capítulo 2.2: afraid

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NATALIE ROSTOVA.

Há um tempo atrás, finalmente entendi porque Megan vivia fazendo corridas matinais.

Meu coração bate forte contra meus ouvidos enquanto corro. Minha respiração está acelerada e minhas pernas doem, mas eu continuo correndo na mesma velocidade, ignorando a pontada em meu peito. Minha visão está embaçada pelo cansaço, e por poucos minutos, minha mente está vazia e enevoada. Quando sinto que estou prestes a desmaiar, desacelero meus passos e paro.

Respiro fundo diversas vezes tentando recobrar o fôlego e minha cabeça lateja. Olho ao redor do parque parcialmente lotado, vendo pessoas caminhando, passeando com cachorros, indo pra algum lugar. Me pergunto o que está acontecendo em suas vidas, se eles estão tão ferrados quanto eu. Provavelmente não. Meu caso é bem específico.

O sol está forte e brilhante hoje, mas de alguma forma, me sinto perdida em uma escuridão infinita, sem saber pra onde ir ou o que fazer.

Limpo um pouco do suor do meu rosto e volto a caminhar, dessa vez de volta pro meu prédio. Algumas pessoas sorriem e acenam pra mim, mas não estou com energia pra retribuir.

Ainda é meio cedo, e eu não consegui dormir desde que me desentendi com Jason. Passei a noite remoendo suas palavras, pensando em Megan e no quanto nossa vida nunca deixa de ser um show de horror, e depois pensando em Maddox e na burrada que fizemos. São muitas coisas pra processar, e minha mente não para um segundo sequer.

Minha irmã está viva. Minha irmãzinha, que passou a vida inteira me protegendo e foi arrancada de mim brutalmente no momento que eu mais precisava dela. Passei anos sendo assombrada, sem conseguir seguir em frente e quase enlouqueci. Vim pra Weston hills, e tudo que consegui foi uma lista infinita de traumas.

Tudo por nada. Não significou nada.

E dois anos atrás, talvez Jason estivesse certo sobre o que disse ontem à noite. Eu realmente não tinha nenhum controle sobre minhas emoções, e agia de forma impulsiva o tempo todo. Mas dois anos é muito tempo, e eu não sou mais a mesma mulher.

Eu sabia o que estava fazendo quando chamei Maddox pra subir. Sabia o que estava fazendo quando deixei ele se aproximar, e com certeza sabia o que estava fazendo quando o beijei. Não foi algo impulsivo que me deixou arrependida depois. Eu estava no controle total de tudo. Mas quando estávamos ofegantes e desnorteados na minha cama e ele me encarou com uma expressão suave, eu soube que não devia ter deixado acontecer. Ele ainda me ama, e não vai saber separar as coisas.

Rio sozinha enquanto a realidade ridícula me atinge. Maddox é quem não vai saber segurar suas emoções e vai complicar tudo, enquanto eu estou tranquila e nenhum pouco prestes a surtar. Apesar de ainda ter sentimentos por ele, eu não deixo mais que isso tome conta de mim.

Paro na barraca de Rosita e sorrio pra senhorinha. Seus cabelos já estão quase todos brancos, mas o sorriso dela continua o mesmo de sempre.

— Bom dia, Rosita. Como você está?

— Natalie! Que bom te ver por aqui. Fazendo visitas fora de época?

Suspiro pesadamente.

— Algo assim. Preciso de uns dez churros pra sobreviver ao dia de hoje.

Ela me encara com seus olhos gentis enquanto embala os churros frescos e cheirosos. Meu estômago ronca.

— Seu namorado passou mais cedo aqui. — Meu coração gela e eu a encaro enquanto ela fala sem parar. — Ele está tão bonito! Aquele cabelo cortadinho caiu bem demais no rosto dele. Ele continua o mesmo galanteador de sempre, me encheu de elogios. Vocês devem estar super felizes, né?

Countdown #3 (atualizações quando dá)Onde histórias criam vida. Descubra agora