas algo me dizia que aquilo era o certo a se fazer.
Peguei meu telefone no bolso da calça e disquei seu número rapidamente. Depois de chamar duas vezes resolvi afasta-lo do ouvido, tentando perceber se eu conseguia ouvir algum som.
Eu estava certo.
Um barulho baixinho, como o toque suave de um piano, vinha de dentro da sala esquerda.
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Haunted Sundays
FanfictionQuando uma tragédia acontece, a única maneira de conviver com a dor é buscar uma estratégia dentro de si mesmo. Para Louis era assim que acontecia: todos os domingos serviam como uma forma de punição para lembra-lo da culpa que lhe consumia. Até que...